O bar

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                                                                                *

Crowley abriu os seus olhos e estava novamente sentado no pub.

— Uh? Como é que eu cheguei aqui? — Disse ele enquanto se levantava e olhava em volta.

O Demónio examinou os seus arredores e reparou que o bar estava completamente deserto. Confuso, ele lançou um olhar de desconfiança pela janela, mas tudo parecia normal. Então decidiu sair para investigar. Saindo do pub, viu que todas os estabelecimentos da rua estavam fechados, incluindo a livraria. 

A rua estava um caos, era normal ela estar muito movimentada esta hora do dia, mas nunca desta maneira. As pessoas caminhavam apressadas no meio do caos e da confusão.

Intrigado com o ajuntamento agitado, Crowley decidiu se misturar com a multidão para investigar. Ele também estava preocupado com Muriel, elu normalmente nunca fechava a loja a esta hora do dia. 

"Onde diabos é que elu se meteu?" Pensou o Demónio. 

Enquanto caminhava pela estrada, avistou ao longe, no meio da multidão, um homem com cabelos encaracolados claros , usando roupas elegantes e antiquadas em tons de bege.

"Aziraphale?" Sussurrou o Demónio para si mesmo.

— Anjo! — Gritou, enquanto corria pela multidão em direção á figura distante. No entanto, quanto mais Crowley corria e se esforçava para alcançá-lo, mais o Anjo parecia escapar por entre seus dedos, como uma miragem fugaz. 

O Demónio continuou a correr desesperadamente na tentativa de alcançar o Anjo no meio da multidão caótica. Os seus gritos ecoavam no vazio, mas Aziraphale parecia cada vez mais distante. Subitamente, uma sensação estranha tomou conta dele, como se estivesse sendo puxado por uma força invisível. 

Crowley fechou os seus olhos e, quando os abriu, o seu corpo se contorcera em um sobressalto violento surpreendendo o demónio, que agora se encontrava de volta em seu escritório, com lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Ele não conseguia entender o que havia acontecido. Achava que tinha visto Aziraphale, mas era tudo um sonho.

Sufocado pelas emoções  desencadeadas pelo pesadelo, considerou deixar Londres, e abandonar a vida que havia meticulosamente construído ali pois tudo naquele sitio o lembrava de Aziraphale. No entanto, logo lhe surgiu um pensamento angustiante: o que aconteceria com Muriel se ele partisse? Não podia fazer com o Anjo o que Aziraphale fizera com ele.

Enquanto ele lentamente voltava á realidade, escutou a chuva intensa martelando ferozmente contra a sua janela.

— Nunca mais tento dormir. — Murmurou o Demónio para si mesmo, enquanto limpava as lagrimas que se tinham formado em seus olhos durante o pesadelo.

Crowley ergueu-se do trono, caminhou até á janela e observou silenciosamente os humanos a viver as suas vidas insignificantes enquanto tentavam escapar da chuva que caía agressivamente. A vida humana continuava a fluir, indiferente ao pesadelo que o havia assombrado. E, enquanto contemplava a agitação da cidade encharcada, uma sensação incômoda persistia, como se algo estranho estivesse acontecendo, algo que escapava ao seu entendimento.

"*TRING TRING*" tocou o telefone antigo, interrompendo a linha de pensamento do Demónio.

Crowley ignorou o telefone. Desde o incidente, sua paciência para atender chamadas estava esgotada, especialmente porque poderia ser apenas mais um telefonema irritante de telemarketing, oferecendo produtos dos quais ele com certeza não precisava.

"*BIIIIP* Olá, fala Anthony J. Crowley. Sabe o que fazer. Faça-o com estilo" ressoou a mensagem pré-gravada do demónio no atendedor de chamadas, antes de projetar uma voz suave e preocupada. 

— Olá senhor Crowley! — a voz de Muriel soou pelo telefone, fazendo com que o demônio olhasse para a mesa onde o atendedor de chamadas repousava.

Um ruido de estática ouvia-se —Ainda não sei bem como funcionam estes "falantes mágicos"!— Crowley riu suavemente do apelido que Muriel dera ao telefone. — Mas só queria se está tudo bem! E que tal vir visitar a livraria hoje? Preciso de um pouco te ajuda!  — 

"*BIIIIP*" Tocou mais uma vez o som a anunciar o fim da mensagem.

Crowley suspirou — Bem é melhor ir ajuda-le antes que algo aconteça. — O Demónio olhou pela janela uma ultima vez, percebendo que, pela primeira vez no ultimo mês, apesar do tempo continuar nublado, não chovia.







Chuva Ácida (Good omens)Onde histórias criam vida. Descubra agora