Capítulo 2

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Uma brisa gélida do início da madrugada passou por eles enquanto se encaravam como lutadores em um ringue. Ela tentou se soltar, mas os dedos dele pareciam tentáculos grudados na pele de seu braço. Dentre todos que poderiam ir até ela, tinha que ser ele. O único a quem ela fazia questão de nunca obedecer. Ela se lembrava de seus pais o colocando como um exemplo a ser seguido, uma figura mais velha que era o melhor em tudo, pois ele era o modelo de perfeição. Louise o detestava por isso, pois ela conhecia sua verdadeira natureza, e mesmo sendo uma criança, ela sabia que o perfeito Maxwell era, na verdade, um demônio em pele de cordeiro. Louise tentou puxar o braço mais uma vez, sem sucesso. Ela sabia que algo estava errado, sentia isso em sua pele, mas não esperava por aquele homem, menos ainda por um extremamente bonito e visivelmente rico. Louise observou ao seu redor rapidamente; precisava se soltar e sair dali antes que aquele homem conseguisse realmente prendê-la.

- Não tente, Louise. Não vai escapar de mim - murmurou ele com um sorriso vitorioso diabolicamente lindo. - Sou a última alternativa para salvar sua vida!

Ela inspirou o ar frio da noite; precisava se acalmar, porém estava mais agitada do que o costume. Não esperava reencontrar seu querido, mas odiado, quase amigo de infância.

- Será que pode me soltar? - Pediu ela, observando-o com cuidado. Ele pareceu ponderar seu pedido, mas devagar afrouxou os dedos em volta da pele de seu braço e recuou um passo.

- Você mudou! - Comentou ele com um olhar vago.

Ela quase sorriu; ele estava com pena dela? Ela não estava em seus melhores dias, mas, com certeza, não parecia tão mal. Tinha emagrecido alguns quilos e seu cabelo longo agora estava curto sobre os ombros, mas não via nenhuma mudança tão drástica em si mesma.

- Você não mudou nada! - Retrucou ela. - Continua extremamente controlador e com seu ego superior. O que diabos veio fazer aqui, afinal?

Louise quis retirar a pergunta assim que ela saiu de sua boca; percebeu quando as mãos grandes do homem à sua frente se fecharam com força. Ele não estava ali por espontânea vontade.

- Como eu disse, Louise, eu sou a sua última esperança de sobreviver até a próxima estação do ano, e acredite, estou fazendo isso por respeito aos seus pais. Não porque me importo com você! Ela remexeu os ombros e colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. Não se importava nem um pouco com o que ele pensava, mas de alguma forma a menção de seus pais a fez ceder um pouco. Faziam mais de três meses que ela não os via; nunca ficara tanto tempo longe da família. Mesmo durante a faculdade, ela os visitava periodicamente, assim como os pais dele que a tratavam como filha. Claro, Maxwell nunca estava em casa. Já faziam mais de oito anos que ela não o via, e mal tinha notícias dele. Louise não estava preparada para reencontrá-lo em sua atual circunstância, tampouco estava preparada para lidar com seu vizinho de infância que agora era um homem de quase trinta e três anos, visivelmente atraente.

Uma noite de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora