vinte e dois

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-TY, você acha que eu combino mais com vermelho ou preto? - Yuta perguntou levantando dias jaquetas de cores variadas.

-Vai com aquela camisa xadrez vermelha. - Respondi estirado na cama dele e lendo um mangá esquisito de titãs que achei.

-Boa ideia. - E lá estava Yuta se arrumando, completamente vestido de emo. - Tem certeza que não vai?

-Não, mas se for, só chego mais tarde. - Falei me levantando.

Não passou muito tempo e Yuta foi para a casa de Jaehyun e eu fui pra minha. Tecnicamente, Jaehyun não me chamou, só comentou vagamente sobre, então não sei se vou realmente aparecer.

Mas assim, até que tinha uma coisinha guardada pra ele, num pacotinho feinho feito a mão. E, no final, lá estava eu me arrumando pra ir pra tal festa. Me arrumar se traduz em tomar banho e colocar a camiseta preta dentro da calça.

Suspirando, entrei na casa já procurando por Jaehyun, foda mesmo foi ter encontrado uma garota quase escalando ele. Pior seria se fosse o contrário e dentro de um quarto.

Sinceramente, já é meio complicado pensar que deixaram ele fazer uma festa, ainda mais no meio da semana. Ai meu Deus, o que que eu vim fazer aqui? Onde foi que amarrei meu burrinho? Alguém viu minha bicicletinha roxa sem freio?

Deveria ter ficado em casa, sabia que eu tinha aie ter ficado lá. Essa merda de linha do tempo pode até ser nova e aquela porra de futuro ter deixado de existir a muito tempo. Não sei porquê tô pensando tanto sobre isso, a gente nem tem nada e ele nem gosta mesmo de mim.

Se eu tivesse dado meia volta antes de sair do meu quarto eu não estaria descontando qualquer tipo de sentimento em um poste ou ter pensado em destruir essa lembrancinha na base da unhada mesmo.

-Taeyong? Não me ouviu te chamar? O que está fazendo? - Ouvi a voz dele se aproximando. Sério, a última coisa que eu queria agora. Piora quando tocou meu ombro. - O que você tem?

-Nada.

-Não precisa falar assim, tô realmente preocupado. Te vi saindo quase correndo, tá passando mal?

-Não, Jaehyun. Volta pra lá.

-Não volto sem você.

-Que pena, vai morar na rua.

-Qual o problema, Taeyong? Me fala, somos amigos, certo?

-Errado, Jeong, esse é o problema.

-É sério, você não faz ideia do quanto é difícil te entender.

-Não faço?

-É, tipo agora, você saiu daquele jeito e depois fica assim comigo.

-Você acha que eu me entendo? Acha mesmo que não sei o quão horrível é conviver comigo? Yoonoh, eu fiquei perdido por meses em um lugar que nem era meu de verdade. Cheguei aqui e ainda tive que lidar com a decepção das pessoas mais importantes pra mim quando souberam que eu estava de volta. Vivo minha vida esperando por um futuro que pode nem sequer ser verdade. E, pra piorar, ainda tenho ciúmes de você. Então, sim, eu sei como é difícil me entender.

-Por que isso seria ruim? O ciúmes, no caso.

-Porque acabei de te ver com uma gatota e nem direito de sentir isso eu tenho.

-Tae, você me conhece melhor que muita gente, sabe que não gosto de garotas.

Se isso foi pra fazer eu me sentir melhor, ele errou feio, só me sinto mais patético ainda. Me sentei no meio-fio com a cabeça baixa e ele se sentou do meu lado, apertando meu cotovelo.

-Me desculpa.

-Tudo bem, Tae. O que é isso na sua mão?

-Seu presente. É pobre, mas foi feito com carinho.

-E o que seria?

-Você quer um peixe, tá aí seu aquário. Se quiser, conheço um abrigo, a gente pode ir adotar um depois.

Não reagi, só sei que depois disso eu tava jogado no chão com o corpo dele em cima do meu e ele ria igual uma criança. Acho que só reagi mesmo pra corresponder ao beijo que ele me deu.

Foi um beijo desajeitado, tanto pela posição quanto pela experiência. Minha mão apertava a barra de sua blusa e a outra apoiava seu ombro, acho que as dele sustentavam o próprio corpo.

Depois de separarmos, nos encaramos. Mesmo sem muita luz, seus olhos brilhavam, bonitos. Ele sorriu e não consegui segurar uma risada gostosa quando a covinha dele apareceu.

-Foi tão ruim assim pra te dar crise de riso? - Falou vermelhinho, gracinha.

-Foi muito, na verdade. É que você é tão lindo que me causa felicidade. - Respondi passando as mãos pelo seu rosto.

-Tenho dois presentes de aniversário, então?

-Quantos quiser.

-Achei que não viria.

-Tudo por você.

-Boiola.

-Só por você, meu amor.

suddenly 30 · jaeyongOnde histórias criam vida. Descubra agora