Adeline Percy
Londres, Inglaterra - 2022— Você beijou ela?! — Emily pergunta mais alto do que deveria.
— Fala baixo, caralho! — a repreendo. — E sim, mas foi só isso.
Faz duas semanas desde a última vez que vi Cecília. Ela não responde minhas mensagens, nem atende minhas ligações e seu carro continua estacionado em frente sua casa, presumo que eu esteja sendo ignorada.
— Duvido. — minha amiga diz. Pois é, as vezes até eu mesma duvido que tenha sido só isso mesmo.
— Duvide o quanto quiser, foi um beijo e nada mais.
— Pera aí, Adeline — ela cruza as pernas bronzeadas. — Você foi na casa dela para uma suposta "aula particular" — faz aspas com os dedos. — E a única coisa que rolou foi um beijo? Você tá de sacanagem comigo?
— Eu estou confusa — estreito os olhos. — O que exatamente eu deveria ter feito a partir do princípio que ela é minha professora de ética? O que torna isso pior ainda.
— Deveria ter metido a mão por baixo do robe dela, provavelmente ela estava sem calcinha. — Emily fala com naturalidade, levando em consideração a minha personalidade pervertida que as pessoas tanto comentam.
— Você não tem modos, garota. — rio da sua falta de decência.
— Você também não e é por isso que deveria ter transado com ela.
Não posso negar que essa foi a minha vontade desde que coloquei minhas mãos nela. Mas, se apenas um beijo já tornou a situação arriscada demais para nós, o que sexo teria trazido? Arrependimento da parte dela e desejo excessivo da minha.
Ela não tem a mínima noção do que faz comigo, nem eu mesma entendo o que acontece quando estou perto dela. De repente, eu sou uma garota de dezesseis anos outra vez, com os hormônios loucos e minha mente berrando o tempo todo que eu deveria ter enfiado meus dedos em Cecília quando tive a chance.
Você é uma maluca pervertida, Adeline.
— Pensei que ela fosse casada. — informa Emily com seu tom de fofoqueira.
— Pensava também.
Sendo honesta, passou várias vezes por minha cabeça a possibilidade de Cecília ser casada, mas isso nunca foi algo que me impedisse de me aproximar dela. Dado o princípio que perdi a conta de quantas mulheres casadas eu já me relacionei sexualmente.
— E ela é? — pergunta.
— Não tenho certeza, mas noventa porcento de chance de não ser. — digo e tento procurar na minha memória algum indício de um marido.
Nada. Cecília ao menos usava aliança ou tinha quadros espalhados pela casa. O único quadro que tenho bem guardado na cabeça é aquele em sua parede, do qual eu estranhamente me vi tão encantada.
— Mesmo se fosse, isso nunca seria um obstáculo para você — a olho fingidamente ofendida. — Amiga, você é a maior comedora de casadas que essa Londres já viu. — rimos juntas e meu peito parecia pesar menos que antes.
💋
Uma. Duas. Três. Doze ligações. E nada.
Ela não queria falar comigo, eu estava sendo jogada para o canto depois daquele beijo maldito e isso está me irritando mais do que deveria.
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Senhorita Aspen
Romance16+ | LGBTQIAP+ | Age gap "Dentre todas as vezes em que estive no inferno, em nenhuma delas tive a chance de conhecer o Diabo. Você me levou ao paraíso apenas por segurar minha mão e foi aí que eu pude conhecer a verdadeira serpente do Éden."