Capítulo 12

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Fui despertada no dia seguinte pela doce melodia da música que marcara meu jantar com Simon, algo que me deixou de extremo bom humor. Teria me sentido melhor ainda se o tivesse encontrado ao meu lado, mas dado que a luz do sol já brilhava forte do lado de fora isso era algo impossível de acontecer, visto que meu quarto não possuía nenhum fechamento adequado para atender aos da sua espécie. Contudo, o lugar que ele ocupara não estava completamente vazio. Em cima do travesseiro repousava um belo lírio branco. Um gesto singelo que realmente aqueceu meu coração.

O trajeto feito até o aeroporto foi realizado por mim em um estado de ânimo melhor do que o dos dias anteriores. Compartilhar da companhia de Simon, mesmo que somente por algumas horas, foi maravilhoso. Saber que o estado de Allan tinha finalmente melhorado e que ele se encontrava fora de perigo também era tranquilizador. Pouco antes de embarcar liguei para Sara em busca de notícias, sendo informada por ela de que devido à recuperação de Allan, os médicos provavelmente lhe dariam alta no dia seguinte. Isto, para alguém que até poucas horas estava praticamente morto, era um avanço enorme, o que deixou os profissionais do hospital maravilhados, mas também intrigados. No fundo, creio que tanto os médicos, quanto os pais de Sara desconfiavam de algo, mas felizmente ninguém tinha como provar nenhuma teoria, principalmente uma que levasse a Simon.

Algo que não havia confessado a Simon era que, além de poder matar as saudades da minha família, minha viagem ao Brasil também tinha a ver com ele. Eu não conseguia mais evitar o que sentia por ele, mas precisava conversar imediatamente com meu pai, antes de tomar qualquer decisão. Dado a origem do assunto, considerei que seria mais prudente se a conversa transcorresse pessoalmente. Mesmo tendo esta certeza, não posso negar que me senti ansiosa quando o avião levantou voo, levando-me não só para mais perto da minha família, mas também para a opinião singular que meu pai possuía em relação aos vampiros.

Já era início da noite quando desembarquei no Brasil, depois de longas horas de viagem. Olhando por entre a multidão de pessoas que transitavam pelo local, procurei por meu pai e Daniel, tendo um pouco de dificuldade de encontrá-los, devido à grande movimentação. De repente ouvi alguém me chamar.

- Ana! Aqui!

Caramba! Eu reconheceria essa voz em qualquer lugar do mundo. Meu coração acelerou quando me virei e consegui avistar Daniel.

- Ei! – acenei, radiante de felicidade por finalmente poder rever meu irmão e meu pai, que se encontrava ao seu lado. A passos rápidos, fui até ambos, me lançando nos braços abertos do meu pai.

- Ana! Que saudades, filha! – ele disse, prendendo-me em seu abraço de urso. À primeira vista, quem o olha pode se sentir intimidado. Trata-se de um homem alto que graças aos anos de sua juventude dedicados ao esporte ainda mantém um porte atlético. Apesar de sua fisionomia séria, basta alguns minutos de conversa para arrancar-lhe um sorriso e se fascinar com seus olhos azuis, que foram orgulhosamente herdados por Daniel.

- Eu também senti tanta saudade de vocês – declarei, comovida, junto ao seu peito.

- E aí, "ana-banana"? – Daniel brincou as minhas costas, me arrancando risos e fazendo com que meu pai me liberasse para que eu pudesse abraçá-lo.

- Vê se cresce, garoto! – disse, dando-lhe um tapa de leve no braço forte, antes de abraçá-lo. Com 1,85m de altura, olhos azuis, cabelos em tom de castanho claro e dono de uma personalidade cativante, Daniel sempre foi mais do que um irmão. Ele era um amigo, que, na condição de filho mais velho, sempre procurou me proteger e cuidar.

- É bom te ver, irmã – ele declarou, ternamente, junto aos meus cabelos.

- Vamos lá, vocês dois – meu pai chamou, tocando em nossos ombros. – Vamos para casa.

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