HARRISON FLINT
Eu estava fodido. Ou quase fodido. Não importava, pois dava no mesmo. Eu tinha deixado rastros, e isso era tão amador que eu quase admirava a onda de ódio próprio que percorria o meu corpo no momento. Eu havia dado o tiro e colocado a arma na mão direita dele para que o caso fosse fechado como um suicídio, mas não me atentei ao fato de que Seth Abrells era a porra de um canhoto!
Parabéns, Harrison! Erro de principiante do caralho!
— Sim. Por quê?
Isabella perguntou, continuando a conversa na qual eu não tinha o menor interesse. Respirei fundo e tentei não demonstrar a pilha de nervos que aquela matéria na primeira página do jornal tinha me transformado antes de respondê-la.
— Nada. — Dobrei o jornal e o coloquei na mesa. — Só achei um pouco desrespeitoso.
Tentei não rir, afinal, quem era eu para julgá-la? Tampouco chamava o meu próprio pai de pai. Apesar de que o meu pai ainda estava vivo, coisa que não poderia ser dita sobre a mãe dela. Peguei a minha xícara de café para dar um gole no mesmo segundo em que uma faísca piscou em seus olhos.
— Devo te chamar de "pai", então? Ou você prefere "papai", Harry?
Parei de beber antes que o líquido descesse errado e engoli com cuidado o café que já estava em minha boca, abaixando a xícara e a colocando de volta na mesa. Mas que porra? A conversa de repente se tornou bem mais interessante. Isabella era boa, inteligente e astuta, exatamente como eu havia desconfiado. Não sei como explicar, mas algo no olhar dessa "pobre órfã" sempre me pareceu diferente, apesar das fotos bastantes simples que Joanna havia me mandado. E isso me fazia questionar por quanto tempo ela conseguiria manter a pose de boa garota, pois algo nas minhas entranhas me dizia que ela era muito mais do que se mostrava ser.
Eu sentia que havia muito mais do que uma órfã magoada e solitária na minha frente e precisava saber exatamente com quem estava lidando antes de lhe apresentar ao meu contrato. Passei a língua pelos lábios, controlando uma resposta tão provocativa quanto à sua pergunta, e respondi.
— Eu prefiro apenas Harrison, sem apelidos. Mas se quiser, pode me chamar de Sr. Flint.
— Okay, Harry.
Expirei, eu odiava a porra desse apelido.
Mas a faísca agora havia se tornado uma chama, e nela, os olhos castanhos de Isabella brilhavam. Ela com certeza estava adorando esse pequeno momento de provocação. E eu não me importava, afinal, eram-se feitos alguns sacrifícios a fim de se vencer uma guerra. E a minha guerra era fazê-la concordar com os meus termos muito em breve.
***
— Para onde, senhor? — Zachary perguntou, quase uma hora depois do café da manhã, quando eu parei em frente ao carro.
— Para o apartamento de Sarah.
Contive uma revirada de olhos e apenas entrei no banco de trás do carro. Sarah estava bombardeando o meu celular com mensagens e ligações pelos últimos cinco dias, só que eu estava ocupado demais para retornar e ter que lidar com todo o seu exagerado drama. Eu tinha certeza de que no fundo ela pensava que era a minha namorada, apesar de eu ter deixado bem claro quando nos conhecemos de que para mim, isso era apenas sexo, algo que ela entendeu e concordou na época.
Normalmente, eu não fico com a mesma mulher por muito tempo exatamente por isso, elas se apegam. Com a Sarah durou três meses, mas eu encerrei tudo antes de fazer a minha viagem para a Inglaterra há meses atrás. Agora que estava de volta aqui em Nova York, pensei em ir atrás de uma nova mulher para ocupar o seu lugar, mas para a minha surpresa, ela foi uma das primeiras pessoas que surgiram em minha mente, então, apenas decidi dar a ela uma segunda chance, mais alguns meses de sexo. Entretanto, já se faziam uns seis dias que não nos víamos, e eu sabia que não poderia ignorá-la para sempre, por mais tentador que fosse.
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BAD DEALS
ActionApós perder os pais em um incêndio, Isabella Martins vai parar no orfanato Sun Valley. Tudo o que ela deseja é apenas reconstruir a sua vida e dar o fora dali. No entanto, seus planos vão por água abaixo quando Harrison Flint aparece. Misterioso e d...