Eu vou te ajudar

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Luiza estava deitada na maca confortável daquele quarto tão grande e luxuoso. Já era o outro dia e ela
ainda não queria visitas, as únicas pessoas que ela realmente havia visto eram as enfermeiras, nem a
presença da mãe e da irmä foram autorizadas, mas elas entendiam, Luiza precisava do seu espaço.

O soro caia no tubinho transparente que levava até suas veias. Tentava controlara respiração para não
surtar e os sons dos aparelhos eram tudo o que ela poderia ouvir naquele cômodo, seus dedos estavam todos furados praticamente, provavelmente por terem retirado seu sangue de diversos locais para realizar exames.

- Licença, espero que eu poSsa entrar.

Valentina apareceu na porta, tirando a garota de seus pensamentos privados, Luiza não disse nada, apenas suspirou e Priscilla entendeu aquilo como um
"entre" então o fez.

- Eu não vou perguntar se está tudo bem, por que sei que não está.

Ela começou e viu que Luiza deu ombros, mesmo que minimamente.

- Certo, só vim dizer que estou aqui caso precise, tudo bem?

Luiza nada disse.

- Okay, então acho que já vou indo.

Valentina parou por mais alguns segundos apenas dando a chance para que Luiza pudesse para-la ou impedir ela de ir, mas nada foi ouvido, então sua mão foi até a maçaneta. Mas antes que ela pudesse realmente ir, escutou a voz trêmula da garota:

- Valentina não vai, fica aqui comigo por favor.

Luiza sussurrou bem baixo, se a sala não estivesse em completo silêncio, Valentina não teria ouvido.

Então a mais velha sorriu ainda de costas, se virou devagar para Luiza e caminhou até a cama, sentou- se na poltrona de acompanhantes e começoua falar de forma sútil e delicada:

-Eu sei que pode ser dificil pra você, mas eu só desejo que...

- Não Valentin, você não sabe o quão difícil é isso tudo pra mim, e pelo visto não deve imaginar que a pena
dos outros não resolve nada. Não diminui a minha dor, apenas me faz lembrar cada vez mais de como eu
sou inútil e de como eu nunca vou conseguir segurar um filho!

Luiza proferiu as palavras e logo seu rosto estava molhado por conta das lágrimas que caiam, Valentina ficou quieta pois imaginava a dor e a frustração que ela estava sentindo. Ela zelava por Luiza mais do que ninguém, então a Latina continuou.

-Eu me sinto um lixo quando ela começa a me dizer toda aquelas coisas, você não tem noção.

Dito isso ela se calou. Tentava controlar as lágrimas que queriam cair por seus olhos, olhava para cima pedindo misericórdia e forças para continuar. Luiza teve três abortos, mas esse com certeza era oque ela mais se sentia culpada. O fato de que o bebê estava
em seu ventre e ela não sabia, começou a se culpar por não ter se cuidado mais.

Valentina vendo seu sofrimento, apertava a beira da cama de maneira sútil. Ela queria tirar com as mãos
tudo oque Luiza estava sentindo naque momento.

- Eu sei que você está em uma fase difícil, e imagino o quanto deve ser horrível pra você viver com isso. Ter
que viver com ela manipulando seu esposo, controlando seu casamento, eu sei Luiza, sei que é difícil mas sei que é mais ainda ter que viver com tudo
isso calada.

Ela deu uma pausa e Luiza sentiu-se tocada.

Finalmente alguém estava entendendo tudo oque ela passava calada nesses últimos cinco anos.

- Mas não se culpe por favor Luiza. Dói em mim te ver assim. - Valentina segurou a mão de Luiza. A latina
não desfez o contato. - Nós nem sabemos se o problema está realmente em você.

Um Caminho Para O Destino (VALU)Onde histórias criam vida. Descubra agora