Capítulo Três

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Kingsley

Chegamos — aviso ao nos sentar em uma das cadeiras de espera da enfermaria. A placa que fica na recepção nos avisa que estão atendendo um paciente e que por consequência devemos esperar até sermos chamados.

A desconhecida coloca a cabeça em meu ombro e começa a balbuciar palavras que eu não consigo entender.

— Vo-você é muiiiiiito cherioso. — Ela diz ao fungar no meu pescoço.

— Eu sou o quê? — Digo ao conter a risada.

Essa situação toda é engraçada demais. Na mesma manhã que descubro que fui "traído" eu dou uma bolada em uma desconhecida bonita e que me acha cheiroso.

— Você é muito cheiroso. — Diz o ao tirar a cabeça do meu ombro. — Acho que. A minha. Cabeça. Vai. Explodir.

Ela fala muito pausadamente, como se eu fosse uma criança que não consegue entender sua língua. E talvez eu realmente tenha me tornado uma criança, porque quando nossos olhos se encontram eu me sinto quando ganhei no meu aniversário de cinco anos uma bola de futebol americano autografada pelo Joe Montana.
Sinto algo que nunca senti na vida ao olhar nos olhos dessa garota.

— Você é lindo.

— Qual seu nome? — Dizemos ao mesmo tempo.

Ao ouvir que ela me acha lindo sinto duas coisas. A primeira é minhas bochechas corando. Repito sinto minhas bochechas corando, e eu nunca, nunca senti isso na minha vida, muito menos por causa de uma garota. A segunda é, eu tenho a impressão de que se não fosse por essa bolada ela nunca teria coragem de me chamar de cheiroso e bonito no mesmo dia.

— Eleanor. Como a diplomata. — Ela diz e eu só consigo pensar em como esse nome combina com ela e como seus olhos, de um castanho tão escuro que chega a ser quase preto, são lindos e possuem uma sombra de tristeza que parece que esteve lá durante sua vida toda.

— Como a diplomata? — Repito sem entender o que isso significa.

— Sim, Eleanor Roosevelt. Minha mãe colocou esse nome em mim porque segundo ela pessoas com nome de alguém que foi importante e influente um dia faz com que você cresça na vida. — A morena complementa. Sua fala está bem mais clara agora e acho que os efeitos da pancada estão se dissipando.

— Bom, é uma teoria legal. Sua mãe escolheu muito bem esse nome. Ele combina com você e também é muito lindo, que nem a dona. — Digo a fitando e achando a coisa mais linda do mundo quando sua pele marrom clara recebe um tom de vermelho claro, que a deixa mais linda ainda.

— Qual seu nome e porque você me atacou?

— Primeiro, eu não te ataquei, isso foi um completo acidente. Você estava no local errado e na hora errada. Segundo, meu nome é Kingsley, mas você pode me chamar de King. — Após eu dizer essa última parte Eleanor faz uma careta meio de dor e meio de graça.

— King... Acho que a teoria da minha mãe está certa. Você parece um rei. — Ela dize me olhando de cima abaixo e suas bochechas adquirem um tom mais vermelho ainda.

— É, acho que você ainda está sob os efeitos da minha bolada.

A morena cai na gargalhada após minhas últimas palavras proferidas, e só aí eu noto o duplo sentido nelas.

— Eu não quis dizes, isso. — Passo as mãos pelos cabelos — Isso soou meio sexual e estranho.

Sua careta se intensifica e ela fecha os olhos.

— Sua cabeça ainda dói? Acho que o atendimento do paciente que ainda está lá dentro deve estar acabando. Você quer que eu vá lá checar quando tempo ainda falta?

— Sim, minha cabeça ainda parece que vai explodir e eu ainda vejo dois do seu lindo rosto, e não, você não precisa ir checar. Eu só preciso deitar um pouquinho que essa dor já vai passar. — Ela diz ao se inclinar e deitar no meu colo.

— Hmm que quentinho. — Eleanor murmura esfregando a cabeça na minha perna, se aproximando de um lugar nada bom para nenhum de nós.

— Ei, ei. — Chamo sua atenção — Você pode se deitar aqui, mas não se meche muito, por favor.

— Por que eu não posso me mexer? É tão bom, parece um travesseiro fofinho e quentinho — Quase caio na gargalhada ao ouvir isso, mas seguro a risada. Acredito que se fizer mais movimentos sua cabeça pode doer mais.

— Se você se mexer pode encostar em um lugar não tão legal. — Digo colocando minha mão em seu cabelo, sentindo o quão sedoso os fios ondulados são.

— Ahhh isso bem aí. — Ela geme e tudo isso é quase demais para mim. — Sua mão no meu couro cabeludo faz a dor parar. Você pode continuar?

Eleanor pergunta tímida e eu continuo acariciando sua cabeça. Ela continua soltando alguns resmungos que são muito gostoso e difíceis para mim, mas pelo menos parou de se mexer.

— Ei, Ellie, você não pode dormir. — Digo após um tempo.

— Por que não? Aqui está tãoo gostoso.

— Não sei explicar o porque, mas se você dorme depois de levar uma pancada na cabeça pode dar muito ruim.

— Mas eu quero dormir um pouco, sua perna está me chamando para o sono.

— Se você não dormir te pago um lanche depois. — Digo segurando a risada.

— Tá bom. — Ela diz a contra gosto, mas não tenta dormir novamente.

Passo mais uns dez minutos acariciando seus cabelos até que a doutora nos chama. Eu a chamo e ela levanta, um pouco brava porque não a deixei dormir.

————————

Ao chegarmos no consultório a doutora pergunta o que aconteceu e eu lhe conto toda a história. Ela diz que Eleanor teve uma concussão, mas que vai ficar bem e só precisa de um bom repouso.

Após encerrarmos a consulta o contato de emergência dela, sua amiga Morana, é chamado e ambas vão para casa.

Acho estranho uma amiga fazer esse papel e não seu pai ou mãe, mas deixo para lá, já que isso não é da minha conta.

Durante meu caminho para o vestiário, na intenção de pegar uma outra blusa, já que Ellie ficou com a minha, eu não paro de pensar na garota e em como ela era linda, em como eu faria de tudo para estar em sua presença novamente e conversar com ela nem que fosse por alguns minutos.




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