Capítulo 16

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- Você sabe o que ele é. Sabe da história dele e mesmo assim está aqui. Isso diz muito sobre você. Sobre o que você sente por ele – Gabriel disse, enquanto me conduzia em uma terceira dança. Bastou alguns minutos de conversa para que eu me sentisse bem mais a vontade em sua presença. Ele era um dançarino muito habilidoso, tão bonito quanto Simon e tão divertido quanto meu irmão, Daniel. – Diga-me... não teve medo dele quando o conheceu? Porque devo te confessar que eu tremi nas bases quando o vi a primeira vez – confessou, em tom de brincadeira, e ambos sorrimos.

- Não! Sério? – perguntei, surpresa. - E como foi que vocês se conheceram?

- Posso ter minha companhia de volta? – a voz grave de Simon soou as minhas costas. Ouvi-lo me fez estremecer em cima dos saltos.

- Claro, irmão – Gabriel concordou, liberando-me. Pelo visto, o relato sobre como se deu sua ligação com Simon teria que ficar para outra hora. – Você fez uma ótima escolha – ele disse, pousando uma mão em um dos ombros de Simon.

- Obrigado, irmão – Simon agradeceu, e ambos trocaram um sorriso de complacência. Este gesto singelo me fez perceber que os dois vampiros pareciam realmente manter uma relação de confiança.

- Foi um prazer, Ana – Gabriel disse, sorrindo, inclinando a cabeça em uma pequena reverência. Ele piscou um olho para mim, e em seguida se virou, afastando-se.

Sério e em silêncio, Simon se aproximou e envolveu minha cintura com seus braços, olhando-me fixamente enquanto o fazia. Apoiei minhas mãos em seus braços fortes e ele me trouxe para mais junto de seu corpo, à medida que começamos a dançar ao som de At Last, de Etta Jones, sendo interpretada pela componente da banda. Nada mais romântico.

- Está aborrecida comigo? – ele perguntou, no que neguei com a cabeça. – Me desculpe pelo que aconteceu – pediu.

- Tudo bem – lhe certifiquei, sorrindo, pousando uma mão em seu peito para tranquilizá-lo. Seus dedos alcançaram minha nuca, segurando-a, e ele inclinou-se para beijar calidamente minha testa. Fechei os olhos, desfrutando da deliciosa sensação proporcionada pelo beijo que se prolongou por alguns segundos, e que significava muito mais do que o gesto em si podia expressar. Deixei-me levar pela maestria de sua condução, enquanto ouvia a declaração apaixonada da música. Simon quebrou o silêncio.

- Diga de novo – ele pediu, tendo a testa colada a minha. Sorri, ao ouvir o seu pedido. Não foi preciso ele especificar o que era, para que eu soubesse do que se tratava.

- Eu o amo – declarei, ainda de olhos fechados.

- De novo – Simon pediu, e pude perceber pelo seu tom de voz que ele sorria.

Abri os olhos e comprovei que estava certa. Sob seu olhar atento, aproximei os lábios de seu queixo e o beijei ternamente, arrancando-lhe algo parecido como uma expiração profunda.

- Eu te amo, Simon – declarei, junto a sua pele. Aproximei minha boca da sua, e pressionei os lábios contra os dele. – Eu o amo – repeti.

Não tive tempo para dizer mais nada. Tive o corpo pressionado junto ao dele, quando um de seus braços aferrou-se ainda mais à minha volta, deixando-me na ponta dos pés, e tive a boca tomada pela sua. Meu corpo se desfez sob seus lábios, quando percebi nuances de algo que antes não havia notado. Desejo. Um desejo tão profundo que não poderia ser aplacado apenas por meio de beijos. Meu ventre se contraiu quando me dei conta de que o queria. E o queria por inteiro.

- Já teve o suficiente da festa, Ana? – Simon perguntou de repente, interrompendo brevemente o beijo.

- Sim – concordei, ofegante.

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