Max olhou para baixo, surpreso. Duas mãos com dedos finos o seguravam. Louise tinha pulado em sua direção com uma rapidez impressionante. Ele sentiu quando o rosto dela tocou suas costas e percebeu sua respiração. Algo tinha acontecido com ela. Max tocou gentilmente suas mãos, fazendo-as se afrouxarem. Ele girou o corpo ficando de frente para ela e a segurou pelos ombros, vendo-a se encolher. Era a primeira vez que ele não sabia o que fazer, ou o que falar. A mulher à sua frente parecia frágil, amedrontada e sozinha.
-Louise! -Chamou. -Olhe para mim, você está segura! - Pediu.
E então ela ergueu os olhos, e ele ficou sem forças. Suas bochechas estavam rosadas, e seus olhos azuis estavam dilatados. Seus lábios estavam trêmulos e ela parecia assustada. Maxwell James Carter já tinha quase trinta e três anos, mais de oito anos se passaram desde a última vez que a viu; no entanto, ali, parecia que ele a conhecia mais que a si mesmo.
-Lou...
-Não quero que algo aconteça com você! -Confessou ela com um suspiro. -Desculpa! Eu só reagi!
Ela se afastou e ele a seguiu.
-O que realmente aconteceu neste último ano, Louise? -Perguntou ele, erguendo seu rosto com a mão.
Louise ficou séria e se calou. Ele não deveria se importar com aquilo, mas ele queria que ela falasse. Ele se aproximou ainda mais e percorreu seu rosto com os dedos. O som da campainha ecoou novamente, uma, duas, três vezes. Ele inspirou o ar com um palavrão e se virou, caminhando até a porta. Ele destrancou a fechadura escancarando a porta grande com uma feição de poucos amigos e então seus olhos pousaram irritados sobre um homem bem arrumado e parado com uma postura perfeita. Max percorreu com os olhos seu quintal e seu jardim; os seguranças não o deixariam passar do portão sem soar o alarme ou avisá-lo, a não ser que ele não fosse uma ameaça.
-Onde ela está? -Perguntou o homem com naturalidade.
Max fez uma careta e então cruzou os braços ao reparar seu visitante indesejado.
Geralmente você se apresenta antes de fazer perguntas, principalmente na porta da casa de alguém. - Sugeriu ele com irritação.
Mas o homem não prestou atenção, pois já estava passando por ele quase correndo e indo na direção de Louise, que foi abraçada com tanta força que seus pés saíram do chão. Max reparou no sujeito minuciosamente; ele rodopiou com Louise nos braços e então a colocou no chão antes de começar a examiná-la com visível preocupação.
-Você está bem? – Perguntou. - Parece cansada! Por que não me disse para onde estava indo? Eu tive que recorrer aos seus pais para descobrir seu novo endereço."
Max esfregou as têmporas e fechou a porta com o pé.
-Lisie, será que pode me dizer quem é esse invasor de residências?
-Lisie? - Questionou o homem observando Max e depois a casa com olhos curiosos.
-Max, este é o Charles! - Revelou Louise. - Charles, este é o Maxwell, você já deve conhecê-lo!
Charles encarou Max e então assentiu antes de esticar a mão.
-Rico, famoso, sua empresa de tecnologia é um sucesso no mercado! É um prazer conhecê-lo!
Max observou a mão daquele homem por alguns segundos antes de corresponder ao cumprimento. Ele estava decidindo se gostava ou não daquele sujeito invasor e sem finesse que aparecera em sua casa. Max apertou os olhos e encarou o homem. Seu rosto longo, seu cabelo castanho amarrado e uma cicatriz no queixo. Max quase deixou transparecer seu desgosto ao se lembrar do homem a quem a mãe de Louise encheu de elogios.
-Charles? O seu namorado? -Perguntou com visível desdém. - Que visita incrível, Louise, talvez possa explicar como ele apareceu aqui, na minha casa!
Louise quase rosnou.
-Eu posso explicar! - Declarou Charles com um sorriso. -Sou Inspetor, estou trabalhando no caso das denúncias contra a EclatCare e também cuidando dela. - Apontou para Louise, que estava visivelmente desconfortável. -Eu estava preocupado, Louise ficou sem dar notícias por dois dias.
-Exatamente, Maxwell! - Afirmou ela. -E não somos namorados!
Max quase sorriu diante da reação de Charles ao ouvir aquelas palavras; ele sabia que ambos não tinham mais nenhum tipo de relacionamento íntimo. A mãe de Louise foi muito minuciosa em sua explicação sobre a vida dela. Charles fora dispensado depois de trocá-la por uma cantora de bar, porém, Max sabia identificar um homem arrependido quando conhecia um.
-Que bom! Seria muito estranho depois da noite maravilhosamente ardente que passamos juntos, um namorado aparecer, não é?
Louise deixou seu queixo cair; Max absorveu sua reação com uma satisfação masculina. Ela arregalou os olhos, e seu rosto se contorceu. Certamente ela queria jogar algum objeto nele, mas estava tentando se conter.
-Vocês estão juntos? - Charles se virou para Louise visivelmente confuso. -Mas sua mãe disse que vocês não tinham contato há anos e que nunca se gostaram!
-Não nos gostamos! - Disseram os dois em uníssono.
-Mas sabe como é, a química! Aconteceu, não é, Lisie! - Completou Max com uma perfeita atuação.
Ele encarou Louise com um meio sorriso. Mas foi o homem ao seu lado que chamou sua atenção. Charles parecia completamente chocado e incrivelmente irritado. Max não tinha a intenção de causar nenhum mal-entendido, mas algo em Charles o inflamou. O modo como ele entrou em sua casa e como tocou Louise; ele não pôde se conter. Ele quase podia sentir a aura masculina ferida de seu visitante, e aquilo era muito, muito satisfatório.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma noite de Inverno
Chick-Lit(Todos os Direitos Reservados e Resguardados. Plágio é crime punível por lei.) Maxwell sempre teve tudo o que quis. Ele foi uma criança prodígio e um adolescente modelo. Rico, bonito e desinibido, ele se tornou um homem implacável que nunca era desa...