A queda

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Samael ajoelhou-se, os olhos fechados de dor e vergonha, enquanto sentia a auréola ser arrancada à força por uma luz ofuscante. A presença divina de Deus preenchia o espaço, inabalável e imponente.

— Não, por favor! — gritou Samael, enquanto suportava o ato violento. — Por favor, perdoe-me — implorou, com a voz embargada pela agonia e pelo arrependimento.

Deus olhou para ele com uma mistura de tristeza e desapontamento.

— Fizeste uma escolha, Samael — declarou Deus, a sua voz ressoando com autoridade e compaixão. — Rebelaste-te contra mim ao questionares a minha autoriade, portanto, deves enfrentar as consequências. Julgava que tinhas mais juízo, mas estava enganada.

A sala celestial mergulhou num silêncio absoluto, que parecia pesar sobre os ombros de Samael. As palavras de Deus ecoaram, trazendo consigo o peso do seu julgamento. Samael, agora destituído da sua auréola, sentia a perda da sua luz interior e a separação do amor divino que antes o envolvia.

— O arrependimento sincero é um passo, mas as tuas ações já causaram um tumulto demasiado grande — continuou Deus. — Precisas de entender que cada escolha tem um custo, e o teu caminho agora será diferente daquele que planeei para ti.

A sala celestial mergulhou num silêncio absoluto, que parecia pesar sobre os ombros de Samael. As palavras de Deus ecoaram, trazendo consigo o peso do seu julgamento. Samael, agora destituído da sua auréola, sentia a perda da sua luz interior e a separação do amor divino que antes o envolvia.

Samael chorou, lágrimas escorrendo pelo seu rosto enquanto encarava a realidade devastadora da sua situação.

— E, como foi decidido no tribunal, o teu castigo adicional — declarou Deus, com uma voz firme que não deixava margem para dúvida.

Metatron, entrou na sala em silêncio e fez uma vénia a Deus. Em seguida, dirigiu-se a Samael e com um simples estalar de dedos, Metatron executou a sentença.

Os olhos de Samael, outrora azuis como safiras e cheios de luz celestial, começaram a mudar lentamente. A cor azul cristalina desvanecia-se, substituída por um amarelo intenso e brilhante. As suas íris transformaram-se agora em forma de diamante, assumindo a aparência de olhos de serpente: fendidas verticalmente, com uma profundidade hipnótica e inquietante.

Este novo olhar, impossibilitava-o de ver as estrelas que tanto amava. As estrelas, que antes brilhavam com esperança e promessa, tornaram-se inalcançáveis, escondidas para sempre da sua vista.

Samael implorou mais uma vez, o desespero evidente na sua voz.

— Por favor, não me deixe assim — suplicou, olhando para cima numa tentativa desesperada de encontrar as estrelas e nebulosas que ajudara a criar. No entanto, tudo o que viu foi um céu escuro, sem brilho, e essa visão apenas intensificou a sua dor, fazendo as lágrimas caírem ainda mais densas pelo seu rosto.

Deus, olhando para o anjo com pesar, respondeu:

— Desculpa, Samael, mas tu sabes que eu preciso de fazer isto. É necessário para o equilíbrio do que criámos.

Metatron, presente na sala, observava com um sorriso frio enquanto via o anjo sofrer, a sua expressão sem compaixão pelo destino que aguardava Samael.

Num instante, o cenário mudou. O anjo sentiu o chão desaparecer debaixo de si, e ele começou a cair rapidamente. Durante a queda, as suas asas, outrora brancas e puras, começaram a escurecer gradualmente. O brilho celestial que emanavam foi substituído por um negro profundo, como se a própria escuridão estivesse a consumir a sua essência.

*

Londres, Presente

Chuva Ácida (Good omens)Onde histórias criam vida. Descubra agora