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Ela passou as mãos pelo cabelo úmido e soltou um suspiro. Era um suspiro de agonia, de não saber a resposta para a pergunta que ele fez, porque todos esses dias ficou tentando lembrar e não conseguiu.

- Eu não sei. Me perdoa, Alexandre. Eu não sei te dar essa resposta.

Ele sentiu o líquido queimando seu estômago.

- É essa a sua resposta, Giovanna. Você não sabe?

Ela deu a volta por ele e sentou no sofá com as duas mãos na cabeça. Parecia que ele não conseguia enxergar a agonia dela, como ela estava em um beco sem saída.

- Você quer que eu diga mais o que? Essa é verdade, é a verdade que eu tenho. Eu não sei o que aconteceu naquela noite. Eu estava magoada com você, puta de ódio pela sua atitude comigo. Perdi completamente o controle da bebida e nem culpei Bianca por causa disso, todas as vezes que nós duas saímos quem vigiava ela era eu e não ao contrário. Se você me escondeu que a sua ex-amante estava naquela viagem por medo da minha reação, eu decidi realmente agir da maneira mais imatura possível, da maneira que você esperou que eu fosse reagir. Foi isso, eu me arrependo, mas já foi e não tem nada que eu possa fazer para mudar o passado.

Ele ficou em silêncio absorvendo as palavras dela. Queria socar a cara do imbecil que ele nem sabia quem era.

Fez o mesmo caminho que ela e sentou no outro sofá de frente para a mulher que ainda não tinha mudado de posição.

O silêncio na sala era agoniante.

- Me conta como aconteceu. Me conta o que você se lembra.

Ela levantou a cabeça devagar, olhou nos olhos dele.

- Por que você está tão calmo, como ainda está conseguindo olhar nos meus olhos? - ela perguntou com a voz falhando.

Ele manteve a expressão séria sem desviar o olhar do dela.

- Deve ser porque eu amo você. Eu quero saber como tudo aconteceu para tomar as minhas providências.

Ela engoliu em seco. Era óbvio que ele iria terminar. Se fosse ela no lugar dele, nem estaria mais aqui.

- Eu lembro de tudo antes da sua ligação. Quando a Bianca desligou o celular e tentou falar de você comigo, eu me estressei e acho que foi nesse momento que comecei a exagerar nos drinks. Me lembro de dar selinhos nas meninas da faculdade, de dançar com o Murilo e me lembro dele tentar me beijar na pista de dança, mas recusei. Depois eu só tenho flashs dele me levando para o carro e tentando beijar, de manhã eu acordei no sofá da casa dele, saí de lá o mais rápido possível e o resto você sabe. - ela suspirou se jogando no encosto do sofá. - Ainda tive que aturar suas piadinhas pela faculdade, e em como ele espalhou para todo mundo que transou comigo.

Alexandre adotou uma expressão de ódio em seu rosto. Não era mais um muleque, mas já tinha sido um dia. Sabia bem reconhecer essas idiotices.

- Onde esse imbecil mora? - ele quis saber.

- Não. - ela se alterou. - Você não vai fazer isso.

Ele se levantou e ela fez a mesma coisa.

- O endereço, Giovanna. Me fala o endereço ou eu descubro sozinho. Só preciso dar um telefonema.

Ela sentiu um nervosismo gigante.

- Você não vai bater nele. Você vai acabar saindo na porra de um site de fofoca por ter agredido um estudante de medicina e isso não é nada bom para a sua carreira. Ainda mais agora que você fez aquela cirurgia na Suiça. Eu não vou ser a causa da sua desgraça, Alexandre.

tempo de amar | gnOnde histórias criam vida. Descubra agora