Capítulo Vinte

187 16 1
                                    

Adeline Percy
Roma, Itália - 2022

Os dias passaram rápido desde que chegamos, a viagem tem sido fascinantemente... agitada, pode se dizer, levando em consideração que Cecília e eu estamos no quarto a maior parte do tempo. Ela me disse que está testando os limites da minha capacidade física e isso faz sentido já que ela tem realmente testado minha integridade, principalmente meu pulmão e minhas pernas.

Estou conhecendo mais o lado romântico e sentimental dela. Cecília gosta de beijos com gosto de café, chocolate branco, andar no meio fio, conversar simpaticamente com as pessoas que cruzam nossos caminhos, fazer cócegas e beijos de borboleta. 

Estávamos tomando café em uma padaria de viela, um lugar tipicamente italiano, confortável e aconchegante. A companhia dela fazia eu me sentir em casa, verdadeiramente bem em estar em algum lugar, como se eu a pertencesse no completo absoluto e eu sabia que pertencia. Cecília usava um vestido branco e comprido, aqueles levinhos que o vento balança e na praia a água salgada molha a barra, o cabelo em um penteado meio preso e totalmente sem maquiagem.

Ela era extraordinariamente linda. Exageradamente perfeita.

Alba... — ela chamou, estava olhando algo fixamente antes de me encarar. A olho, esperando que ela diga.

— Sim, amore? — pergunto, Cecília sorri ouvindo o apelido.

— Não é nada, eu só... — desvia o olhar e mexe seu chá já frio, ela queria dizer algo importante, mas não sabia como.

Esperei pacientemente que ela dissesse ou não, apenas continuei a olhando e me perdendo no quanto ela era bela.

— Você quer conhecer meus pais? — ela pergunta em um só respiro.

Sinto minha boca secar com a pergunta, era óbvio que eu gostaria de conhecer os pais dela, mas eu não esperava que fosse acontecer agora, muito menos durante nossa viajem.

— C-como? — gaguejo ao perguntar.

— Muito cedo? — pergunta. — Olha, eu irei vê-los hoje e você não precisa ir se não estiver pronta pra conhecê-los.

— O seu pai irá me caçar com uma espingarda?

— Não, Alba. — ela ri.

— Então, eu adoraria conhecer seus pais.

Ela me olha tranquila, com os olhos brilhando, acompanha meu olhar e depois sorri.

💋

O caminho até a casa da família de Cecília durou um pouco mais que duas horas. Nós revezamos o volante mesmo eu dizendo que poderia nos levar, porém, ela não deixou.

Eu podia ouvi-lá respirando pesado, estava tensa, me olhando e suspirando a cada minuto.

— Adeline — ela me dirige, me surpreendendo por usar meu nome pouquíssimas vezes nos últimos dias. A olho e tento, sozinha, adivinhar o que ela diria. — Minha família é, bom...

— Doida?

— Não, quer dizer, isso também — ela ri. — Eles são tradicionalmente italianos, mas não são preconceituosos, nunca os vi agindo de forma negativa com pessoas assim.

Senhorita AspenOnde histórias criam vida. Descubra agora