Capítulo 04

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"Suas consumações serão por conta da casa" – Simon anunciou, à medida que atravessávamos a aglomeração no clube, em direção à saída. Um gesto que, sinceramente, me pegou desprevenida e me fez pensar se isso era uma tentativa sua de amenizar o medo que ele produzira em nós. Mantendo uma postura firme, ele seguiu por entre a multidão sem dar muita atenção a alguém e apenas inclinava a cabeça, sem esboçar nenhum sorriso, a um ou outro vampiro que lhe cumprimentava. Quando conseguimos chegar ao lado de fora do clube, um rapaz humano, vestindo terno, acenou e deduzi que devia se tratar do manobrista. Simon, então, fez um sinal para que o seguíssemos. Fomos em direção a uma Tucson preta e tive que admitir, internamente, que, a julgar pelo carro, decoração do clube e modo de se vestir, ele com certeza possuía bom gosto, apesar de ser visivelmente instável, sisudo e petulante.

- Obrigado, Sam – ele agradeceu, recebendo as chaves do carro das mãos do manobrista.

- Senhor – o rapaz disse, afastando-se logo em seguida.

- Por aqui – Simon indicou, abrindo a porta de trás do carro.

Sara e Emily praticamente saltaram para dentro do veículo, afundando-se tão rápidas no banco traseiro que pareciam estar fugindo de algo. Enquanto Simon fechava a porta, lancei a elas um olhar fulminante, pois ficou claro que eu teria que seguir com ele no banco da frente.

- Srta. Miller? - ele chamou, abrindo a porta do carona para que eu entrasse.

- Obrigada – ofereci-lhe um leve sorriso e entrei no carro.

Enquanto ele fechava minha porta e seguia até a porta do motorista, virei-me para olhar minhas amigas sentadas no banco traseiro.

- Eu não acredito que depois de tudo o que aconteceu essa noite vocês ainda me deixaram para ir aqui na frente, com ele! – exclamei.

- Ele me dá medo, Ana – Emily choramingou.

- A mim também! – protestei. Neste momento, Simon abriu a porta do carro, e se afundou no banco do motorista.

- Tudo bem? – ele perguntou. Seu olhar passando de mim para Emily e depois para Sara.

- Sim! – respondemos ao mesmo tempo.

- Ótimo. Então?... Para onde devo levá-las?

- Brookline – respondi.

- Todas residem lá?

- Sim – respondi.

- Bookline, então – ele disse, ligando o carro, o manobrando para sair. Por algum motivo desconhecido, ele esboçou um sorriso no canto da boca, como se algo engraçado, ou obscuro, viesse-lhe à mente.

A viagem aconteceu toda em silêncio. Simon parecia muito pensativo e distante, e nenhuma de nós teve coragem de abrir a boca para dizer alguma coisa. Quando chegamos a Brookline, ele quebrou o silêncio.

- Para onde devo seguir primeiro? – perguntou. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa, Emily se manifestou.

- A minha casa, por favor – disse apressadamente. - Fica logo ali, depois daquela curva. – explicou.

Simon curvou com o carro, e quando entramos na rua seguinte, ela foi explicando, até que chegamos a casa.

- Chegamos - ele anunciou, estacionando o carro junto ao meio fio.

- Muito obrigada, Sr. Grant – Emily disse. – Vejo vocês amanhã, meninas – se despediu, já abrindo a porta do carro.

- Espera! – Sara exclamou, de repente. - Emily, na verdade, será que eu podia dormir na sua casa, hoje? – perguntou cautelosamente.

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