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        JOSHUA KYLLE BEAUCHAMP 🍷

  Dias se passaram e nada mudou. Nour ia até lá todos os dias e ficava comigo sempre que James não estava. Não conversávamos sobre nada; ficávamos simplesmente em silêncio esperando que meu pai abrisse os seus olhos. Quando a noite de sexta-feira chegou, eu me sentei no quarto e quando ouvi uma voz na porta, ergui o olhar. Senti o peito queimar.

  —Any. -murmurei, me levantando.

  —Oi.

  —O que você está fazendo aqui?

  Any ficou parada na porta.

  —posso entrar?

  Assenti e ela entrou devagar. Doeu muito quando vi o temor em seus olhos ao ver meu pai.
  Ele estava péssimo e isso era óbvio.
 
  Então, ela olhou para mim.
  Doeu muito ver a expressão de tristeza em seus olhos ao me ver.
  Eu estava péssimo, e isso era óbvio também.

  Ela não disse mais nada, mas me envolveu em seus braços e me puxou para perto dela.
  Meu Deus, como senti falta disso.
  Senti saudade dela. De nós.

  —sinto muito -sussurrou ela.

  —eu também. -respondi.

  Eu abracei por um tempo, com medo de soltá-la e descobri que ela era só uma miragem.
  Quando finalmente a soltei, fui até a janela e respirei fundo.

  —ele está em coma -contei, a voz falhando. —já está assim há dias agora e, se não acordar... -minha voz falhou e eu passei a mão para o cabelo. —eu o odeio -revelei. —eu o odiei por tanto tempo. Pela pessoa que ele se tornou pela pessoa na qual ele me transformou. Mas se alguma coisa acontecer com ele... Se eu o perder... -fechei os olhos. —ele é meu pai, Any. Ele é tudo que eu tenho, e se eu perdê-lo, eu vou perder meu mundo.

  Enxuguei uma lágrima teimosa que escorreu pelo meu rosto.

  —Josh, venha aqui -pediu ela suavemente. Eu odiava como a suavidade de sua voz trazia um pouco de tranquilidade para minha mente.

  —Nao -respondi. —eu estou bem. Como você sabia que eu estava aqui? Eu pedi para Nour não contar para você.

  —e ela não contou, mas você mora em Chester, Georgia. As notícias se espalham bem rápido por aqui e chegam até a Atlanta. Agora, vem até aqui.

  —eu estou bem. Sério. Você pode ir -falei para ela, olhando para o meu pai.

  —Josh -chamou ela, colocando a mão no meu ombro. Ela então entendeu a outra mão para mim. —por favor, venha aqui.

  Suspirei e dei a minha mão a ela. Ela me puxou para outro abraço apertado.

  Ela não era uma miragem.
  Ela não era um sonho.
  Ela era real... Ela estava comigo.

  —eu estou bem -afirmei.

  —mentira. -respondeu ela.

  —Any...

  —Nao... -ela negou com a cabeça e colocou a mão no meu peito. —você não pode discutir comigo sobre isso, está bem? Você tem que me deixar abraçá-lo por um tempo. Então, só fique quieto e me deixe fazer isso, está bem?

  Eu respirei fundo e a puxei para mim.

  Conforto.

  Eu não estava acostumado com isso, mas estava muito acostumado com o sofrimento. Naquela tarde, Any me ofereceu tanto conforto que mesmo se eu quisesse deixá-la ir, meu coração não teria permitido.

  —obrigado -sussurrei, puxando-a para mim e descansando a testa na dela. —obrigado por voltar.

  —sempre -respondeu ela suavemente, sua respiração tocando os meus lábios. —e para sempre.

Shame -BEAUANY (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora