Capítulo Dezoito

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Eleanor

Já se passaram alguns dias desde que King me deixou em casa.

O que eu não esperava encontrar era meu padrasto e minha mãe, ambos chegaram mais cedo do que o planejado.  O resultado disso foi ele vendo eu chegando com King e me deixando com alguns hematomas no rosto, pescoço e braços.

Devido às marcas roxas profundas e raivosas tive que desmarcar com ele e também ficar alguns dias em casa.

Kingsley queria me ver de todo o jeito mas disse a ele que estava com um resfriado muito forte e que ele poderia se contaminar e isso faria com que eu não fosse até a festa com ele, e eu quero muito ir nessa festa.

Durante os dias que eu fiquei em casa Jonathan não saiu do quarto, segundo Elora ele se sente muito culpado pelo que fez. Sempre eu penso se ela realmente acredita nisso ou finge acreditar para se sentir melhor consigo mesma.

Ela tentou se aproximar novamente, mas eu não estou disposta a uma falsa reconciliação. Elora já percebeu isso, mas mesmo assim insiste em levar e buscar Amy na escola todos os dias, cuidar da casa e fazer meus bolinhos favoritos. Ela disse que agora que estamos passando esse tempo em família, sem eu ir trabalhar e ir na faculdade era bom eu descansar pois estava sobrecarregada e isso não é bom para uma jovem de vinte anos.

Estranho ela pensar nisso só agora, bem quando eu já passei por tanta coisa e tendo ela como uma espectadora de tudo, mas nunca interferindo em nada.

Sei que ela também é uma vítima de Jonathan, sei que ele a abusa de diversas maneiras, mas como mãe acho que ela deveria tentar ao menos me proteger, coisa que ela nunca fez.

Se algum dia ele tentasse fazer algo com Amy tenho certeza absoluta de que eu nunca deixaria, tenho certeza que eu o mataria sem pensar duas vezes, isso que eu gostaria que minha mãe fizesse. Não matar ele, mamãe é muito fraca para fazer isso e eu também não quero que ela seja presa, mas eu gostaria que ela me defendesse ao menos uma vez e gostaria que ela parasse de acoberta-lo.

— Sissi? Você não está me ecutando? Estou falando com você. — A vozinha de Amy chama minha atenção e eu saio dos meus devaneios sobre minha linda família.

— Me desculpe, querida, eu estava pensando em outras coisas. O que você estava dizendo? — Pergunto terminando de passar a base.

Não tem nada que uma boa camada de maquiagem não possa esconder.

— Estava perguntando onde você vai tão linda assim.

Olho para Amy.

Minha garotinha está vestindo um lindo pijama rosa de coelhinho, presente de Sarah, e com seus cabelos loiros presos em duas tranças.

— Vou sai com King. Nós vamos para uma festa de gente grande e a senhorita vai ficar com a mãe dele.

— Por que eu não posso ir também? — Ela me encara com aqueles enormes olhos azuis de cachorrinho que caiu da mudança.

— Porque como eu disse a festa e de gente grande e você, mocinha, ainda é um bebê.

— Não sou não!

— Ah, não é? Então acho que já posso pegar todos os brinquedos que a dona Sarah e a tia Mor te deram e dar para outras criancinhas. Como você pode ver eu, uma mulher grande, não brinco mais com coisas de bebê. — Digo a encarando com um sorriso.

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