𝟎𝟐𝟏. 𝗉𝗋𝗈𝗍𝖾𝖼𝗍𝗂𝗈𝗇

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𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐕𝐈𝐍𝐓𝐄 𝐄 𝐔𝐌
𝗉𝗋𝗈𝗍𝖾𝖼̧𝖺̃𝗈

𝐆𝐑𝐈𝐓𝐎𝐒 𝐄𝐂𝐎𝐀𝐕𝐀𝐌 o quarto, as vozes sumindo aos poucos, dando lugar aos ecos, que faziam os pelos dos braços de June se arrepiarem

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𝐆𝐑𝐈𝐓𝐎𝐒 𝐄𝐂𝐎𝐀𝐕𝐀𝐌 o quarto, as vozes sumindo aos poucos, dando lugar aos ecos, que faziam os pelos dos braços de June se arrepiarem. Ela reconhecia esse grito, sabia de quem pertencia, sabia que ele a aterrorizava, a fazia temer tudo.

Os pelos de sua nuca se levantaram, ela foi para a parede mais próxima, se sentindo encurralada, não queria que a machucasse, não queria sangrar.

Seus passos eram lentos enquanto tentava ser silenciosa, chegando mais e mais próxima do concreto atrás de si.

Quando ouviu outro grito, um mais alto dessa vez, a fazendo pular de susto, olhar para a escuridão a sua frente, vendo nada a não ser preto.

As sombras a abraçavam, sussurrando promessas de a proteger, sussurrando palavras, ecoando gritos.

June cobriu as orelhas com as suas mãos, fechando os olhos com força, tentando espantar tudo que estava a sua frente.

Dava para ser ouvido o som de uma porta rangendo, o barulho de insetos escalando o teto, dava para sentir a umidade do ar, a frieza do ambiente, os sapatos de June batendo no chão.

Tic. Tac.

Sua cabeça girava de confusão, sentia a parede gelada em suas costas, seus dedos formigando em uma sensação desconhecida.

June sentiu sua própria sombra a sufocar, seu sistema nervoso gritando para fugir, mas congelando no lugar. Agora era claro de quem era os gritos, era dela, ela gritava tão alto que ecoava em todo o espaço.

Uma mão fria encostou em seu antebraço, com carinho, diferente de como estava acostumada, ela de forma hesitante olhou para cima lentamente.

Olhos azuis, cinzas, como de uma tempestade, a encontravam, um cacho preto caindo sobre um deles. E o sussurro "Vou te proteger".

Seu coração acalmou, as batidas mais lentas, sua palma da mão não mais grudada em seu ouvido, sua sombra não mais ou seu redor.

Jane ofegou ao acordar do que parecia uma mistura de um sonho e pesadelo, sua respiração rápida ao se lembrar daqueles olhos que a assombravam mesmo em seus sonhos.

Olhou para o relógio ao lado e viu que ainda era madrugada, tinha tempo para voltar a dormir.

Fechou os olhos novamente, tentando encontrar o sono, mas aquele mesmo rosto, as mesmas palavras, continuavam voltando.

Desistindo, se sentou, pegando seu colar na escrivaninha ao lado, e o encarou por um momento, o quanto esse colar era especial, o quanto ela queria que não fosse.

Se levantou, colocando um moletom da Corvinal, com o colar no bolso, e saiu do dormitório devagar, sem pressa, sem fugir.

Deixou que seus pés a guiassem pelo castelo, não tendo um lugar específico em mente para ir, queria apenas ver as estrelas e sentir o sono aparecendo em sua mente novamente.

Saiu em uma espécie de jardim, um pequeno, onde tinha apenas uma árvore no meio, com uma fonte ao lado, era fechado nas paredes mas com céu aberto, assim conseguindo encarar o céu.

June se deitou na grama, a mão grudada no colar, não querendo largar. Seus olhos se mexendo enquanto observava as estrelas, seus pensamentos se esvaindo, e finalmente conseguindo relaxar.

Aos poucos, sentiu suas bochechas úmidas, e percebeu que estava chorando.

As lágrimas se intensificaram e ela começou a soluçar, abraçou seus joelhos e se permitiu sentir, seja lá o que isso significava para a mesma.

O barulho dos pássaros no telhado era possível de ouvir, parecendo não se incomodar pela crise de choro da menina.

Vou te proteger.

Vou te proteger.

Ouvia isso em sua mente, com a voz dele, mexendo com sua linha de raciocínio, não entendia o porquê estava tão presa a ele.

- Lilah - sussurrou surpreso o menino, aparecendo das sombras, fazendo June se levantar rapidamente e dar um passo para trás - Sou eu, Regulus - explicou ele e ela sentiu seus ombros relaxarem.

- O que... o que está fazendo aqui? - fungou, passando a mão por suas bochechas, tentando esconder o choro.

- Eu não consegui dormir - admitiu baixinho e deu alguns passos em sua direção, vendo suas bochechas e olhos ligeiramente vermelhos - Você está chorando?

June negou com a cabeça, e deu mais um passo para trás, como se criar uma distância fosse a proteger das palavras do Black.

- Lilah.. - falou com uma voz suave, sua mão indo de encontro ao seu braço, seu dedão fazendo carinhos circulares, com intenção de a acalmar.

- Eu- - não conseguiu falar, sentiu sua garganta entalada olhando para seu toque carinhoso.

Regulus, então, desistiu de a tentar falar, puxou seu braço um pouco, em uma posição que seus corpos estavam separados por apenas alguns centímetros.

Sua mão subiu, indo de encontro com seu ombro e descendo para o cotovelo, repetindo esse movimento algumas vezes, observando a respiração de June.

A menina foi se acalmando aos poucos, seu cabelo ficando em seus olhos, já que estava olhando para baixo, tentando focar em não chorar em sua frente.

Regulus colocou o dedo debaixo de seu queixo, subindo sua cabeça para encontrar com seus olhos, examinando seu olhar, uma permissão quieta para descobrir se estava bem.

June apenas acenou levemente com a cabeça, seu gesto parecendo nulo para alguém que não estava a analisando, mas não para ele.

Ele a soltou, dando um passo para trás, não antes de segurar seu olhar por uns segundos, e a garota quase reclamou da falta de seu toque.

- Eu entendo - ele disse apenas, e Delilah assentiu.

- Dói para sempre? - sussurrou ela, como uma criança curiosa.

- Eu acho que sim - olhou para baixo por um segundo, seus olhos transmitindo tristeza.

A menina bocejou, e ele rapidamente virou sua cabeça para ela ao ouvir o barulho, seus olhos brilhando levemente ao perceber o quão fofo pensava que Lilah bocejando era.

- Eu acho que vou - comentou, meio constrangida.

- Eu também - sorriu de canto, tentando não parecer desesperado.

A menina segurou em seu colar com mais força, e o deu um meio sorriso, ao que ele retribuiu, não sem antes de erguer a mão, querendo a tocar novamente, mas com medo, abaixou.

June gostaria que ele a tocasse, então se aproximou um passo, mostrando que era seguro.

Regulus levantou sua mão até seu rosto, colocou um fio atrás da orelha, ajeitando a bagunça de seus fios, e deixou seus dedos fazerem um carinho leve em sua bochecha por um milésimo de segundo.

June limpou a garganta e fechou os olhos, esperando a sensação de fogo que a consumia apagasse. E quando os abriu novamente, ele não estava mais lá.

𝐋𝐈𝐊𝐄 𝐀 𝐒𝐓𝐑𝐀𝐍𝐆𝐄𝐑 ʳᵉᵍᵘˡᵘˢ ᵇˡᵃᶜᵏOnde histórias criam vida. Descubra agora