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              Joshua Kylle Beauchamp

  —você está bem? -perguntei quando Any apareceu na minha casa. Ela não tinha dito muita coisa, mas eu conseguia ver em seus olhos que ela queria usar sexo para esquecer a noite.

  —Nao -respondeu ela enquanto desabotoava a blusa. Seus olhos estavam cheios de emoção enquanto eu colocava a mão sobre a dela, fazendo-a parar.

  —o que foi?

  —nada, na verdade. Será que a gente pode... -as palavras morreram nos seus lábios enquanto elas se esforçava para impedir as lágrimas, mas Any não conseguia esconder as emoções muito bem. Suas emoções subiam à tona enquanto as minhas mergulhavam cada vez mais fundo.

  Ela fechou os olhos e respirou fundo. Seus pensamentos deviam estar passando rapidamente por sua mente, porque ela entreabriu os lábios, mas não disse nada.

  Coloquei a mão em suas costas e apostei para um abraço.

  —a gente não precisa conversar -falei. —e a gente também não precisa transar. Eu posso apenas abraçar você

  Ela negou com a cabeça, enquanto seu corpo estremecia.

  —isso é contra o nosso trato.

  —acho que a gente já está há anos luz daquele trato, princesa.

  Ela respirou fundo antes de falar.
  —tudo está muito confuso. Meu pai acha que estou cometendo enorme erro por ficar tão próxima de você. Ele não disse exatamente com essas palavras, mas sei que ele está decepcionado com o jeito como estou lidando com tudo, e minha mãe... -murmurou com a voz falhando. —ela é tão dura comigo.

  —não leve para o lado pessoal. Ela é dura com todo mundo porque a vida a tornou assim.

  —como aconteceu com você? -perguntou ela.

  —exatamente como aconteceu comigo.

  Mesmo que não suportasse Priscila Soares, percebi como tínhamos alguns traços em comum.

  Ela fungou e apoiou a cabeça no meu peito.

  —a cada dia que passa, fica mais difícil respirar. Eu fico bem quando estou com você, mas quando vou embora, as coisas voltam a ser difíceis. É como se eu estivesse usando um curativo temporário para minha dor.

  —pode me usar à vontade -respondi. —da maneira como você quiser.

  Senti o coração palpitar.
  Meu coração andava palpitando demais quando eu estava com ela, e eu não sabia bem o que aquilo significava. Eu simplesmente permitir aqui isso acontecesse, sem querer analisar muito aquilo tudo.

  —eu estou despedaçada -confessou ela.

  —é, eu sei. -peguei sua mão e beijei a Palma. —eu também.

  Ela colocou as mãos no meu peito e sentiu as batidas do meu coração.

  —você pode me consertar um pouco?

  —posso fazer isso a noite toda e continuar amanhã.

Shame -BEAUANY (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora