Capítulo 17

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Ele não saberia dizer quanto tempo ficara de pé, recostado no balcão de sua cozinha. Já era tarde, ele sabia, mas não havia qualquer resquício de sono. Quando, por fim, seu corpo começou a ceder pelo cansaço, ele subiu as escadas, cruzou o corredor e parou em frente à porta do quarto da mulher que rondava seus pensamentos naquele momento. Max esfregou o rosto com a mão e seguiu o caminho até seu próprio quarto. Não poderia enganar a si mesmo; ele queria aquela mulher, ele desejou Louise com uma intensidade surpreendente, mas era só isso. Desejo era algo comum em sua vida e ele não costumava cultivá-los. Mas então, por que ele se sentia tão mal?

Claro! Ele estava escondendo dela muito mais do que deveria e ele sabia que Louise não reagiria bem à verdade. Max deitou-se na sua cama e esticou o corpo. Ficou olhando para o teto até suas pálpebras cederem e devagar seus olhos se fecharam num sono profundo. No entanto, adormecido, ele sonhou. Com ela. Uma memória antes esquecida que se moldou ao sonho. Max era um jovem de vinte e um anos, era noite e ele estava na piscina da casa de seus pais. Ele observava o céu quando uma risadinha ecoou da porta dos fundos. Louise estava se despedindo de um jovem moreno alto que estava visivelmente animado. Max revirou os olhos; ela estava ali porque os pais dela haviam viajado e sua mãe cuidava dela como uma filha, e ele tinha que suportar sua presença sem questionar. A espirituosa e livre Louise. Max esticou os braços; naquela noite, ele planejara muito bem. Ficou esperando depois de vê-la fugir e então usou o celular para tirar várias fotos; ele delataria suas fugas e então curtiria sua vitória, mas não foi exatamente o que aconteceu. Louise já sabia de seus planos; de alguma forma, ela sempre se antecipava e controlava a situação com desenvoltura.

Ele observou quando ela se despediu de seu parceiro e entrou na casa na ponta dos pés. Minutos depois ele estava visualizando as fotos que a comprometeriam quando uma mão surgiu abaixo do seu celular jogando-o longe. O aparelho voou e aterrizou no chão escorregando até a borda da piscina. Max arregalou os olhos e se virou para trás encarando um par de olhos azuis furiosos.

- Você é péssimo, Maxwell! – Informou ela. – Qual é o teu problema?

- Você é meu problema desde que nasceu, garota. – Devolveu ele. – Curtiu a noite? – perguntou. - Imagine quando seus pais e meus pais souberem que você anda fugindo para ter encontros noturnos suspeitos?

- Não vai me entregar, Maxwell, porque se fizer isso, eu conto para todo mundo que você bateu seu carro e mentiu dizendo que estava emprestado para um amigo que estava precisando de ajuda.

Max se levantou sério.

- Como foi que você...?

- Somos vizinhos, lembra?

Ele se aproximou irritado; aquela garota era a coisinha mais irritante que ele conhecia.

- Esteve me espionando? – Perguntou próximo o suficiente para se sentir ameaçador.

- Não muito diferente do que você fez hoje!

Max tomou seu pescoço com a mão e aproximou seu corpo do dele.

- Não gosto de você Louise!

- O sentimento é reciproco Maxwell!

E então ele a beijou. Mas aquilo nunca aconteceu realmente. Na verdade, após aquela frase, ela tinha corrido e chutado seu celular para dentro da piscina antes de fugir para dentro da casa com uma risada de desdém. Porém, em seu sonho, ele a beijou, beijou-a até ambos se afastarem sem ar. Quando seus olhos se abriram para fitá-la, ela não era a Louise adolescente daquela noite, mas a Louise que estava dormindo a duas portas de distância de seu quarto. Max acordou como se tivesse levado um choque. Ele sentou-se na cama, sentindo a agitação de seu corpo, murmurou um palavrão. O sol já tocava suas janelas, indicando o raiar do dia, mas a brisa fria da noite ainda estava lá, movimentando as suas cortinas.

Uma noite de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora