Adeline Percy
Londres, Inglaterra - 2022Nunca havia despertado tão bem quanto naquela noite. Isso mesmo. Cecília e eu passamos o restante da tarde juntas, trancadas no quarto como se o mundo não existisse, como se, naquele instante, só nossos desejos importassem.
Meu peito estava leve. Não tinha luz entrando pelas cortinas, tudo que tinha era seu corpo repousado em mim, sua respiração quente tocando minha pele e aquele maldito rosto, que de tão bonito, estava me deixando idiota.
Não queria deixa-la, queria ficar aqui e dormir mais com ela em meus braços, acordar mais vezes no meio da noite com ela no meio das minhas pernas. Não quero ir.
Mas eu realmente precisava. Kim estaria me esperando do outro lado da cidade.
Apesar disso, não quero que Cecília pense que eu simplesmente fui embora, que pense que isso não significou nada. Porque significou mais do que deveria.
Sai da cama com delicadeza, temendo que ela acordasse. Vesti minhas roupas e deixei uma mensagem, logo em seguida sai do quarto, fechando a porta. Subi em minha moto e deixei que ela roncasse antes de dar a partida.
Encontrei Kim no lugar que marcamos durante a manhã, a orla do rio, que naquele horário, era completamente deserta. O coreano, como sempre, pontual.
— Demorou. — falou assim que eu desliguei a moto.
— Foi por uma boa causa. — pisquei para ele que sorriu negando com a cabeça e olhando o tablet em mãos e logo em seguida, me entregando.
O aparelho mostrava imagens de uma câmera de segurança, onde meu pai, conversava com homens armados, claramente criminosos. Eles conversavam calmos, todos de pé distribuídos no galpão, parecia um tipo de reunião. Logo em seguida, um tiroteio começa, alguns dos homens armados são baleados, meu pai, Timothy, havia corrido e se abaixado em um dos cantos, o vídeo termina em seguida.
— Mais alguma coisa? — perguntei a Kim.
— Passa o vídeo para a esquerda — fiz o que ele disse. Era uma notícia, não muito extensa, dizendo que traficantes locais haviam sido encontrados mortos em uma cidade no inteirior, o nome de meu pai estava escancarado em uma das linhas, o acusando de estar envolvido, já que as mortes não foram dadas de um confronto policial. — Foi apagada duas horas depois de publicada, a jornalista que a escreveu desapareceu no dia seguinte.
Há meses eu vivo com uma pulga atrás da orelha, desde que encontrei uma quantidade absurda de documentos no escritório do meu pai, dos quais fechavam vendas de terrenos no interior, áreas restritas devido as atrocidades passadas. Assassinatos quase classificados como genocídio, estupros, suicídios e as mais diversas desgraças, das quais eu descobri terem sido praticamente esquecidas pelo governo e pela polícia. Até então, eu pensava que seu trabalho o levaria apenas a ações hoteleiras e nada mais, porém, aquilo me dizia que aquele homem, era muito mais do que apenas um empresário.
A notícia havia sido publicada dois meses atrás. Mesma época em que Cecília chegou na universidade.
— Achou algo sobre Enrico? — perguntei.
Ele era mais uma das causas da minha ansiedade. A aparição dele e o nome sido proferido com tanto asco por Cecília no telefone me deixaram intrigada, o suficiente para pedir que Kim o investigasse.
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Senhorita Aspen
Romance16+ | LGBTQIAP+ | Age gap "Dentre todas as vezes em que estive no inferno, em nenhuma delas tive a chance de conhecer o Diabo. Você me levou ao paraíso apenas por segurar minha mão e foi aí que eu pude conhecer a verdadeira serpente do Éden."