Capítulo Três

316 43 0
                                    

Adeline Percy
Londres, Inglaterra - 2022

O saco de área pendurado e feito para ser espancado era meu melhor amigo hoje. Perdi a noção das horas desde que cheguei na academia, quando olhei o relógio já se passavam das sete da noite e eu já deveria estar em casa.

Me perder no treino era a única coisa que me mantinha sã, infelizmente eu tenho o que os psicólogos chamam de TAG, ou Transtorno de Ansiedade Generalizada, o que tem afetado diretamente minha vida desde os meus quatorze anos. Terapia, esportes e pilotar em altíssima velocidade são as únicas coisas que trazem paz para a minha cabeça e se não fosse isso, eu certamente dependeria de algum remédio forte.

Conheço pessoas também diagnosticadas que para elas é impossível viver normalmente sem os remédios, não consigo julgá-los, essa merda acaba com o psicológico, quem não tem facilidade de lidar de outros modos, infelizmente acabam precisando de medicação e em alguns casos, mesmo com outros meios de lidar, ainda assim precisam se medicar.

Essa tem sido uma das principais razões pelas quais decidi estudar psicologia. Entender como funciona a mente humana sempre foi tentador.

Alcancei o celular repousado no chão e avistei mais de trinta chamadas perdidas de Kim, Caleb e Emily. Senti meu coração acelerar no mesmo instante, não fazia ideia do que poderia estar acontecendo, pois os três nunca tiveram o habito de me ligar em sequência. Decidi que retornaria Emily, ela sempre foi a mais calma.

— Line? — ela perguntou assim que atendeu o telefone.

— Sim — falei sentando no tatame. — O que aconteceu?

— Graças a Deus, olha as minhas mensagens agora. — Emily pediu e continuou na ligação. Desbloqueei a tela e imediatamente abri nossa conversa, onde tinha inúmeros recados e uma foto.

— Mas que porra é essa? — exclamei alto me levantando.

Não era apenas uma foto, era o print de uma notícia ou melhor, fofoca, de algum perfil qualquer, onde havia eu e a professora de ética muito próximas uma da outra, no dia em que esbarrei nela na biblioteca. Além da foto havia uma manchete gigantesca.

"ADELINE PERCY E A NOVA PROFESSORA FORAM FLAGRADAS JUNTAS PELOS CANTOS DA UNIVERSIDADE DE LONDRES E PROXIMIDADE GERA RUMORES."

— Que merda é essa, Emily? — perguntei, meu tom deixava claro que eu estava irritada e muito confusa.

— Não faço a menor ideia, eu recebi do Kim, ele até fez piada pensando que você está transando com a professora nova — Emily dizia e pelo seu tom ela estava preocupada. — O que está acontecendo?

— Não está acontecendo nada — praticamente grito. — Eu esbarrei nela e ela aproveitou para me repreender de novo, isso não durou nem um minuto.

— Então você vai precisar se explicar, porque pela repercussão, já deve ter chegado na direção. — alertou.

Comecei a me acalmar em pensar que eu terei apenas que esclarecer um mal entendido e nada mais, porém, minhas mãos seguiam tremulas e geladas. O que também me leva a pensar que talvez Cecília seja prejudicada e eu tenha que conversar com ela mais do que eu pretendia.

—Vou dar um jeito — digo mesmo sem muito certeza. — Valeu, Mily. — desligo o celular sem dar tempo de Emily responder.

Nada me faz perder mais a calma do que fofocas. Sempre odiei o fato das pessoas saírem por aí espalhando informações das quais elas nem conhecem a veracidade, mas nunca me importei que fizessem isso comigo contando que não me prejudicassem. Universitários desconhecem o significado da palavra "limite".

Senhorita AspenOnde histórias criam vida. Descubra agora