O faroeste

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Aziraphale levantou a vista do copo que estava a segurar e sorriu levemente.

— Crowley — disse ele, com uma leve surpresa na voz. — O que te traz a Dry Gulch? Não é bem o teu tipo de sítio.

Crowley inclinou-se para trás na cadeira, observando o ambiente com um ar de diversão mal disfarçada.

— Digamos que tive uns negócios a tratar por estas bandas — respondeu Crowley, gesticulando vagamente. — E tu? A fazer turismo no Velho Oeste?

Aziraphale deu de ombros, tentando não parecer deslocado.

— Dizem que o Texas tem um pôr do sol magnífico nesta época do ano. Achei que não faria mal conferir — disse Aziraphale, tentando manter o tom leve.

Antes que pudessem continuar a conversa, a porta do bar abriu-se novamente, interrompendo a tranquilidade. Um homem imponente que acabara de entrar caminhou até ao balcão, onde os olhos dos clientes imediatamente se fixaram nele. O barman estava visivelmente nervoso ao preparar uma bebida para o recém-chegado. O homem, conhecido por todos como Cassidy, era uma figura respeitada e temida na cidade.

Aziraphale, notando a tensão no ambiente, inclinou-se para Crowley, com um olhar preocupado.

— Quem é aquele homem? — perguntou Aziraphale, com a voz baixa e urgente.

Crowley olhou para Cassidy, depois voltou a olhar para Aziraphale, com um sorriso irónico.

— É um tal de Cassidy — respondeu Crowley. — Ouvi dizer que ele é uma figura bastante influente por aqui. Não é exatamente o tipo com quem queres problemas.

Cassidy, após receber o copo de whisky, virou-se e olhou para Crowley e Aziraphale com um olhar penetrante. Ele fez uma pausa, avaliando-os antes de falar.

— Não me lembro de vos ter visto por aqui antes — disse Cassidy, a voz grave e carregada de um aviso não disfarçado.

Crowley, mantendo a calma, virou-se ligeiramente para Cassidy, com um sorriso despreocupado.

— Estamos apenas de passagem, a apreciar o charme local — respondeu Crowley, o tom leve mas cuidadoso.

Aziraphale, tentando suavizar a situação, sorriu diplomaticamente.

— Não pretendemos causar problemas, senhor. Só estamos a desfrutar da hospitalidade local — acrescentou Aziraphale, desejando transmitir tranquilidade.

Cassidy olhou para Crowley e Aziraphale, ainda desconfiado, mas algo na atitude despretensiosa de Crowley fez com que hesitasse. Ele respirou fundo, como se ponderasse o que dizer a seguir.

— Aqui ninguém vem só para admirar a paisagem — retorquiu Cassidy, com um olhar cético. — O que realmente vos trouxe até aqui?

Crowley, mantendo a postura calma, deu um passo mais perto.

— Estamos apenas a passar o tempo. Sabes como é — disse Crowley, encolhendo os ombros. — Às vezes, é bom experimentar algo fora da rotina. Não estás a fim de nos contar um pouco sobre a cidade? Ouvi dizer que tens algumas histórias interessantes.

Cassidy, ainda desconfiado, mas ligeiramente desarmado pela abordagem despretensiosa de Crowley, assentiu lentamente. No entanto, a tensão no seu olhar permaneceu, e ele lançou um olhar significativo aos dois.

— Não sei quem sois ou o que realmente procurais, mas deixem-me dar-vos um conselho — disse Cassidy, a voz baixa mas carregada de uma ameaça latente. — Esta cidade não foi feita para forasteiros. Não confio em gente de fora, especialmente aqueles que parecem saber mais do que deviam.

Chuva Ácida (Good omens)Onde histórias criam vida. Descubra agora