partida

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2 semanas depois.

Minha casa está sendo esvaziada, vendemos muitos móveis e muitos jogamos fora, os que sobraram, estão sendo transportados para caminhos que vão entregá-los para navios que vão para o Brasil, e depois voltam para caminhões até chegar em SP, os móveis estão sendo retirados da casa exatamente agora, aos poucos está tudo se esvaziando, estou sentada em um canto vendo aquelas pessoas transportando móveis para dentro do caminhão.

Eu estou feliz, estamos indo para um lugar que vamos ter uma vida classe média, e uma casa boa, com um quarto de verdade para mim. Mas também estou triste, deixar essa casa em que eu cresci, é ter flexes de memórias, e talvez eu esteja me sentindo culpada por deixar para trás esse lugar. Antes da casa ser totalmente esvaziada, tirei fotos dos cômodos ainda na sua perfeita ordem, e prometi a mim mesma nunca esquecer esse lugar, nem sei se é possível esquecer. E claro, não quero deixar a Day, eu e ela estamos a cada dia mais próximas desde que fizemos sexo na casa dela, ela esta mais carinhosa e mais próxima, não quero perdê-la e não quero deixar ela para trás, mas não quero a impedir de viver a vida dela, dela seguir os seus sonhos e instintos, e se é aqui o lugar dela, é aqui aonde ela deve ficar.

Após minha casa estar totalmente vazia, e só sobrar minha mala (minha mãe foi para o Brasil uma semana antes, para organizar as coisas por lá) eu tranco a casa com lágrimas escorrendo dos meus olhos, é como se agora se encerrasse totalmente um ciclo, o ciclo da infância e dá adolescência, amanhã é meu aniversário de 24 anos, está na hora de eu parar de sonhar em ser cantora (coisa que provavelmente nunca vai acontecer) e focar em fazer uma faculdade e em trabalhar para ajudar a pagar as contas em casa.

Assim que me viro para trás para sair, Day está atrás de mim, tomo um susto dando um "pulo".

– Puta que pariu, caralho que susto.

Day da risada e me abraça.

– Desculpa.

– Oque está fazendo aqui?

Vim te levar para o aeroporto.

Então vamos, não posso me atrasar.

– Não está esquecendo de algo, não?

Sorrio e a beijo, beijo com intensidade e saudade, pois já estou sentindo saudades dela, não quero deixá-la, queria poder levar ela junto comigo. Enquanto nossas línguas "dançam" no mesmo ritmo, deixo mais lágrimas escorrerem, assim que Day finaliza o beijo, ela me abraça.

– Ruiva, por que está assim?

– Porquê eu não quero deixar você.

– Meu amor, eu vou te visitar, a gente vai se ver.. vou te ligar todo santo dia. Prometo. E também estou triste com a sua partida.

Você não pode ir comigo?..

– Carol, conversamos sobre isso.

Respiro fundo, e sim, já conversamos sobre isso. Vou até o aeroporto com ela, conversamos um monte, acho que ela também está com saudades de mim, o tanto quanto eu estou com saudades dela.

Quando chegamos no aeroporto, Day me ajuda a tirar minhas malas do carro e vejo ela tirando mais algumas além das minhas.

– De quem são essas malas?

– Minha, partiu Brasil, gatinha.

Corro até o colo dela e subo nele, ela me segura e me beija, eu estou tão feliz. E também estou com um pouco de raiva dela por todo esse drama para me contar, mas que se foda o mundo e os problemas, Day vai para o Brasil comigo!

– Eu estou muito apaixonada por você, Caroline.

– E eu estou muito apaixonada por você, Dayane.

Vamos até a sala do aeroporto, esperando o avião chegar, e agora eu estou surpreendentemente feliz, parece que tudo está finalmente em seu exato lugar.

Um Amor Imperfeito - Dayrol Onde histórias criam vida. Descubra agora