Capítulo 27

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     ISABELLA MARTINS

Quando Harrison falou que iríamos viajar, automaticamente pensei que seria de avião, mas me enganei cruelmente. São em média dez horas de viagem dos Hamptons, em Nova York, para a Carolina do Norte, e sim, é tão longo quanto parece. Harrison parecia não se incomodar, ou talvez já estivesse acostumado. Ele dirigia o carro tranquilamente enquanto eu já começava a sentir minhas pernas e bunda doendo de tanto tempo sentada. Ou talvez as dores fossem resultado do treino de hoje de manhã, já que Mia pegou pesado com todos, eu já não sabia mais, só queria descer e respirar um pouco.

— Podemos parar um pouco? Eu preciso esticar as pernas um pouco e ir ao banheiro. — Pedi, quase implorando.

— Eu paro no primeiro estabelecimento que aparecer. — Ele concordou.

Uns dez minutos depois, ele encostou o carro em uma lanchonete e eu desci, sentindo minhas pernas e todo o meu corpo agradecer por isso.

— Será que eles vão me deixar usar o banheiro aqui?

— Eu compro algo, não se preocupe. — Falou, também descendo do carro.

— Certo. Obrigada.

Entramos na lanchonete. Harrison foi para o balcão de pedidos, enquanto eu olhei em volta rapidamente e fui em direção ao banheiro assim que o encontrei. Ao final do treino hoje de manhã, eu estava tão cansada que acabei bebendo bastante água, o que se provou uma péssima decisão dada a viagem de carro, e não, de avião.

Saí do banheiro na mesma hora em que Harrison recebeu o seu pedido, e juntos, deixamos o estabelecimento.

— Está com fome? — Ele olhou para mim.

— O que você comprou? — Olhei para a sacola de papel em sua s mãos.

— Tacos.

Ele colocou o copo de refrigerante e a sacola de papel em cima do capô do carro e começou a abrir, desembrulhou o primeiro taco e me entregou, junto com um guardanapo, pegando o segundo para si. Era enorme, o maior taco que eu já havia visto, e o cheiro, assim como a aparência estavam bem atrativos. Mordi um pedaço, e parte do recheio acabou escapando pelas beiradas, caindo em cima do capô do carro.

— Foi mal.

Usei o meu guardanapo para limpar. Esperava uma reação negativa, mas ele pareceu não ligar.

— Sem problemas. — Respondeu, distraído com seu lanche.

Harrison possuía uma lista diversa de carros em sua garagem, eu não reconhecia todos, na verdade quase nenhum, e assim que disse isso a ele, ele fez questão de me apresentar para a sua coleção como um pai apresentando os seus filhos. Havia Rolls-Royce, Mercedes Benz, uma Ferrari conversível, carros clássicos e antigos que pareciam terem saído de um museu, e é claro, a já conhecida BMW preta que Zach dirigia no dia a dia. Todos esses carros pareciam custar o olho da cara, o que não era o caso do carro à minha frente agora, um Chevrolet cinza escuro bem simples e velho. Eu estranhei no começo, mas rapidamente entendi que o intuito era não chamar atenção, assim como ele enfatizou sobre as minhas roupas. Se ele fosse fazer um trabalho dirigindo um carro grande e luxuoso, todos lembrariam dele, e o seu objetivo provavelmente era passar despercebido.

— Você nunca foi reconhecido durante algum trabalho? — Perguntei, genuinamente curiosa. — Eu pesquisei você, é famoso, tem várias fotos suas com modelos em eventos.

— Por incrível que pareça, não. E eu não sou famoso. — Ele fez uma leve careta. — Sou no máximo conhecido, e isso apenas em Nova York. Nos outros estados ninguém tem ideia de quem eu seja, por isso a maioria dos meus trabalhos exigem viagens. Não costumo aceitar muita coisa perto de casa.

BAD DEALSOnde histórias criam vida. Descubra agora