Capítulo 3

13 0 0
                                    

Ele era, sem dúvida nenhuma, o único que poderia ajudá-la. Max tentou ponderar as palavras e até meditou mentalmente antes de encontrá-la, mas tudo foi em vão. A mulher à sua frente era Louise William, afinal, sua antiga vizinha, sua amiga de infância, ou era assim que todos pensavam. Ela fora seu pior pesadelo, nunca respeitou regras, nunca se intimidou, nunca o respeitou. Max perdeu as contas de quantas vezes ficou de castigo por causa dela; seus pais insistiam em dizer que ele, sendo mais velho, deveria cuidar dela. Mas a realidade era que ele não se importava, ele não se importava se ela se metia em brigas ou se matava aula. Ele só queria que ela o deixasse em paz. Mas ele era sempre incumbido de cuidar da garota. Quando ela fez quinze anos, Max já era um homem de vinte e dois anos; no entanto, sempre acabava chantageado por ela, que de alguma forma conseguia frequentar as mesmas festas que ele. Max nunca teve o mesmo ciclo de amigos que ela, mas eles acabavam se encontrando, e quando ela foi descoberta, ele foi apontado como o culpado, pois não havia cuidado dela.

Max suspirou pesadamente e então se aproximou novamente, vendo-a cruzar os braços.

- Louise, sejamos razoáveis, vamos sair deste lugar miserável e conversar como dois adultos que somos! – pediu ele.

- Não quero! – respondeu ela.

Max encheu os pulmões de ar.

- Eu estou tentando ser educado, Louise, mas eu não sou mais aquele menino, então ou você entra naquele carro comigo, ou eu vou te jogar no meu ombro como um animal e acredite, eu farei isso com enorme prazer.

Ele percebeu quando ela analisou as possibilidades e então ela descruzou os braços, o encarou por alguns segundos e passou por ele, pisando duro na direção do carro. Max quase sorriu; era maravilhoso ver aquela diabinha ceder. Ele ajeitou a gravata e a seguiu, tomando o assento ao lado dela. Assim que a porta se fechou, seu motorista, um homem grande e magro, arrancou com o carro na avenida. Não demorou muito para um silêncio intimidador tomar a ambos. Max não tinha a menor intenção de começar o assunto, então focou sua atenção na janela de seu carro. Mas seus pensamentos tranquilos não conseguiram durar muito.

- Max, por que você veio? – perguntou ela, quebrando repentinamente o silêncio. Ele se virou na direção dela, surpreso.

- Porque seus pais me pediram! – respondeu, seco.

Ela sorriu, mas foi um sorriso diferente do que ele conhecia.

- Não, Max, você não tinha que vir. Fazem mais de oito anos que não tínhamos mais contato. Por que você veio? De todas as pessoas que meus pais poderia pedir...

Ela se deteve. Ele a encarou seriamente. Ela sempre fora inteligente. Max não poderia esconder por muito tempo seu envolvimento na situação. O que será que ela faria se soubesse que ele era sua única ajuda e também parte dos seus problemas? 

Uma noite de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora