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      Any Gabrielly Soares 🌹

    Apenas umas cinco ou seis pessoas não iam à missa aos domingos de manhã, e sabina Hidalgo era uma delas. Sua mãe, Ale, abriu as portas de The silent bookShop alguns anos antes seu marido, Fernando, perdeu a audição em um acidente terrível. Por um longo tempo, Fernando lutou contra a depressão, mas a única coisa que mantinha sua cabeça erguida eram as palavras dos livros.
   Todas as noites, durante meses Ale sentava ao lado dele, segurando um livro, e os dois liam juntos e em silêncio as palavras, passando as páginas enquanto seus dedos roçavam um no outro.
    Sempre que os via na cidade, eles estavam de mãos dadas ou carregando um livro. Seu refúgio estava no amor que sentiu um pelo outro e pelos livros, e quando surgiu a ideia de abrir uma livraria, na qual a única regra era o mais completo silêncio, Ale mergulho de cabeça.

    Passei muitos anos da minha adolescência naquela livraria, sentada no canto e me apaixonando por homens e mulheres de lugares distantes. Foi por causa daquela loja que eu soube que queria me tornar professora de literatura. Eu queria ensinar para as crianças a importância das palavras.
  
   As palavras tinham o poder de transportar uma garota da cidade pequena para mundos que ela jamais havia imaginado. Quando fiz 16 anos, foi naquela livraria que consegui meu primeiro emprego. Às vezes aquele lugar parecia mais um lar para mim do que minha própria casa.

     Quando entrei na livraria, senti o cheiro de tudo aquilo—das aventuras escondidas atrás das capas. As histórias de partir o coração e as que aquecem o coração também. As histórias de amor perdidos e encontrados. As histórias de auto descoberta. Aquelas que faziam com que você se sentisse menos sozinha no mundo.

    Não havia sensação melhor do que se apaixonar por pessoas que você nunca conheceu de verdade, mas que mesmo assim parecia um ser da sua família.

    A livraria era organizada de um modo peculiar. Ao entrar, você se depara com uma área na qual era permitido falar. Foi montada nela uma cafeteria com bancadas e bancos de bar. Nessas bancadas, havia palavras cruzadas que mudavam todos os dias e, enquanto tomava sua bebida, você se resolvia e batia papo com barista sobre as últimas fofocas de chester.

   A esquerda, abre as portas duplas de madeira trabalhada—feitas por Fernando—com citações entalhadas à mão da primeira frase de livros famosos.
 
Acima dessas portas, abre uma placa na qual se Lia: "Atrás dessas portas a história começa". Ao pisar naquele espaço, você encontrava dezenas e dezenas de livros. As prateleiras chegavam ao teto e havia escadas para permitir que você alcançasse o livro que nem sabia que queria.

   Havia mesas espalhadas pelo lugar e as pessoas podiam se acomodar nelas para ler. A única regra era o mais completo silêncio, como um urso hibernando durante o inverno. O único som que se ouvia era de pessoas caminhando na ponta dos pés por ali em busca do próximo.

    Eu amava a solidão que aquela livraria proporcionava.
    Era um lugar seguro no qual o único drama permitido estava nas próprias histórias.

   —nossa que dia glorioso se não é Any Gabrielly voltando para casa. -comentou Sabina, suas palavras acompanhadas pela linguagem de sinais, enquanto eu entrava na livraria. Ela sempre usava a linguagens de sinais ao falar. Era como a língua materna para ela, e os sinais que eu conhecia se deviam aos seus ensinamentos. Seu cabelo castanho escuro estava preso em um coque no alto da cabeça, e ela ainda tinha uma profunda covinha na bochecha direita que sempre aparecia quando sorria—e Sabina Hidalgo Estava sempre com um sorriso no rosto.

   Nós nós fomos juntas no ensino médio e ela com certeza era a palhaça da turma. No entanto, fora desse papel, ela também era uma pessoa muito boa. Suas palhaçadas e brincadeiras nunca eram feitas à custa dos outros. Ela é debochava de si mesma antes de fazer isso com qualquer pessoa e eu sempre adorei sua visão positiva do mundo. Além disso, na cidade, ela era uma das únicas almas em quem eu confiava para guardar meus segredos. Era a garota que permitia que eu saísse do meu papel de menina perfeita para ser um pouco Livre. Quando éramos crianças, Sabina me dava Diet Coke com um pouco de whisky e a gente sentava no parque e ficava olhando as pessoas enquanto estávamos de porre.

Shame -BEAUANY (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora