Ela se virou novamente na cama, tentando se acalmar, mas nada estava funcionando. Ela se sentou e esfregou o rosto com as mãos. Sentia-se extremamente inquieta, a noite fria e dois banhos frios não ajudaram, muito menos o silêncio. Louise observou ao seu redor; o quarto onde estava era bem arrumado e arejado, tinha uma decoração delicada e era perfeitamente confortável. Porém, ela sentia-se sufocada. Jamais havia experimentado aquela sensação. Max a afetou de um modo que nenhum outro homem fora capaz. Louise sabia que se ele não tivesse se afastado, ela não o teria detido, e aquela constatação era amedrontadora.
Maxwell sempre fora um homem conquistador e livre. Desde jovem, era visivelmente sem compromisso e sem pudor. Ela lembrava-se das várias garotas com quem ele se relacionou, e ela não era nem de perto parecida com uma delas. Maxwell e Louise frequentaram algumas festas, mas sempre agiram como inimigos; raramente interagiam e quando o faziam, algo sempre acontecia. Ele era sempre discreto e fazia questão de agir com perfeição, enquanto ela só queria curtir o que pudesse. Louise bufou e se levantou; não era hora para reviver memórias. Ela andou de um lado para o outro e, então, abriu a porta do quarto e saiu, pisando levemente pelo corredor até chegar às escadas. Era tarde; a casa estava silenciosa e escura, e uma brisa fria parecia percorrer o espaço como um sussurro.
Ela desceu as escadas uma a uma e chegou à cozinha com um suspiro. O local estava iluminado apenas pelas luzes do jardim e por alguns abajures de parede. Ela observou os armários por um segundo e então foi até a geladeira, abriu-a e procurou pela única coisa que poderia acalmá-la. Mas Max não era o tipo de homem que guardava caramelos pela casa. Ela fechou as duas portas da geladeira e gemeu. - Eu tenho que sair daqui! – murmurou para si mesma. – Que droga você está fazendo, Louise!
- Eu também queria saber! – Louise se virou com um grito contido. Max estava parado próximo a ela, com os braços cruzados, observando-a.
- Há quanto tempo você...
- Desde que começou a cutucar minha geladeira! – Revelou ele.
Ela assentiu e então algo aconteceu. Louise não saberia explicar, mas no momento em que seus olhos se ergueram e encontraram os de Max, ela sentiu-se derreter. Seu coração disparou e ela fechou os punhos. Ela sabia que precisava sair de perto daquele homem, no entanto, algo prendeu seus pés no chão.
- Não consegue dormir, Louise? – Perguntou ele com a voz rouca. – Está mal instalada? Precisa de algo no quarto?
- Não! Apenas insônia! Só vim procurar...
- Caramelos! – Respondeu ele com um meio sorriso. – Eu me lembro que minha mãe sempre comprava vários quando você ficava por lá.
Louise assentiu. A mãe de Max sempre a acolheu quando seus pais precisavam viajar. Ela sempre tinha insônia quando ficava sozinha ou ansiosa, mas agora ela não era mais uma adolescente e os caramelos não eram tão necessários. Até aquela noite.
- Preciso tentar dormir! – Disse ela rapidamente.
- Louise! – Chamou ele. – Não precisa fugir!
- Não estou fugindo. – Respondeu ela com uma careta.
- E como você chama essa sua tentativa de fuga da cozinha?
Louise o encarou séria.
- Tentativa de te evitar, Maxwell. Você é irritante e me perturba!
Max cerrou os olhos e Louise inspirou o ar, querendo afundar no chão da cozinha. Ela sempre fora uma pessoa honesta, mas geralmente conseguia segurar a língua quando tentava.
- Não sabia que um beijo era suficiente para perturbá-la. – Insinuou ele com um toque de provocação na voz.
- E não é! Foi só um beijo, você que está trazendo a questão, não foi nem o mais excitante da minha vida. – Comentou sem se conter.
- ÓH, desculpe não ser tão excitante quanto aqueles indivíduos com quem você costumava sair, Louise.
Ela o fuzilou com os olhos. Louise se lembrava de como Maxwell conseguia estragar suas festas e seus encontros. Ela sempre buscava se manter afastada, mas Max fazia questão de atrapalhar, com uma piada de mal gosto ou um comentário indiscreto, até mesmo com mentiras. Ele parecia se divertir fazendo-a se sentir envergonhada. Mas ela nunca permitiu que ele percebesse. Louise sempre o fazia pagar por cada provocação e por cada trama que ele fazia contra ela.
- Na verdade, Max, você sempre foi um homem sem graça. - Avisou ela. – Então, vamos dormir, porque olhar para sua cara me cansa.
- Engraçado, quando eu estava com a boca em você, eu não parecia tão sem graça assim, Lisie.
Louise tentou não demonstrar sua reação a aquela frase, mas ela falhou. Ela observou um largo sorriso surgir no rosto de Max enquanto ela sentia algo como uma avalanche de sentimentos. Ela nunca o tinha visto como um homem; no entanto, agora estava corando e agindo como uma garotinha inexperiente. Ela balançou a cabeça em negação.
- Você é ridículo, Maxwell! – Declarou ela batendo o pé.
Louise passou por ele como um raio e subiu as escadas como se tivesse travado uma corrida. Ao chegar em seu quarto, ela trancou a porta atrás de si e deslizou até o chão. Ou ela estava ficando completamente louca ou estava se sentindo atraída por Maxwell, e qualquer uma das opções era uma insanidade por si só. Ela segurou a cabeça e fechou os olhos; precisava se lembrar de tudo que Max havia feito, precisava se lembrar de como ele fora irritante e de como ela o detestava. No entanto, cada memória que surgia era um gatilho para o beijo que ela deveria esquecer, mas que, na verdade, ela desejava repetir.
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Uma noite de Inverno
ChickLit(Todos os Direitos Reservados e Resguardados. Plágio é crime punível por lei.) Maxwell sempre teve tudo o que quis. Ele foi uma criança prodígio e um adolescente modelo. Rico, bonito e desinibido, ele se tornou um homem implacável que nunca era desa...