dezesseis

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Indo para 2023

-Taeyong!

Acordei no susto com Jaehyun gritando meu nome. Escorei na imitação de muralha de travesseiro perguntando onde ele ia, recebi um "volte a dormir" e tenho certeza que ele pegou um maço de cigarro antes de sair do quarto.

E foi assim, querido subconsciente que me acompanha nessa jornada absurda que não parece realidade mas infelizmente é, que eu passei o resto da noite acordado olhando para o teto tentando entender o que foi isso.

Levantei morto antes do despertador tocar, fiquei com sede. Supus que Jaehyun estava na sacada, já que a porta dela tava aberta e a cortina tava balançando, cena digna de filme. Fui até lá e ele nem tava fumando mais.

-Tá fazendo o quê levantando agora?

-Tem olho na nuca?

-Senti e rezei pra ser você e não um invasor.

-E eu vim ver se era você e não um invasor.

-Justo. Você fuma?

-Não, minha mãe descobriu quando tentei e quase me fez engolir o negócio ainda aceso, traumatizei. - Ele murmurou algo concordando e se virou pra mim.

-Sonhei com o você daqui.

-O que tinha no sonho?

-Ele tentava me alcançar e eu só sabia olhar e sorrir. - Foi aí que notei que os olhos dele estavam inchados e não era por falta de sono. - Não deve ser legal pra você eu ficar voltando nisso o tempo todo, peço desculpas.

-Tudo bem, quando não é você, sou eu quem volta. Acha que esse sonho pode ser alguma coisa?

-Acho muita coisa, garoto, só vou ter certeza quando a consciência dele voltar pro seu corpo. - Nossa.

-Acho que nenhum de nós vai até isso acontecer.

Pode ser drama da minha parte, mas ele não precisava falar assim. Mudando de assunto, o nascer do sol é muito bonito nessa cidade. Queria me conhecer pra saber se ainda sou apaixonado pelas coisas daqui, mas de acordo com essa casa a única coisa que ainda amo é meu emprego e esse cara.

-Yoonoh. - Falando nele, ouçam o revirar dos meus olhinhos.

-O que?

-Meu nome, Yoonoh.

-E daí?

-E daí que agora você é a terceira pessoa fora da minha família a saber disso.

-Que bom?

-Você não entende ainda, mas é importante pra mim e foi importante pra você saber disso. Só o Johnny além de... vocês que sabe. Mas não vou te contar mais, tenho que ir trabalhar.

-Você não tinha se dado férias? - Perguntei quando ele passou por mim na porta.

-Preciso ocupar minha mente com alguma coisa sem respirar o mesmo ar que você. - Agora ofendeu mesmo.

-Vem cá, que porra eu fiz pra você?

-Veio pro futuro sem motivo nenhum.

-Se acha que eu tô te atrapalhando é só me mandar pra outro lugar.

-Não precisa disso, garoto.

-Olha, Jaehyun, sinto muito em fuder com a vidinha perfeita que você tinha mas não é como se eu escolhesse isso. E você não é o único que quer que tudo volte ao normal, eu quero minha casa, quero meu quarto esquisito, quero minha mãe, só que eu não vou descontar minha frustração toda em você.

-Garoto, eu não ignoro sua existência ou ajo como se você fosse uma pedra dentro do meu olho, não precisa disso.

-Você nem sequer consegue me chamar pelo nome! Não é porquê eu não tenho sei lá quantos anos ou viajei no futuro que perdi a porra da minha identidade.

E foi assim que ele foi trabalhar pisando alto e eu passei o dia emburrado e deitado na cama mexendo no celular vendo vídeos de cachorrinhos engraçados. Nem sempre a vida é justa, coleguinhas.

suddenly 30 · jaeyongOnde histórias criam vida. Descubra agora