Capítulo 24

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- Idiota! Mentiroso, babaca, cretino! Arggh! – Resmungou Louise, batendo o pé na calçada.

Fora uma ideia horrível ir até aquele lugar. Ela sabia dos riscos, mas já não se preocupava com eles. Após deixar a casa de Maxwell, Louise se dedicou a estudar tudo que roubou dele, além de arquivos e mídias de Charles. Afinal, ela tinha quase todos os seus acessos; um conhecido na polícia lhe deu algumas informações importantes, e Helene estava cuidando dos processos legais. Como promotora, ela tinha certos privilégios.

Louise estava confiante. Ela conseguiu identificar falhas no processo e, junto com Helene, conseguiu material para reabrir um dos processos contra Livia e Hector. Nada seria mais satisfatório do que ver a justiça prevalecer. Mas havia um problema: o pai de Max era mencionado em vários documentos, não como prestador de serviço ou contratado, mas como funcionário. Se a empresa dele prestava serviços à EclatCare, por que ele era mencionado como funcionário fixo da empresa? Louise repassou tudo inúmeras vezes, mas não conseguiu uma resposta. Maxwell havia se tornado um dos sócios há pouco tempo, desligando completamente a empresa Carter de Livia e Hector, mas ela não conseguira entender seus motivos, e cada vez mais ela tinha desconfianças em relação a ele.

Louise esticou o corpo, sentindo-se menos enraivecida. Ela inspirou e observou a tela de seu celular, esperando Helene em frente ao edifício de onde saiu, quando alguém pigarreou atrás dela e, ao se virar, suas pernas quase falharam.

- Mas que encontro surpreendente! – Comentou Hector, fitando-a com visível interesse.

- Não posso dizer o mesmo, infelizmente! – Respondeu na defensiva.

Hector sorriu. Ela se aproximou, e Louise quase saiu correndo para o outro lado da rua. Quase. Ela ainda tinha coragem para enfrentá-lo.

- Louise, é um prazer te conhecer pessoalmente. – Disse. – Sabe, eu estava curioso sobre que tipo de mulher você seria, mas agora vejo que além de corajosa, você é muito mais bonita de perto.

- Ah! Obrigada! – Louise fez uma careta zombeteira.

- Foi bom este encontro. Talvez possamos conversar em um local mais privado sobre...

- Ah! Por favor! Vamos cortar essa cerimônia! Eu não tenho absolutamente nada para falar com alguém como você.

- Uma pena! Seu falecido amigo, pelo menos, tentou me escutar.

Um calafrio na espinha fez Louise paralisar. No rosto de Hector, ela viu um largo sorriso. Ele a atingiu.

- Louise! – Chamou uma voz já próxima a ela.

Louise quase saltou de susto, mas logo Davi, que estava ao seu lado, colocou a mão em seu ombro com uma cara de poucos amigos.

- Desculpe, senhor Hector, Louise acabou se sentindo mal aqui perto. Eu a trouxe para cá. – Mentiu.

- Não sabia que também cuidava dessa bela jovem, Davi! Pensei que tivesse trabalho suficiente cuidando de Maxwell. – Debochou Hector de forma solene. – Cuidado que o último segurança dela acabou por dar fim à carreira bem cedo.

Louise fechou os punhos e arregalou os olhos. Ela deu um passo à frente para responder, mas Davi ao seu lado afundou os dedos em seu ombro e segurou seu braço. Hector apenas sorriu, virou-se e saiu adentrando em seu edifício, ignorando o estado em que deixou Louise.

- Acalme-se! Perder o controle com ele seria muito ruim! – Disse Davi, ainda segurando-a pelo braço.

- Eu sei! E te agradeço por estar me segurando, ou juro que eu pularia nele. – Afirmou Louise trêmula.

Davi sorriu e a soltou. Ele cruzou os braços e fez uma careta.

- Tem que sair daqui, Louise! Se Max souber que...

- Ah, pelo amor de Deus! Gostava mais de você quando não falava. – Explodiu Louise antes de parar e suspirar diante de sua agressividade. – Desculpe! Isso foi...

- Louise, pelo amor de Deus! – A voz de Helene a fez se virar em direção à rua.

Helene atravessava a avenida a passos largos, agarrada a sua bolsa. Seus saltos pareciam não incomodar, menos ainda os carros que passavam por ali em alta velocidade. Quando se aproximou, Helene estava esbaforida e visivelmente nervosa, mas assim que seus olhos pousaram no homem grande ao lado de Louise, algo em sua expressão mudou.

- Helene! – Murmurou Davi, e quando Louise ergueu os olhos para ele, percebeu o quanto estava perplexo e sério.

- Droga! – Sussurrou Helene, endireitando-se.

Louise fez uma careta.

- Vocês se conhecem? – Perguntou.

- Sim! – Responderam os dois em uníssono.

- Ele é o chefe de uma agência de segurança. – Completou Helene. – E meu antigo namorado.

- Não tão antigo assim, Helene. – Comentou ele. – Você parece bem. Não sabia que tinha voltado depois de fugir de um pedido de casamento.

Louise observou a amiga chocada. Helene fechou os olhos e levou uma das mãos ao rosto. Aqui não era mentira.

- Que droga, Davi, pare com isso! – Pediu Helene, envergonhada.

- Melhor vocês duas saírem daqui. – Avisou ele repentinamente. – Foi bom te ver, Helene. Agora leve sua amiga daqui e fiquem longe. Isso é demais para vocês!

Davi deu uma última olhada em Helene e saiu. Louise estava cheia de perguntas, mas ao ver o estado assustado da amiga, preferiu ficar em silêncio.

- Vamos sair daqui! – Anunciou Helene.

Louise apenas assentiu e deu uma última espiadela no edifício enquanto pedia internamente, em seus desejos mais íntimos, que Max estivesse longe de todos aqueles crimes. Ela tentou silenciar aquela sensação aterrorizante de medo, mas não conseguiu. Após sair da casa dele, ela ficara triste. A verdade é que ela estava afeiçoada e se apaixonando, e isso tornava tudo pior. Helene tentou distrair sua mente com saídas noturnas, mas em uma delas Louise viu Maxwell junto de Jessica em um clima de total romance. Ela fora embora quase correndo, e no outro dia evitou os jornais de fofocas, pois sabia que encontraria uma ou mais menções de Maxwell e Jessica. Aquilo era irritante, mas apesar disso, Cristian estava se mostrando um homem maravilhoso. Ele a entendia, era engraçado, e ela sentia uma atração absurda por ele. Passou a se policiar toda vez que ele estava por perto, porque sentia-se confusa demais.

Mas ainda assim, vez ou outra, seus pensamentos se voltavam para o mesmo lugar e para a mesma pessoa. Maxwell não poderia ser um criminoso, porque ela não o perdoaria. E aquilo iria doer e partir seu coração.

Uma noite de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora