– Eu não quero sair daqui, eu quero conversar com você.
Ela fica em silêncio após a minha fala, isso mostra que Day não Sabe por onde começar ou que não quer conversar.
– Day, eu amo você, nunca deixei de amar e nem sei se um dia vou ser capaz de deixar.
– Eu também te amo, Carol. E você sabe que nunca deixei e que nunca vou deixar de te amar.
– "Nunca" é uma palavra muito forte, mas eu fico feliz por saber disso. Mas agora precisamos conversar como duas mulheres adultas, e não como adolescentes cheias de hormônios querendo tranzar toda hora. Você está disposta a conversar?
Ela concorda com a cabeça, e olha para mim, como se dissese com o olhar para mim prosseguir.
– Primeiro, para começar. Ficamos tempos juntas, e no nosso término você falou que eu não te conhecia e eu vi que aquilo era verdade, você nunca foi de falar sobre você, de falar sobre seu passado. Dayane, eu quero te conhecer.
Mais uma vez, ela fica em silêncio, aquele negócio de só eu estar falando está me deixando com uma angústia gigantesca, sou capaz de morrer por dentro se... ok ela abriu a boca, ela vai falar.
– Não sei nem como começar a falar..
– Do começo, por favor.
– Bom, eu nasci em Tarbelen, como acho que já sabe. Me mudei recém-nascida para Nova York, não foi meu pai e minha mãe Biológica que me criaram, e sim minha tia, Maria e meu primo, Leo. Eu a chamava de mãe, e chamava Leo de irmão, eles eram minha família, a única família que eu conhecia até meus nove anos quando eu os matei..
Ela fala e percebo que começa a chorar, mas me assusto com as palavras "eu os matei", como assim ela os matou?
– Você os matou? Como assim?
– Meu "pai" - ela diz fazendo aspas com as mãos – César, ele veio me buscar, eu não queria ir embora, ele me segurava tão forte, minha tia gritava para que ele me soltasse, e então ele me soltou, ele tirou uma arma do bolso e matou minha tia, na minha frente e falando que a culpa era minha também matou Leo, ele falou que se eu tivesse ido embora na primeira vez ele não tinha os matado, eu deveria ter calado a boca e ido.
Eu me levanto e abraço ela, abraço ela com força
– Escuta, a culpa não é sua. Seu pai é um mostro, como ele queria que você fosse para casa com um estranho? Olha, desculpa oque eu vou falar, mas seu pai não é um pai, e sim praticamente um doador de espermas filho da puta.
Day da uma risadinha, mas não é sincera, ela está com dor.
– depois de tudo isso ele me levou para casa, ele nunca foi um pai, ele traia minha mãe, batia nela, estuprava ela, fazia tudo isso na minha frente. Ele me obrigou a participar da gangue, ele me criou para ser um monstro igual ele, minha mãe me chingava e me batia, igual ele fazia com ela, ele mandava as pessoas da gangue me estruparem, eu virei um brinquedo sexual, uma puta, uma pessoa sem valor algum, nem sabia se eu era uma pessoa, depois de tudo isso, quando ele morreu eu queria vingança com todos os que me fizeram mal, eu entrei numa gangue rival ao do que meu pai me obrigou a entrar, virei rainha da gangue, expliquei para eles tudo que eu tinha passado e então eles me ajudaram na minha vingança, eles mataram todos os membros que tinham me abusado e torturaram minha mãe até a morte. Essa é minha história, Carol. Traumatizante, não é?
Eu não sei como reagir daqui para a frente, isso explica muitas coisas, e só consigo admirar o quanto Dayane é forte e o quanto ela sofreu enquanto passava por tudo, e o quanto ela sofre com as sequelas disso.
– Você faz terapia?
– Não..
– Está realmente disposta a mudar sua maneira de viver por mim? De verdade, não minta
– Estou.
– Então eu estou disposta a voltar com você, mas quero que me prometa duas coisas.
– Tudo que você quiser.
Ela diz secando as lágrimas, oque não adianta muito, porque ela não parou de chorar, e eu também estou chorando, queria poder ter protegido ela de toda essa história, queria ter guardado ela, deixado ela longe de tudo isso.
–Vai largar essa vida de crime, mulheres e drogas, e vai começar a fazer terapia. Eu entendo que isso pode demorar, mas vou estar do seu lado te ajudando em todo o processo.
Ela faz um sim com a cabeça, e eu junto nossas bocas, início um beijo cheio de carinho e saudades, nossas linguas entram em sincronia, somos sincronizadas, essa é a verdade. E a verdade mais verdadeira que essa é: 1 - O beijo de Dayane é e sempre vai ser o melhor de toda minha vida. 2 - Eu amo a Dayane. 3 - Eu estava morrendo de saudades disso.
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Um Amor Imperfeito - Dayrol
FanfictionEm um mundo onde a perfeição é uma ilusão, duas almas imperfeitas encontram o amor de uma forma única. Day Limns, uma gangster destemida, e Carol Biazin, uma mulher que deseja uma vida livre das sombras do crime. Quando seus caminhos se cruzam, o am...