quatro

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-Tae? - Escutei Jaehyun me chamando da sala, levantei do banquinho da cozinha e fui até a porta do cômodo.

-Chamou?

-Sem abraços, tá, sobrevivo com isso. - O ouvi murmurando para si mesmo. - Ah, você escutou? - Confirmei com a cabeça. - Sinto muito.

-Tudo bem.

-Você comeu o quê? - Disse afrouxando o paletó e deixando-o no braço do sofá. - Relaxa, vou pegar agora. - Acho que fiz careta pra isso.

-Fiz panqueca pra comer com o doce de morango. Desculpe se tiver problema. - Ele riu quando notou minha falta de jeito.

-A casa é sua também. - Ele avançou em mim, mas parou na metade do caminho. - Desculpe, é novo pra mim também.

-Sobrou massa, quer panqueca?

-Quero sim. - Riu novamente. Não me lembro de Jaehyun ser tão risonho. - Vou agradecer se fritar pra mim enquanto tomo banho.

-Tudo bem, você tá fedendo mesmo. - Falei sério, mas comecei a rir quando ele não teve reação. - Eu tô brincando.

-Bubu bobinho. - E sumiu rindo.

Enquanto ele se banhava, fritei o resto da massa que sobrou. Lembrei que tem mel em algum lugar, mas não lembro onde. Procurei pelos armários mais baixos, sem sucesso. Abri o alto, achei e não alcancei. Quando ia me virar para pegar uma cadeira, senti um corpo atrás de mim.

-Quer ajuda? - O atrás não era perto, se quiserem saber. - Tá querendo o quê?

-Depende, você quer mel? - Ele riu e se aproximou, pensei em sair do caminho mas não consegui reagir.

-Prontinho. - Se afastou um passo mostrando o mel e suas covinhas. E desde quando ele é tão cheiroso? O Jaehyun que eu conheço nem toma banho.

-Obrigado. - Peguei o pote de vidro de sua mão e fui despejar nas panquecas junto com um tablete de manteiga pra dar gosto.

-O prato tá bonito. - Sorriu enquanto sentava no banquinho do balcão na minha frente. - Você cozinha desde cedo.

-Na verdade já passava das cinco.

-Não, Tae, em idade. - Arrastei o prato dele no mármore.

-Ah, é algo que sempre gostei, desde que me lembro.

-Eu sei.

-É claro que sabe. - Fizemos uma longa pausa enquanto ele comia. - De onde veio o "Bubu"?

-Ué, você ainda não viveu essa parte?

-Tecnicamente meu corpo já viveu tudo, mas minha mente se perdeu em dois mil e qualquer coisa.

-Na verdade não me lembro muito bem. Se não me engano, alguém te chamou assim e comecei a tirar sarro disso, mas depois me apeguei. É fofo.

-Entendi. Posso perguntar mais coisas?

-Olha, como eu sou o chefe do meu trabalho, me dei o direito de ter amanhã e depois de folga. Conto tudo o que quiser saber, contando que não seja hoje.

-Por que hoje não? - Encarei sua costa enquanto ele lavava a pouca louça usada.

-É nosso aniversário, Tae. De qualquer forma ia vir mais cedo hoje. - Senti a dor em sua fala. Poxa, que merda.

-Olha, não garanto beijo ou sexo, mas posso te abraçar e podemos ver um filme. - Ele riu antes de eu terminar de falar e se virou pra mim cruzando os braços. E que braços.

-Sempre desbocado, amo isso em você.

-Quer ver qual filme?

-Você não viu esse nem no presente ainda, vai ser ótimo de qualquer jeito. Ele chama 'Oppenheimer'.

-Fala de quê?

-Da criação da bomba atômica.

Fomos pra sala e ele ligou a televisão, mexeu algumas coisa e magicamente o filme passou sem aparelho DVD ou qualquer coisa do tipo.

-O que é isso que você fez?

-Chama plataforma de streaming, tipo o YouTube.

-Me ensina a mexer nisso depois? - Olhei para ele enquanto ele vinha em direção ao sofá.

-Com esses olhinhos, o que você não pede chorando que eu não faço sorrindo?

suddenly 30 · jaeyongOnde histórias criam vida. Descubra agora