Samael abriu os olhos, desorientado e atordoado, sentindo o chão frio e húmido contra a pele. Tentou rapidamente levantar-se da poça de líquido preto na qual havia caído, mas os seus membros estavam pesados, e a substância viscosa colava-se a ele como um manto escuro. Com um esforço final, conseguiu arrastar-se para fora, ofegante e coberto do líquido, antes de colapsar no chão.Enquanto tentava recuperar o fôlego, uma voz estranha ecoou ao seu redor, suave mas carregada de uma autoridade incontestável. Era uma voz que ele reconheceria em qualquer lugar.
— Samael — disse a voz, calmamente. — Não tenhas medo. Eu estou aqui para te ajudar.
Samael ergueu o olhar, tentando identificar a origem da voz, mas as sombras ao seu redor dançavam, dificultando a visão. No entanto, ele sabia exatamente quem estava a falar com ele. Samael conhecia Lúcifer porque já tinham trabalhado juntos em muitos projetos do céu antes de Lúcifer cair.
Havia uma familiaridade na maneira como Lúcifer se aproximava, uma reminiscência dos tempos em que ambos eram anjos respeitados nas esferas celestiais, colaborando em harmoniosas criações e missões divinas.
— Lúcifer? — murmurou Samael, a sua voz carregada de surpresa e um toque de desconfiança.
Lúcifer estendeu a mão para Samael, um gesto de solidariedade e apoio.
— Fomos muitos os que caímos, não te preocupes — disse Lúcifer, com uma voz suave e reconfortante. — Não estás sozinho.
Samael tentou mover-se, mas o esforço de se erguer deixou-o exausto. Mal conseguia andar, as suas pernas tremiam sob o peso da recente queda e da substância negra que ainda se agarrava a ele.
Percebendo a dificuldade de Samael, Lúcifer não hesitou. Aproximou-se mais, com uma determinação tranquila, e ergueu Samael do chão, e carregou-o nos seus braços.
— Vamos tirar-te daqui — disse Lúcifer, olhando em volta.
Ele fez um gesto discreto e, em poucos momentos, um outro anjo caído surgiu das sombras, aproximando-se com passos silenciosos mas decididos. Era Belial, um dos muitos que também tinha seguido Lúcifer após a queda.
— Belial, ajuda-me a levar o Samael para um lugar seguro — ordenou Lúcifer, com a confiança de um líder que cuidava dos seus.
Belial assentiu e, juntos, eles apoiaram Samael, guiando-o para longe da poça escura e das sombras opressivas que a rodeavam.
Lúcifer e Belial deitaram Samael num canto seguro do futuro Inferno, um lugar sombrio e frio, onde a escuridão era densa e impenetrável. O ambiente era marcado por uma sensação de vazio e desolação, sem qualquer fonte de luz ou calor. Apenas a escuridão envolvia tudo, tornando o local quase opressivo.
Lúcifer observou Samael com atenção, notando a condição frágil do anjo e os olhos que agora refletiam uma nova e estranha intensidade. Com um olhar de admiração e um toque de perplexidade, ele dirigiu-se a Samael.
— Não te preocupes, Samael, eu estou aqui — disse Lúcifer, com um tom de voz tranquilizador. — O que aconteceu aos teus olhos?
Samael estava visivelmente exausto e não conseguiu responder. Os seus olhos, que antes brilhavam com a luz celestial, agora apresentavam uma cor e um brilho diferentes, quase como se estivessem a absorver e refletir a escuridão ao seu redor.
Lúcifer, embora preocupado com o estado de Samael, não pôde deixar de notar a singularidade e a beleza dos novos olhos do anjo.
— Esses olhos... — começou Lúcifer, com um tom de fascínio. — Eles são verdadeiramente unicos.
É um tipo de beleza que nunca tinha visto antes.
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Chuva Ácida (Good omens)
Ficción históricaDepois de Aziraphale ter partido para ser o novo Arcanjo Supremo, Londres nunca foi o mesmo sítio; chovia todos os dias, mas não como antes. Eram chuvas agressivas que causaram inundações em muitos lugares. As chuvas eram intensas, especialmente em...