Capítulo 23

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     HARRISON FLINT

— E quanto a isso? — Charles perguntou, apontando para o convite.

Tentei não demonstrar emoção alguma quando me sentei no outro sofá de frente para ele, e estiquei a mão na direção de Isabella, para que ela viesse sentar comigo. No entanto, assim que ela fez impulso para levantar, Charles colocou a mão em sua coxa, empurrando-a de volta pro sofá. E como se isso já não fosse o suficiente para me irritar, ele deixou a sua mão ali, alisando a pele dela. Isabella virou o rosto para o lado, claramente incomodada com o toque, e eu precisei respirar fundo e me segurar para não me descontrolar de tanta raiva que senti disso. Dele.

— Brad foi quem me contatou primeiro e enviou o convite. Ele queria encomendar um trabalho. — Menti.

— Por que ele não veio até mim? Eu conheço vários como você. Inclusive o seu pai, Deverell.

— Ele comentou que você e Deverell eram velhos conhecidos, mas não faria sentido algum ele ir até você.

— E porque não? — Perguntou convencido. Quase como se me desafiasse a convencê-lo de que o que eu falava era verdade.

— O trabalho era você.

Por isso ele não esperava. A surpresa em seus olhos foi clara. Surpresa, raiva, dúvida, tristeza, decepção. Tudo se misturou por um momento e ele tirou a mão da coxa de Isabella, claramente atordoado com a minha descarada mentira. Até que balançou a cabeça, e me olhou indignado.

— Não... ele nunca faria isso. Você está mentindo.

— Não estou.

Charles acenou para os seus capangas e os dois apontaram suas armas para mim.

— Fale a verdade. Você o matou! — Ordenou, tomado pelo ódio.

— Eu estou falando a verdade. — Insisti. Estava apostando tudo nesse blefe.

Fiz questão de não quebrar o contato visual por nenhum segundo para mostrar confiança no que falava, mas ele não parecia convencido. Segurou Isabella pelo braço, e sacou a arma do seu coldre de peito, a apontando para a cabeça dela. Lágrimas se acumularam nos olhos de Isabella, mas eu conseguia ver que ela estava lutando para se manter forte.

— Me fale a verdade, Harrison. Ou os dois morrem agora mesmo!

— Eu estou...

Antes que eu terminasse, um dos seus capangas, aquele que havia me seguido, puxou o gatilho e atirou no meu ombro, quase no meu peito. Isabella pôs a mão na boca para conter um grito, enquanto eu agarrei a espuma do sofá com força, tentando lidar com a imensa dor.

— O tiro vai ser fatal da próxima vez. — Charles pressionou.

Mas eu não poderia contar a verdade a ele. Eu seria um homem morto se o fizesse.

— Brad me contatou e eu fui ao baile para vê-lo. Lá, ele me explicou que o trabalho seria você, e na mesma hora eu recusei a oferta e fui embora. Foi isso o que aconteceu. — Falei seriamente, da forma mais convivente possível. — Você conhece o meu pai, porra! Se sabe como ele é, sabe que ele me ensinou a nunca aceitar trabalhos com figuras tão públicas. Por isso, eu nunca aceitaria um trabalho sobre você, ou, encostaria um dedo sequer nele. O rosto do seu filho estava em todos os tabloides do país antes mesmo dele morrer, eu não sou burro... caralho!

Soltei uma lufada de ar, sentindo o meu braço latejar absurdamente de dor.

Charles suspirou pesadamente em uma luta interna. A dúvida em seu rosto era clara, mas ao mesmo tempo, minha mentira fazia sentido. Eu duvidava muito que ele arriscaria me matar apenas por causa de uma suposição, e eu estaca certo, pois enfim, ele abaixou sua arma e ordenou que seus capangas fizessem o mesmo. Isabella se levantou e rapidamente veio até mim, se sentando ao meu lado e colocando suas mãos no ferimento para estancar o sangue.

BAD DEALSOnde histórias criam vida. Descubra agora