─── ❝ Você é só um estranho ❞
𝐉𝐔𝐍𝐄 𝐃𝐄𝐋𝐈𝐋𝐀𝐇 𝐇𝐀𝐑𝐑𝐈𝐒, uma corvina qualquer, a menina havia passado sua vida inteira sem realmente ter amigos, só conhecidos.
Sua família não era de se considerar pessoas amorosas, acabou que...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
𝐅𝐈𝐍𝐀𝐋𝐌𝐄𝐍𝐓𝐄 𝐄𝐑𝐀 𝐎 𝐃𝐈𝐀 de sua graduação, era o seu último dia em Hogwarts, afinal, na manhã seguinte já se mudaria dali, ficando em um quarto em Hogsmade em troca de limpar a loja, pelo menos até achar um lugar para a mesma.
Todos se encontravam reunidos no Salão Grande, todos esperando saber qual foi a casa ganhadora das taças naquele ano.
E os do último ano, como ela, só queriam sair dali, e acabar logo com isso, parar de ouvir os gritos dos primeiranistas.
Ela olhou para a frente, vendo os professores comendo, e pensou que ser professor deveria ser muito triste, lidando com todo tipo de bruxo, especialmente se você for nascida trouxa igual a ela.
Ela olhou para a mesa da sonserina, vendo Regulus e sorrindo levemente para o menino, vendo ele dar uma piscada de um olho só para ela.
E quando virou sua cabeça para a mesa da corvinal novamente, viu Malia a encarando, e em vez de desviar o olhar, continuou a encarando.
June franziu as sobrancelhas, um pouco triste e raiva misturados dentro de si, e olhou para o lado, tentando ignorar que seu olhar a queimava, como se quisesse gritar alguma coisa.
E quando menos esperava, Malia pegou seu pulso com força, e começou a arrastar para o lado de fora do Salão, ignorando os protestos de June para a largar, e ignorando sua força ao tentar impedir de não ser puxada.
Ela olhou para Regulus por uns segundos, pedindo ajuda com os olhos, e o menino arregalou os olhos, e antes que pudesse fazer qualquer coisa, as portas se fecharam, com June e Malia do lado de fora, não conseguindo entrar mais nem se quisessem.
— Que porra é essa? — gritou June, com raiva, puxando seu pulso com força de sua mão.
— Eu precisava falar com você antes de ir embora —, respirou fundo.
— A gente divide um dormitório sua maluca! — falou com raiva, seu rosto vermelho — Não pensou que poderia ter falado comigo lá?
— Você não iria querer falar comigo — disse, fechando os lábios em uma linha reta.
— Por que será, né?! — revirou os olhos — Agora por culpa sua vamos perder a graduação e a cerimônia das taças das casas — olhou para a menina irritada.
— Quem liga? — jogou seus braços para o alto — Falar com você é mais importante, não sei se nos veremos depois disso — fechou suas mãos em punhos.
— Se depender de mim, nunca mais olharei em seu rosto — franziu o nariz em raiva.
Os olhos de Malia encheram de água em sua frase, e June cambaleou levemente para trás, não esperando a menina mostrar emoções dessa forma, não fazia sentido.
A cabeça de June girava para tentar entender o que estava acontecendo mas tudo que seu cérebro gritava era para ter cuidado porque ela a queria morta.
— Então? O que queria falar? — disse fria, cruzando os braços.
— Eu- — gaguejou — Eu precisava te falar que eu não estou brava com você — falou, levando suas mãos em direção a June mas a menina deu um passo para trás.
— Bom eu estou — falou irritada — E muito — seus olhos transmitiam todas as emoções que sentia naquele momento, fazendo Malia estremecer.
— June... — falou — Não era a minha intenção te deixar chateada — sussurrou, triste.
— Não era a sua intenção? — respondeu irônica — Claro que não, como sempre, Malia é perfeita — cuspiu suas palavras.
— Eu não sou perfeita! — gritou, ficando chateada com suas palavras, e ignorou a voz em sua cabeça que dizia que não importa o tanto que tentava ser, nunca seria.
— Eu não ligo! — gritou de volta — Você não se importa com ninguém sem ser você mesma!
— Você não quer dizer isso, June — falou, engolindo lágrimas que queriam sair — Você não quer falar isso para mim pela última vez.
— Última vez — riu chateada — Aposto que do jeito que é, faria alguma coisa para tentar me perseguir — olhou para o lado.
— É — sussurrou, triste — Talvez, mas dessa vez não vou, não posso — Falou tão baixo as últimas palavras que June quase não escutou.
— Não pode? — a questionou, curiosa — Qual o problema? Mamãe e Papai ficaram com raiva sua? — falou mesmo querendo retirar tudo que disse.
E antes que Malia pudesse responder, ouviram gritos vindo do Salão Grande, aparentemente anunciaram qual casa ganhou, e June riu amargamente.
— Acho que perdemos — disse, passando a língua dentro de sua bochecha — Culpa sua — repetiu.
— Que seja, June! Me escuta por um segundo! Eu não vou ver você nunca mais! — falou desesperada, tentando fazer a menina a ouvir e entender.
— Eu não ligo — disse fria.
— Mas eu sim! Eu ligo! — suas mãos foram de encontro a sua testa, tentando se acalmar.
Nesse movimento, a manga de seu braço desceu e June viu por um segundo uma coisa preta, e num ato impulsivo, pegou o pulso de Malia rapidamente, o virando para cima, puxando sua manga para baixo.
E o que encontrou fez seu coração parar de bater, era a marca. Lilah encarava os desenhos de cobras, que só um comensal deveria ter, não Malia, não sua Malia.
Malia era um comensal da morte.
— June eu posso explicar — andou para perto dela, mas Lilah rapidamente se afastou, como se sua presença queimasse.
Sua garganta fechou, ela não conseguia ouvir mais nada, não conseguia respirar.
Malia era um comensal, Malia era um comensal, Malia era um comensal. Sua melhor amiga era um comensal, sua amiga desde o primeiro ano era um comensal. A Malia que sabe tudo sobre ela era um comensal, sua melhor amiga que era amiga de uma nascida trouxa era um comensal.
E antes que as duas conseguissem conversar mais, as portas se abriram, e todos os estudantes saíram em massa, gritando "Sonserina" múltiplas vezes.
Ela olhou para Malia no meio da multidão, tudo que ouvia era a casa que sua amiga deveria ter sido.
— Sonserina! Sonserina! — gritavam os alunos.
Mas June não conseguia desviar o olhar, querendo chorar. Que irônico, pensou, a Sonserina ganhou.