Capítulo 09

34 4 0
                                    

É impressionante como, geralmente, quando algo assume importância em nossas vidas, o mesmo passa a permear nossos pensamentos continuamente. É assim, por exemplo, quando sabemos que nosso aniversário se aproxima e tudo o que sabemos fazer é pensar em como festejar, em agradecimento a mais um ano de vida, e quais presentes se deseja ganhar. Isso também se estende a aniversários de familiares e amigos, ou a casamentos e bebês que, em meio a tantos preparativos, são aguardados com ansiedade e entusiasmo. Foi assim também quando eu estava prestes a entrar na universidade e tudo que sabia fazer era pensar sobre o assunto. E agora estava sendo assim com Simon.

Por toda a manhã, enquanto tentava me concentrar em ministrar minhas aulas, minha mente voltava a sua imagem, seu toque, sua voz. Queria saber se correu tudo bem na viagem, se ele havia chegado em segurança, se estava bem. Infelizmente, esperar que a noite caísse, e com ela a certeza de que Simon estaria desperto, era a única coisa que me restava a fazer. Terminara meu almoço e voltava a pé até a escola quando recebi uma ligação.

- Oi? – atendi, parando na calçada para observar uma vitrine de loja de artigos femininos.

- Quando é que você pretendia me contar sobre você e o Sr. Grant?! – a voz de Sara soou repreensiva.

- Oi, Sara. Tudo bem com você? – desconversei.

- É sério, Ana! Como é que você não me conta uma coisa dessas?! Desde quando isso tá rolando?

- E-eu não sei, Sara. Só... aconteceu – gaguejei, e me inclinei para mais perto da vitrine, fixando minha atenção em um belo par de sapatos.

- Mas você gosta dele?

- Sim – sorri, ao confessar-lhe.

- Oh, minha nossa! – ela declarou, e ouvi seu suspiro exasperado. – Olha, a gente tem que conversar sobre isso. Você quer ir lá em casa hoje à noite para jantar? Minha mãe pode preparar um daqueles jantares especiais que só ela sabe fazer e você vai e me conta direitinho sobre essa história, porque até agora eu tô pasma. O que você acha?

- Por mim tudo bem.

- Ótimo. Eu vou convidar a Emily também, então. Às oito está bom pra você? – sugeriu.

- Combinado – concordei.

- Perfeito. A gente se vê mais tarde.

Nos despedimos e após vencer a tentação de comprar os maravilhosos pares de sapato que pareciam reluzir na vitrine, tomei meu caminho, rumo a escola.

                                                                                                 *****

- Ana, querida! – a mãe de Sara saudou, ao me receber na porta e envolver-me em um abraço acolhedor. A mulher de meia idade, de pele branca, olhos verdes e cabelos pretos cortados em um corte chanel, era o vislumbre da elegância.

- Olá, Sra. Taylor. Como vai? – perguntei, retribuindo-lhe o carinho com um forte abraço.

- Muito bem, obrigada. É um prazer recebê-la! – ela disse me liberando. - Por favor, entre – a cativante mulher pediu, pondo-se ao lado da porta aberta e fazendo um gesto para que eu adentrasse a residência.

- Eu é que agradeço – disse, a observando cerrar a porta.

- Ana! – Sara disse, saltando do sofá para abraçar-me. Por cima de seu ombro, avistei, no ambiente reservado a aconchegante sala, Emily acomodada em um dos assentos do sofá e o pai de Sara, um homem esguio, de pele morena e cabelos castanhos, instalado ao seu lado. - Como vai, Sr. Taylor? – perguntei-lhe, quando Sara me liberou.

Ao AnoitecerOnde histórias criam vida. Descubra agora