Capítulo Dezoito

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Adeline Percy
Londres, Inglaterra - 2022

Atravessei a cidade à duzentos quilômetros por hora para dizer que meu coração sem ela se sentia perdido, esperando que ela dissesse algo tão ruim que ele se partiria de vez. Mas não. Cecília disse tudo que eu não esperava e me deu um presente lindo, seguido de um convite que me surpreendeu muito.

Quanto a faculdade, ela disse que precisava se ausentar urgentemente, pois o pai estava doente e a universidade concordou, dado o princípio que Cecília é a melhor professora dentre todos os campus. E eu, apenas usarei as minhas faltas que nunca foram usadas antes.

— Tem certeza que pegou tudo? — ela perguntou. — Se não pegou, não tem problema.

— Eu peguei tudo, amor — respondo à ela. — Mas não me importo de usar suas coisas também.

Cecília sorriu e entregou nossas passagens e passaportes para a mulher presente no portão de embarque. Ela sorriu muito mais do que deveria para Cecília.

Estávamos indo o quanto antes, ela disse que precisava demais da viajem e eu jamais negaria sair de Londres o mais rápido possível e fugir com Cecília para Roma. Fui em casa durante a madrugada, estava evitando Georgina e Timothy à semanas e não gostaria de cruzar com eles justo quando estou prestes a sair do país.

Quando estava saindo do meu quarto, percebi que Angelina ainda estava acordada, não queria que ela pensasse que eu fui embora sem me despedir e fiz questão de conversar.

Horas antes

— Tá acordada? — perguntei entrando em seu quarto com leds cor de rosa e a luz do PC iluminando seu rosto.

Angelina tinha olheiras evidentes de quem não estava dormindo e isso me preocupava. Nós nos víamos todos os dias, na faculdade ficávamos juntas, pois se eu não estava em casa, ainda precisava saber o que ela passava ficando presa às amarras dos nossos pais.

Que malas são aquelas? — ela perguntou, quando viu pela porta aberta as malas que eu havia deixado no corredor. — Vai viajar?

— Sim... — respondi. — Mas não é por muito tempo, eu prometo.

— Vai me deixar sozinha, Line? — perguntou, pude ver seus olhos marejarem.

— Não! — cheguei perto dela e agachei para ficarmos igualadas já que ela estava sentada. — Eu te ligo todos os dias, te mando mensagens e se você se sentir sozinha, eu volto. Eu volto por você.

Angelina ponderou. Seus olhos tristes me partiam, eu odiava vê-la mal, odiava vê-la chorar.

— É ela? — perguntou.

Eu tinha contado sobre Cecília. Angelina era a única que me entenderia, só ela saberia o peso dos meus sentimentos e mesmo sabendo do erro, nunca me julgaria. E foi assim que ela viu eu me apaixonando por Cecília.

— Sim.

— Para onde vão?

Roma — respondo. — Tá vendo isso? — mostrei a pulseira de berloques que Cecília havia me dado. — Ela quem me deu.

Senhorita AspenOnde histórias criam vida. Descubra agora