HARRISON FLINT
Olhei para a pasta em cima da mesa, e em seguida, para o homem que havia acabado de sentar na cadeira à minha frente. Peguei o meu copo com uísque e o levei a boca para um gole, fazendo uma leve careta ao sentir o gosto ruim e barato do líquido, enquanto esperava que o homem se pronunciasse.
— Você é o Ed? — Foi a primeira coisa que ele disse.
Sua voz estava quebrada e ele estava inquieto, olhava para os lados constantemente e suava frio, nervoso. Seu cabelo grisalho estava bagunçado e ele possuía olheiras escuras, como se não conseguisse uma boa-noite de sono há tempos. Parecia muito mais velho para alguém na casa dos quarenta.
— Respire fundo e se acalme, Jacob. Não quer que ninguém nos note, certo?
Olhei discretamente pelo ambiente escuro e desgastado daquele bar barato, uma espelunca aleatória escondida nas ruas sujas de Nova York. Não havia muitas pessoas ali, e as que haviam, estavam ocupadas demais curtindo a própria fossa para notar a nossa presença. Ainda assim, todo cuidado era pouco.
— Não! Claro que não!
Peguei o envelope amarelo, me recostei na cadeira e cruzei as pernas, enquanto ele respirava de forma ofegante repetidamente. Sua respiração era pesada e irritante, mas apenas respirei fundo e tentei não me aborrecer com aquilo. O pobre coitado já havia passado por coisas demais.
— Está tudo aqui?
Levantei o olhar, vendo gostas de suor caírem de seu rosto e molharem a sua já suada camisa branca. Isso porque estávamos no Outono em Nova York, nesse ritmo, ele já teria derretido completamente em um verão na Califórnia, por exemplo.
— Sim. Trezentos mil dólares, como combinado. Trezentos agora e trezentos depois do trabalho. — Sussurrou a última parte. — Tem também foto, rotina e tudo o que eu consegui encontrar...
— Você tem certeza disso? — O interrompi antes que continuasse, estávamos em um lugar público afinal de contas.
— Sim. Ele... ele matou a minha filha! — O nojo era explícito em sua voz. — Ela tinha apenas sete anos! Sete! Não é justo que ele fique livre! Se a polícia não o fez pagar...
Ele passou a mão pelo rosto, claramente atordoado. Eu também ficaria se minha filha de sete anos tivesse sido sequestrada, estuprada, assassinada, e o filho da puta do culpado permanecesse livre por contaminação e perda de evidências. Jacob não era pobre, vinha de uma família de classe média alta, então, dinheiro para advogados e recursos não era o problema, mas sim, a justiça americana que era falha. Meu querido Jacob descobriu do pior jeito que estava indo contra peixes grandes demais para se derrotar. Peixes da elite. E esses tipos de tubarões sempre costumam se proteger.
Para a sua sorte, eu não precisava de evidências ou de amigos nos lugares certos, apenas de pagamento. O bom e velho dinheiro.
— Ele vai receber o que merece, Jacob. — Garanti.
— Pela minha filha, Lizzie. — Assentiu, decidido.
Terminei o resto do uísque em um único gole, e coloquei uma nota de cinquenta dólares na mesa, seria uma puta de uma gorjeta para a porra de um uísque barato como aquele, mas eu estava sem notas menores. Então, com o envelope em mãos e um sorriso educado nos lábios, eu me levantei e deixei aquele bar.
Duas horas depois, já em casa, numa mansão nos Hamptons, eu me sentei no sofá da grande sala de estar e abri o envelope. Esse trabalho seria difícil, Bradley Crawford era um riquinho metido que estava sempre rodeado por seguranças. Passava a maior parte do tempo em hotéis ou em clubes, ao invés da mansão que possuía em Nova Jersey, e isso seria um pouco complicado de contornar, no entanto, eu encontraria um jeito. Sempre encontrava.
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BAD DEALS
ActionApós perder os pais em um incêndio, Isabella Martins vai parar no orfanato Sun Valley. Tudo o que ela deseja é apenas reconstruir a sua vida e dar o fora dali. No entanto, seus planos vão por água abaixo quando Harrison Flint aparece. Misterioso e d...