𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝐃𝐎𝐙𝐄
𝗀𝖺𝗋𝗈𝗍𝗈 𝖾𝗆 𝗆𝗂𝗇𝗁𝖺 𝗏𝗂𝗓𝗂𝗇𝗁𝖺𝗇𝖼̧𝖺𝐀 𝐕𝐈𝐃𝐀 𝐃𝐄 𝐉𝐔𝐍𝐄, sempre fora sem sal, assim por dizer. Uma menina animada, pais rabugentos, o que poderia dar errado?!
Sua consciência sempre foi além do que enxergava, via as crianças brincando na rua, e como não podia brincar junto, as analisava, como um passatempo.
Procurando algo estranho dentre elas, algo diferente, peculiar, que deixaria a Harris intrigada, só para sair do tédio.
Mas essa sua pequena brincadeira se tornou um pouco mais séria com o passar dos anos, ao ponto que vivia sua vida observando crianças.
Seus pais não ligavam, então não a impediam.
A garota não havia ninguém a não ser ela mesma, ela praticamente poderia dizer que se ensinou a falar e a andar.
Mas então, chegou esse garoto, em sua vizinhança, que a deixava curiosa, querendo saber por mais o tempo inteiro.
Simplesmente porque ele era de outra cidade, não era do interior, conhecia mais pessoas, mais lugares.
E como uma menina que sempre sonhou em sair de sua casa, aquilo era a estrela mais brilhante no céu.
Sua mente viajava o dia inteiro, olhando para ele de sua janela com atenção, sempre atenta a qualquer detalhe.
Um dia, ele sofreu um acidente de carro. Sangue voou para todo lado e June gritou em choque, aterrorizada com o fato de que ela poderia ter presenciado uma provável morte de um menino que conhecia a meses, ele não a conhecia, mas isso não importava.
Saiu correndo de seu quarto para chamar seus pais, que como sempre, quase dormiram ao escutar a voz da menina. Tirando pelo fato quando seu pai a bateu por gritar demais.
June ficou tremendo de medo por muitos dias, sempre em sua janela procurando sinal de vida do menino, que ele apareceria de muleta ou cadeira de rodas.
Mas nada. Semanas e nada.
Sua esperança aumentou em um singelo dia quando viu o carro dos pais do garoto saindo da garagem, o que ela tinha achado que havia mofado.
Mas ficou curiosa atoa, eram apenas caixas de mudança. Os pais do menino iriam se mudar, sem ele.
E tudo que June viu foi preto, culpa, tristeza, a corroendo de dentro para fora.
Sua mente gritava que poderia ter feito algo, corrido até a rua, ou ela mesma ter chamado a ambulância, ou polícia, ou corpo de bombeiros, não importava, mas ela conseguia ter chamado.
Seu humor decaiu muito nesse dia, e nos dias seguintes, nas semanas seguintes.
E a partir daí, decidiu nunca mais bisbilhotar sua janela, nunca mais bisbilhotar alguém. Viver a vida de outra pessoa em sua cabeça, porque a sua era entediante demais.
Era isso que ela se disse, por muitos anos, prometeu até.
Mas agora se encontrava seguindo um certo Black igual o menino de sua infância, a mesma obsessão, mas a diferença? Que dessa vez ele a conhecia.
Era agonizante o quanto Regulus ficava em sua mente, era no melhor, desconfortável. Isso a assustava, a deixava estranha com ela mesma, sempre ele em sua cabeça.
— June! — gritou Malia do meio do corredor, fazendo a Harris se assustar e sair de seus pensamentos — Me ajuda! — pediu ela encostando na amiga.
— O.. o que? — perguntou confusa — O que aconteceu, Malia? — a olhou preocupada.
— Eu mexi com quem não deveria — falou sem respirar de medo.
— Quem? — perguntou séria.
— Eu não sei porque... — falou colocando a mão na cabeça — Eu acho que tentei me encaixar, me desculpa, por favor — pediu com os olhos cheios de lágrimas.
— Me responde, quem? — estreitou seus olhos com medo da resposta.
— Eu não sei o que eu tava na cabeça, só sei que tudo desmoronou e agora não sei o que fazer — falou desesperada sentindo suas mãos tremerem.
— Malia! — gritou June a fazendo olhar para a amiga.
— Eu falei com Bellatrix Lastrange — sussurrou olhando para o chão.
— Por que? — perguntou se sentindo ofendida.
— Meus pais, sabe, me falaram para me socializar, com os puro-sangue, não quis sabe, pensei em você e tudo mais, mas desde que você se afastou, eu surtei — respirou fundo — Fiquei com muita raiva de você, de tudo que falou e que não falou, eu só pensei que iria ficar mais feliz e não iria prejudicar ninguém...
— Vem cá — puxou June para um armário de vassouras — Quem vai ser prejudicado?
— Aí é que está, eu falei com os sonserinos, certo? — a olhou tensa — Me falaram que só conseguiria ser do grupo deles se me tornasse uma... — engoliu em seco — comensal — sussurrou e June quase gritou ali mesmo — Então eu pensei, vou falar com a Bellatrix, e vou fingir interesse, e aí eles vão me aceitar mas nunca vou virar uma.. você sabe — colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha — Mas ela me disse que tinha um teste pra esse tipo de coisa, um teste onde ninguém passava, a não ser sonserinos, eu ri, e falei que passaria, mas agora praticamente a sonserina inteira está atrás de mim, acho que eles vão me prender em uma cadeira e lançar feitiços em mim — riu desesperada.
— E você pensou que eu, uma sangue-ruim, poderia te ajudar? — bufou — O que você quer que eu faça, Malia? Morra? — falou cruzando os braços.
— Eu não sei, eu só.. preciso de ajuda, e você é a única pessoa que eu confio no momento — respirou fundo.
— Pensei que tinha outros amigos — deu de ombros.
— Não são amigos com quem possa contar — a olhou com ternura.
— Não acredito que você resolveu me colocar nessa bagunça, não vou virar uma comensal, Malia — riu — Nem me aceitariam! — jogou as mãos para o ar.
— Eu tenho um plano perfeito, e por isso que preciso de você, e eu sinto muito, por tudo, por isso, mas preciso de você — a olhou séria.
— Está bem, mas se você me der uma única dúvida de qual lado você está, sou eu que farei feitiços em você, e não duvide da minha inteligência, o chapéu seletor me mandou para a Corvinal, afinal — sorriu sarcástica.
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𝐋𝐈𝐊𝐄 𝐀 𝐒𝐓𝐑𝐀𝐍𝐆𝐄𝐑 ʳᵉᵍᵘˡᵘˢ ᵇˡᵃᶜᵏ
Fantasia─── ❝ Você é só um estranho ❞ 𝐉𝐔𝐍𝐄 𝐃𝐄𝐋𝐈𝐋𝐀𝐇 𝐇𝐀𝐑𝐑𝐈𝐒, uma corvina qualquer, a menina havia passado sua vida inteira sem realmente ter amigos, só conhecidos. Sua família não era de se considerar pessoas amorosas, acabou que...