- Vocês enlouqueceram?! - cochichei, enfurecida, olhando para Sara e Emily. Estávamos, no momento, seguindo o vampiro alto por entre a aglomeração de clientes que, alheios a nossa situação, continuavam se divertindo. - A gente combinou que tinha vindo aqui para se divertir, e não para criar problemas!
O vampiro punk, que vinha logo atrás de nós, soltou uma gargalhada.
- E pode ter certeza de que elas se divertiram, querida - ele disse.
Virei-me para encará-lo e o estúpido estava com um sorriso irônico nos lábios.
- Fica quieto, que eu não estou falando com você! - lhe esbravejei.
Ele estreitou os olhos, me lançando um olhar desafiador e afastou os lábios, exibindo as presas pontiagudas, fazendo um grunhido baixo soar do fundo de sua garganta.
- Silêncio, por favor - o vampiro alto ordenou, com a voz mórbida, olhando-nos por cima de um ombro. Ele nos guiava agora por uma escada que levava a um segundo andar no clube.
- A culpa é minha - Emily lamentou. - Semana passada eu estive aqui e experimentei beber dele - ela confessou, fazendo um sinal com a cabeça em direção ao vampiro punk. - Hoje, quando o vi, eu não resisti e acabei convencendo a Sara a beber também. O gosto é tão bom, Ana! - confessou.
- Eu não acredito - balancei a cabeça, em protesto, não sei se mais cética quanto ao fato dela ter bebido por duas vezes do sujeito, e ter gostado, ou por ter conseguido persuadir Sara a fazer o mesmo. - Então era por isso você queria vir aqui hoje? Para se encontrar com ele?! - lhe questionei, ao lembrar que a sugestão de virmos ao lugar fora dela, possivelmente por ter esperanças de topar com o tipo.
- Me desculpem, por favor - Emily pediu, direcionando o olhar para mim, e depois para a figura cabisbaixa de Sara.
- E agora, o que vai acontecer? - Sara perguntou, com um sussurro.
Foi o vampiro punk quem se dignou a responder.
- Lamento informar, minhas queridas, mas se o chefe quer nos ver, é porque coisa boa não nos espera.
- Oh, Deus! - murmurei, e fechei os olhos, expirando todo o ar. A ação cometida por Sara e Emily era passível de processo, visto que, pela justiça, o consumo de sangue vampiro pelos humanos era ilegal. Se o responsável pelo estabelecimento optasse por punir juridicamente a ação cometida, ele estaria em seu direito, o que significava que uma dor de cabeça enorme nos aguardava.
- Silêncio! - nos repreendeu o vampiro alto, que agora havia se virado e olhava diretamente para nós. Dessa vez ele pareceu mortífero. Frente a isso, permanecemos em um silêncio sepulcral até chegarmos ao que parecia ser uma antessala. Um ambiente que possuía uma ampla parede de vidro ao lado direito, dando uma visão geral e privilegiada de todo o clube, e que tinha alguns móveis requintados, como sofás, poltronas, mesa de centro, além de alguns ornamentos, todos dispostos harmoniosamente. - Esperem aqui - ele ordenou e nos deu as costas, seguindo em direção a uma porta localizada poucos metros à nossa frente. Trocamos olhares e esperamos, enquanto o observávamos se aproximar e bater uma vez. Uma voz soou do lado de dentro, mas não deu para ouvi-la muito bem. Ao que pareceu, o vampiro alto recebeu alguma autorização para entrar, pois abriu a porta, entrando rapidamente na sala. Segundos depois, ele saiu. - Por favor, por aqui - ele ordenou, posicionando-se ao lado da porta aberta, direcionando-nos para o interior da sala.
Senti-me como uma ovelha indo em direção ao matadouro. O vampiro punk foi na frente, Emily atrás, logo depois Sara e eu fui à última a entrar. Permaneci com os olhos voltados para o chão enquanto nos posicionávamos, um ao lado do outro. Quando finalmente criei coragem para levantá-los, a visão que tive fez minha respiração falhar.
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Ao Anoitecer
VampirePrimeiro volume da série Ao Anoitecer. Sinopse Uma sociedade modificada por uma revelação inesperada é o pano de fundo da história de Ana, uma jovem professora, filha de um americano com uma brasileira, que se vê às voltas em uma realidade em que hu...