Capítulo 2

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16 de Janeiro, Sexta-feira – Ezequiel Smith

Mais um dia se inicia na minha triste vida, acordo com minha mãe batendo na porta do meu quarto, me levanto e abro para saber o que ela deseja.

— Bom dia, filho.

— Bom dia, mãe.

— Temos vizinhos novos, eu os convidei para almoçar conosco hoje, você se importa?

— É para ser sincero? — minha mãe assente — sim, eu me importo, mas não se preocupe, irei participar do almoço com os novos vizinhos e serei educado, até porque a senhora e o papai me educaram muito bem, mas não pretendo conversar muito, irei ficar quieto, falarei o necessário.

— Tudo bem, o importante é que participe conosco, vá se arrumar, você acordou mais tarde que o natural hoje, já são quase dez horas da manhã.

— Sério? – pergunto surpreso e minha mãe assente — realmente, está bem tarde para o meu habitual, vou me arrumar, desço em alguns minutos.

— Certo, vou falar com a dona marta e ver o que ela está preparando para nós.

— Com certeza ela está preparando algo delicioso, ela cozinha muito bem.

— Concordo com você, filho, mas se apresse — minha mãe dizia enquanto se afastava do meu quarto.

Fechei a porta novamente e fui em direção ao banheiro, fiz minhas higienes pessoais, tomei um banho rápido e vesti uma roupa confortável.

Peguei meu celular em cima da minha escrivaninha e desci as escadas indo em direção à cozinha.

— Uau, que cheiro gostoso dona Marta, tenho certeza que essa comida está maravilhosa.

— Espero que esteja mesmo, garoto — Dona Marta se vira em direção a entrada da cozinha, onde eu estava e logo vem me abraçar, ela era uma das únicas pessoas que eu ainda tinha intimidade, tirando a minha irmã mais nova — Como foi a noite? Seu rosto parece meio cansado, seus olhos estão com um leve inchaço, teve outra crise, querido? — Falou dona Marta com preocupação.

— É, não foi uma das melhores noites, ontem a Hannah estaria completando três anos, a Bia e eu já tínhamos tudo planejado até os cinco anos da nossa pequena, íamos fazer uma festinha e o tema seria Moranguinho, a Bia cresceu assistindo o desenho e amava, mas tudo isso acabou, sinto tanta falta delas... — Digo tentando segurar as lágrimas que estavam prestes a cair, a dor aumentava a cada palavra, logo senti dona Marta me envolver em seus braços novamente e algumas lágrimas rolaram pelo meu rosto, mas ela se afastou do abraço e secou cada uma com seu polegar.

— Não fique assim, garoto, tenho certeza que Bia te amava muito, bastava olhar para ela e já era possível ver o quão feliz ela ficava ao seu lado, Hannah com toda certeza seria a criança mais feliz do mundo por ter vocês dois como pais, mas Deus não quis isso, mas tenho certeza que Bia, Hannah e Gabriel estão em um bom lugar, eles eram tão firmes em Deus, eles amavam a Deus acima de tudo e foram assim até o fim — dou um pequeno sorriso ao me lembrar das brincadeiras entre Bia e Gabriel, eles eram tão unidos, até devocional juntos faziam, nunca vi irmãos tão próximos como eles — lembra quando Hannah nasceu? Bia pediu para vê-la, as enfermeiras colocaram a pequena perto da Bia e ela olhou para a garotinha e depois fechou os olhos dizendo "Obrigada Jesus, meu sonho se realizou, eu estou vendo a minha garotinha comigo e eu te peço que a abençoe e cuide dela, eu te entrego ela nas tuas mãos, eu te amo muito e sei que ela também te ama desde já, vou ensinar tudo sobre o Senhor pra ela, assim como o Senhor usou o Ezequiel para me ensinar sobre ti, assim como Ana entregou Samuel para ti, eu também entrego a minha pequena Hannah, faça a tua vontade na vida dela e cuide da nossa pequena família" — Deixo mais algumas lágrimas caírem, eu gravei essa cena, eu queria muito gravar a reação da Bia conhecendo a nossa pequena, então comecei a gravar quando a bebê se aproximava dela e só parei quando a Bia abriu os olhos e sorriu para a nossa bebê e depois olhou pra mim sussurrando "eu te amo".

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