Capítulo 18

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     HARRISON FLINT

— Tem certeza disso? — Perguntei à Gwendolen.

— Acho que uns noventa e seis por cento. O que faremos a respeito?

Isabella já ter matado antes veio como uma óbvia surpresa. Surpresa por causa do seu passado limpo, ela nunca havia sido presa ou sequer se metido em brigas ou nada do tipo, até mesmo nas suas redes sociais Logan não conseguiu encontrar nada comprometedor. E "óbvia", pois eu deveria ter percebido isso antes. O jeito familiar que ela estava diante de toda essa situação apesar de ter acabado de matar alguém não era normal. Qualquer pessoa estaria surtando, mas Isabella não. Essa não era a reação de uma garota inocente que tinha acabado de atirar em alguém.

— Precisamos descobrir o que aconteceu e quem ela matou, e usar isso como garantia. — Deverell falou antes de eu sequer conseguir pensar em algum plano. — É isso, ou matar ela, você escolhe. — Ele olhou para mim.

— Não vamos matar ela. — Deixei claro. — Você acha que consegue descobrir mais, Gwen? Afinal, ela foi honesta com você hoje.

Gwen tinha um diploma em psicologia. Algo que ela insistiu em conseguir antes de seguir os mesmos que eu e o meu pai. Segundo ela, ela queria viver como as outras pessoas vivem e ter experiências "normais" antes de entrar nessa nossa linha de trabalho, e isso incluía ir para a Universidade. Ela estava com vinte e cinco anos agora e nunca chegou a trabalhar no ramo, mas seus conhecimentos chegavam a calhar uma vez ou outra.

— Não. Isso é pessoal demais. Não temos essa intimidade, ela não revelaria algo assim para mim. Precisa ser você.

— Surtou? Se ela não revelaria para você, o que a faz pensar que comigo seria diferente? — Imediatamente notei um pequeno e irônico sorriso se formar em seus lábios. — Não seja ridícula, Gwendolen. Pela milésima vez, não está acontecendo nada entre nós! Isabella muito provavelmente me odeia!

— Se você realmente acredita nisso depois de tudo o que aconteceu essa noite, você é mais burro do que eu pensei! Eu poderia te dar uns cinco ou mais motivos pelos quais... — Ela se calou, impaciente. — ...Quer saber? Apenas confie em mim, ok? Você tem a melhor chance entre nós de conseguir a verdade. — Insistiu. — Ou você quer que o papai vá lá tentar?

Olhei pelo canto do olho para Deverell, e então voltei a olhar para a minha irmã.

— Não, é claro que não. Ele tem o emocional de uma pedra.

Ela riu.

— Mas isso talvez funcione. — Deverell falou. Franzi a testa, sem conseguir entender aonde ele queria chegar. — A tática mais velha no livro da polícia, policial bonzinho e policial malvado!

Os próximos minutos foram gastos formulando um plano. Eu teria que ser gentil com a Isabella assim que voltasse para o quarto, mas além da gentileza, deixaria claro que sabia o seu segredo, para assim, assustá-la um pouco. Pela manhã, Deverell terminaria de assustá-la ao ameaçá-la com uma arma, e bem na hora H, eu entraria para salvar a sua vida, ganhando assim a sua total confiança, e fazendo com que ela me contasse o que de fato aconteceu e quem ela matou. O plano parecia uma loucura, mas Gwen estava certa de que iria funcionar.

— Em qual quarto ela está? — Perguntei enquanto saímos do escritório de Deverell.

— No seu.

E novamente, aquele sorrisinho irônico apareceu em seus lábios. Apenas revirei os olhos e apressei o passo, indo logo para o meu quarto. Fui pensando na abordagem que eu tomaria, e para isso, precisei me lembrar de todas as informações que Logan havia conseguido quando eu pedi para ele investigar a Isabella e como ela foi parar no orfanato, em toda a sua história de vida, só havia uma coisa que talvez levantasse suspeita: o incêndio que matou os seus pais. Na foto de uma manchete de jornal que Logan me enviou, constava que o incêndio havia sido julgado acidental pelos bombeiros. Mas ainda assim, era a única coisa que eu poderia sugerir para fazê-la se abrir comigo. Caso estivesse errado, tudo poderia ir pelo ralo.

BAD DEALSOnde histórias criam vida. Descubra agora