─── ❝ Você é só um estranho ❞
𝐉𝐔𝐍𝐄 𝐃𝐄𝐋𝐈𝐋𝐀𝐇 𝐇𝐀𝐑𝐑𝐈𝐒, uma corvina qualquer, a menina havia passado sua vida inteira sem realmente ter amigos, só conhecidos.
Sua família não era de se considerar pessoas amorosas, acabou que...
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𝐎 𝐃𝐈𝐀 𝐃𝐀 𝐀𝐔𝐋𝐀 havia chegado, e mesmo que fosse menos de uma semana, pareceu uma eternidade para June, que precisava lidar constantemente com seus pensamentos em poções.
Mas ela chegou antes na torre, não realmente esperando que Regulus fosse aparecer, mas só para testar sua teoria.
Deixou suas coisas no chão e foi para perto da grade, olhando para baixo, sentindo um pequeno frio na barriga, pela enorme altura.
Ela rapidamente pulou pela grade, ficando na beirada, conseguindo praticamente ver o vento batendo em si.
O chão lá de baixo parecia que estava a chamando, chamando para pular, só por alguns segundos, só para sentir o gosto. E sentia falta da adrenalina correndo por suas veias, sentia falta da velocidade que seu coração batia, conseguindo o sentir na bochecha.
E como se não fosse ela dona do próprio corpo, colocou um pé para frente, mesmo com suas mãos grudadas na grade, como se gritassem para não pular.
Mas aquilo não adiantou de nada, e quando percebeu, já estava caindo a vários metros por hora. Não sabendo como parar, e não querendo parar, simplesmente fechou os olhos.
O ar agora parecia mais agressivo, cortando suas bochechas, e seu coração batia tão rápido que pensou que iria ter um ataque cardíaco.
Era como se finalmente estivesse viva, finalmente estivesse respirando o ar que estava mantendo seu cérebro funcionando, finalmente tudo fazia sentido, tudo havia se encaixado.
Mas antes de suas mãos ao menos encostarem no chão, sentiu um puxão em seu corpo, a fazendo subir para cima.
— Você está louca? — Gritou Regulus com a varinha na mão a prendendo presa no chão.
— Tenho meus motivos — Sorriu marota mas Regulus franziu o cenho.
— E quais são? — A olhou sério.
— Só te conto um segredo meu se contar um seu — Falou brincando com os lábios ainda sentindo seu coração bater rápido.
— Você é completamente maluca! — June franziu a boca, como se estivesse decepcionada. Mas na verdade o efeito tinha passado, e agora todo humor que tinha foi embora. E tudo que queria era pular de novo. Só para sentir ao menos alguma coisa.
— Vamos logo — Falou friamente.
— Você é suicida ou coisa assim? — Gritou ainda chocado com a situação.
— Ou coisa assim — Riu fraco — Agora me tire desse feitiço — Pediu calmamente e o Black negou com a cabeça.
— Me fale o porquê você pulou primeiro — A olhou nos olhos.
— Queria sentir adrenalina — E de repente aquele olhar sério do menino se tornou triste, como se entendesse completamente o que ela estava passando.
— Você está certa, vamos logo — A tirou do feitiço.
— Ainda me deve um segredo seu — O olhou travessa.
— Uma pena que não vou contar — Abriu seu livro — Agora vamos logo — Sorriu falso.
Pelas próximas horas, ninguém falou nada, os dois com medo de desencadearem uma conversa que não teria volta depois que começassem. Eram só dois alunos estudando poções calados, mas June se irritou, se pediu ajuda para estudar, por que ficaria calada sendo que poderia fazer isso sozinha? Então ela agiu.
— Chega — Falou fechando o livro do menino em sua cara — Ou você realmente me ajuda ou sai daqui — O olhou séria.
— Ok — Disse surpreendendo ambos — O que quer saber?
— Quero saber seu segredo — Olhou para baixo — Um segredo bom.
— E o que te faz pensar que eu contaria um? — Brincou com seus anéis.
E realmente June não fazia a menor ideia do porquê ele a contaria um, então ficou calada, pensando também o porquê que queria saber um segredo seu, o porquê estava tão interessada.
Mas tudo que ele pensava era June caindo, a imagem não saia de sua cabeça, como se fosse um filme antigo que repassava as mesmas cenas. E ele não entendeu como uma garota sangue-ruim da corvinal conseguiria ser tão enigmática, o fazendo ter vontade de descobrir seus mistérios.
— Somos iguais, você e eu — Falou June chutando em sua resposta — Não tivemos amor dos nossos pais e não sabemos amar — Piscou disfarçando sua tristeza.
— E o que você sabe sobre o amor? — Disse dando ênfase em você já entrando na defensiva.
— Touché — Riu.
— Parece que sou um livro aberto — Deu de ombros.
— Isso é o que você quer que todo mundo ache — O olhou.
— Talvez seja o que sou — Tentou encerrar o assunto começando a guardar suas coisas por irritação.
— Somos iguais, você e eu — Repetiu — Se eu quero que todo mundo ache que sou um livro aberto, você também quer — Deu de ombros olhando para o Black organizando seu material.
— E quem disse que concordo com isso? — Se levantou, prestes á sair.
— Simples, até agora você não falou que discorda —Virou as costas, de forma que dissesse que não gostaria de vê-lo saindo e nem falando.
E Regulus saiu atordoado, pensando ainda em como June tinha se jogado de uma sacada por adrenalina, e em como ela estava certa o tempo todo.
Realmente eram iguais, e isso o assustava, que talvez isso iria fazer alguém entrar em sua vida. E ele não sabia se estava preparado para lidar com seus sentimentos, para se abrir para alguém, para si abrir para si mesmo.
Já June permanecia olhando para o chão, vidrada, desesperada para pular novamente, querendo sentir. E acabou que sem pensar, lágrimas escorreram por sua bochecha. A fazendo franzir o cenho confusa, sentindo o molhado em seus dedos.
Mas as gotas não paravam, escorriam e percorriam de seus olhos até o último ponto de sua clavícula. Era como se tivessem vida própria, se manifestando para dizer alguma coisa.
Mas tudo que June entendeu com isso, era que havia sentimentos dentro dela, gritando para sair, e ela sabia que iriam explodir uma hora.
E como Regulus, os dois só esperariam pelo último segundo, para caso a bomba explodisse, estariam lá para cobrir a explosão, cobrir o caos, mesmo que isso os despedaçariam.