Capítulo 16

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25 de Janeiro, Domingo – Ezequiel Smith

Assim que sai do quarto de Emma fui para o meu, abri a porta e logo avistei algo na janela, andei devagar até a mesma e descobri que era um envelope e tinha meu nome, parecia com o envelope que havia recebido a alguns dias.

Não tardei em abrir a janela e pega-lo, fui até minha escrivaninha e abri o envelope, peguei o papel de dentro e o abri logo começando a ler.

"Olá, filho.

Eu sei que tem sido difícil a caminhada, muitas lutas, dias nublados, a dor da perda te sufoca a cada dia.

Mas, filho, por que não me procura? Eu sinto saudade daqueles nossos momentos a sós quando você me contava do seu dia e dos seus sonhos, eu ainda me lembro de cada um.

Eu tenho saudades da sua voz, de quando você cantava para mim, lembro das vezes que vidas foram salvas através do seu louvor, lembra de quando eu curei aquelas pessoas enquanto você cantava? Você saiu tão feliz daquele lugar, no dia seguinte foi evangelizar novamente e mais três vidas se renderam aos meus pés, onde foi parar esse amor que sentia por mim e pela minha obra?

Filho, quando foi que você parou de me chamar de Pai? Eu não gosto de te ver assim, você chora e me culpa pelo que ocorreu naquele acidente, eu poderia ter dado livramento, mas não se esqueça que a minha vontade é boa, perfeita e agradável, eu jamais errei, tudo que faço e permito tem propósito, sua dor ainda irá curar muitas dores, lembre-se que tudo que você passa é para te tornar forte e para que eu possa te usar com autoridade e experiência sobre o assunto.

Quando vai voltar para casa? Estou te esperando de braços abertos, eu quero te abraçar novamente, eu estou aqui, nunca te deixei sozinho, escute a minha voz falando com você, quebre essa barreira que você criou e entenda que eu não desisto de você, eu te amo e te provei isso naquela cruz, estou esperando você voltar, venha logo, você é meu filho e eu te quero perto de mim.

Me entregue as suas dores e me deixe cuidar de você, eu te farei um vaso novo, volte para mim, eu vou te curar e você será uma nova criatura.

Eu te amo filho, volte.

Ass: Papai"

- Deus, eu não sei o que quer de mim, mas sei que ainda dói, tudo dói - senti um nó na minha garganta - Por que eu precisava perder as minhas garotas? Eu não aguento mais sentir essa culpa, eu poderia ter ido buscá-las após sair daquele lugar, por que o Gabriel tinha que decidir trazê-las, agora nenhum deles estão aqui comigo, eu me sinto tão culpado por tudo isso, a dor parece que aumenta a cada dia, o que eu posso fazer? Eu deveria ter ido com elas - eu já estava chorando, fui ao banheiro e peguei uma gilete, comecei a olhar para a mesma e fiz alguns pequenos cortes em meu braço, senti a ardência e o sangue escorrendo pelo meu braço - Eu vou com elas, eu não aguento mais, eu preciso ir com as minhas garotas, eu vou pegar uma faca. 

Saí do meu quarto e fui em direção a cozinha, conforme andava, gotas de sangue caiam no chão, eu não me importava, eu só queria ir com as minhas garotas, cheguei na cozinha e peguei uma faca, coloquei em cima do meu pulso esquerdo e respirei fundo criando coragem, mas logo senti uma mão em cima da minha.

- Não faz isso, por favor - Sarah me olhava com os olhos brilhando, não era um olhar de pena, era de amor - Emma e eu estamos aqui para conversar com você, por favor, não faz isso.

- Eu não aguento mais Sarah, eu preciso ir com as minhas garotas, está doendo tanto - as lágrimas rolavam pelo meu rosto, ela conseguiu tirar a faca da minha mão e me abraçou, tentei me afastar para não sujá-la de sangue, mas ela não deixou, me abraçou mais forte e em seguida secou minhas lágrimas..

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