Max acordou sentindo calor. Abriu os olhos com dificuldade e bocejou; seu corpo parecia anestesiado. Descobriu os braços e parte do tronco, sentindo o ar frio tocar sua pele. Não se lembrava de como fora parar ali. Remexeu-se e sentou-se; então, virou-se para o lado e encontrou algo, ou melhor, alguém. Louise dormia ao seu lado, encolhida como um caracol, segurando o edredom que antes o cobria. Ele arregalou os olhos e esfregou as têmporas. Lembranças começaram a tomar sua mente. Louise o mandou calar a boca várias vezes e foi extremamente agressiva, mas cuidou dele durante horas. Max raramente adoecia; sua saúde era ótima, no entanto, seus últimos três dias foram terríveis. Não conseguira boas horas de sono, pegara chuva, frio, e não conseguia se alimentar direito. Tudo por causa daquela mulher que dormia como um anjo ao seu lado.
-Você é um pé no saco, Louise Margaret. -Murmurou, observando o teto do seu quarto.
-E você é um mal-agradecido! - Exclamou ela, virando-se para encará-lo.
Max quase deu um pulo de susto.
-Meu Deus, mulher! Você quer me matar?
-Não! Ou não teria cuidado de você enquanto você tremia de febre!
Ela tinha razão. Max era um grande mal-agradecido. No entanto, agora, acordado e com as funções de seu corpo funcionando corretamente, ele se deu conta de que a mulher deitada ao seu lado era linda acordada.
-Louise, por que não vai dormir e se cobrir? Vou me levantar! Estou bem, já pode sair!"
Max quis retirar as palavras assim que seus olhos encontraram os dela. Ele não pretendia ser grosseiro, estava apenas preocupado com ela dormindo enrolada como um caracol, sem se cobrir. Ela parecia ter dormido desconfortavelmente por causa dele.
-Max, eu vou esganar você...
Foi tudo que ela disse antes de literalmente se jogar em cima dele e ambos caírem na cama. Ela o segurou pelos ombros e levou a palma da mão ao seu rosto com delicadeza.
-Seu idiota, mal-agradecido! Fique deitado! Você teve uma febre muito alta, precisa descansar. - Ordenou ela. - Da próxima vez, eu deixo você tremer até sua arcada dentária sair do lugar.
Ele quase sorriu com aquelas palavras; Louise tinha uma carranca irritada totalmente fofa. Max parou naquele momento. Louise fofa? Ele a observou; estava deitada sobre ele, encarando-o com um olhar raivoso e sonolento. De repente, ele se deu conta de que ela toda estava sobre ele, seu corpo leve e curvilíneo, a mão dela tocava sua face com delicadeza, mas também com agressividade.
Maxwell não era o homem mais honrado, e naquele momento seu corpo estava funcionando corretamente; não havia febre ou doença, e sua mente masculina estava clara como água. Ele pigarreou e então Louise se remexeu para se levantar, e o pior aconteceu. Ela o encarou com uma careta de indignação.
-Maxwell, eu não acredito nisso! Exclamou ela, saltando da cama como um coelho assustado.
Ele inspirou o ar lentamente e se sentou, cobrindo-se com o edredom felpudo.
-Ah, pare com o escândalo, Louise. Por acaso nunca viu um homem excitado? Acontece às vezes, mesmo que não haja estímulos.
Ela se virou para ele com a face retorcida.
-Ah, desculpe, é que não costumo ser estimulante para homens de quem me lembro desde a infância, especialmente um que tinha uma coleção de cuecas do Ursinho Pooh.
-Louise Margaret, saia deste quarto, sua diabinha, ou juro que vai pagar por isso!
Ela sorriu e pôs as mãos na cintura.
-Por ter relembrado sua história com o Ursinho Pooh? Ah, você só tinha quatorze anos! - Relatou ela.
-Comece a rezar...
Max fungou e então saltou da cama, mas antes que pudesse alcançá-la, ela passou pela porta com uma rapidez impressionante e uma gargalhada contagiante. Ele ficou de pé e suspirou. Precisava de um bom banho, mas dessa vez bem gelado. Esticou-se e passou pelo espelho grande na parede em direção ao banheiro, mas deu meia volta quase imediatamente para poder observar seu reflexo. Havia estrelinhas desenhadas em suas bochechas e em todo o seu rosto, e batom em sua boca. Quase gritou um palavrão, mas Louise já não estava perto o suficiente para ouvi-lo. Sempre fora assim: ele a provocava e ela pregava peças nele. Era irritante, mas ali, diante do espelho, Max estava sorrindo, quase gargalhando.
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Uma noite de Inverno
Genç Kız Edebiyatı(Todos os Direitos Reservados e Resguardados. Plágio é crime punível por lei.) Maxwell sempre teve tudo o que quis. Ele foi uma criança prodígio e um adolescente modelo. Rico, bonito e desinibido, ele se tornou um homem implacável que nunca era desa...