Capítulo 11

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Caminhamos pelos corredores movimentados por médicos, enfermeiras, pacientes e visitantes, até que chegamos à recepção, onde ficamos esperando enquanto o médico examinava a Allan, e Sara dava a seu pai, por telefone, a notícia da melhora. Emily e eu nos sentamos em um sofá e a mãe de Sara sentou-se em uma poltrona logo à nossa frente.

- Emily, agora que as coisas parecem estar melhores, acho que vou embora. Eu estou exausta – lhe sussurrei. - Meu voo para o Brasil sai amanhã pela manhã e eu queria ver se conseguia dormir pelo menos um pouquinho essa noite.

- Tem razão. Eu também vou, então. Você me dá uma carona?

- Claro. Eu vou ligar para o Simon avisando que está tudo bem e que nós já vamos.

- Ah, olha ele ali – ela disse, sinalizando com a cabeça em direção ao início do corredor.

Assim que o vi, fui ao seu encontro.

- Tá tudo bem? Você conseguiu se alimentar? – lhe perguntei, ao me aproximar.

- Tudo em ordem – ele confirmou, me sorrindo.

- O Allan acordou, Simon – anunciei, comovida. – Acordou.

Ao receber a notícia, seus lábios curvaram-se em um sorriso cheio de satisfação.

- Venha aqui – Simon chamou, abrindo os braços, convidando para que eu pudesse me aninhar junto a seu corpo. Aceitei seu convite e lhe circulei a cintura com os braços, descansando a cabeça em seu peito. Fechei os olhos, respirando aliviada, grata por tudo ter dado certo.

Logo nos despedimos de Sara e de sua mãe. Com Simon sentado no banco do carona e Emily no banco traseiro do meu carro, voltei dirigindo para casa. No caminho, deixei Emily em sua casa e segui para a minha. Ao chegar, estacionei meu carro em frente à garagem, recebendo a mão de Simon, que em um gesto cavalheiro me ofereceu auxílio para sair do veículo.

- Caramba! Eu preciso muito de um banho – comentei, enquanto seguia com Simon em direção as escadas de entrada da minha casa. – Eu saí do trabalho e fui direto para o hospital, e agora parece que eu estou com aquele cheiro de ambiente estéril impregnado em mim.

- Para mim você cheira perfeitamente bem – Simon disse, sorrindo. – Mas eu lhe entendo. Eu passei a viagem de volta enfurnado em um caixão e apesar de não poder suar, apreciaria tomar um banho para retirar o cheiro deixado pelo compartimento fechado.

- Você não passou em casa antes de ir para o hospital?

- Não. A primeira coisa que fiz, assim que desembarquei em Boston, foi me dirigir até o hospital. Como não sabia quanto tempo seu amigo ainda aguentaria, achei mais prudente seguir o mais rápido possível até o hospital.

- Você salvou a vida dele, Simon – declarei, me detendo em um degrau acima do que ele estava, para o olhar. - Eu... nem sei como agradecer pelo que você fez.

- Eu sei – Simon disse, envolvendo meu rosto entre as mãos. Assim que sua boca desceu de encontro a minha, reclamando-a em um beijo urgente, me desfiz sob a sensação de entorpecimento causada por sua investida apaixonada, e correspondi ao seu beijo, enquanto mantinha as mãos mergulhadas no volume de seus cabelos. – Precisamos conversar – ele sussurrou, entre um beijo e outro.

- Sim... – concordei, ofegante, junto aos seus lábios. – Mas será que podemos fazer isso depois de eu tomar um banho? – sugeri. A essa altura eu precisava que o prazer proporcionado pela água quente me ajudasse não só a relaxar, mas também a organizar os pensamentos acerca do que Simon e eu tínhamos a tratar.

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