Louise levou o copo aos lábios e bebericou um líquido dourado visivelmente forte. Ela fez uma careta. Precisava daquela bebida para acalmar seus nervos e relaxar seu corpo. A visita de Charles fora cansativa e provocou um clima tenso entre ela e Max, que havia desaparecido após ela o ameaçar. As insinuações dele a deixaram extremamente irritada, e o fato de ela ter que explicar tudo aquilo para Charles fora ainda pior.
Eles já tinham estado juntos. Louise e Charles se conheceram logo após Maxwell ir embora para o exterior; eles se tornaram amigos e, consequentemente, se tornaram parceiros. Um ano antes, Charles e ela já tinham assumido um compromisso, mas nunca passou disso. Ela gostava dele, mas ele também gostava de outras pessoas. Louise nunca se importou com o status do relacionamento, mas o fato de ser chamada de corna não era bem o que ela queria. Ela o dispensou, mas ambos continuaram trabalhando juntos. Louise nunca imaginou que ele estivesse à frente da investigação daquele caso perigoso. Uma investigação que rendeu a ela pesadelos e preocupações com sua vida.
Tudo começou com um paciente, um homem que ela atendeu na emergência com um ferimento de bala na perna. Ela o salvou para depois vê-lo morrer diante dela sem que ela pudesse fazer nada. Louise reconheceu a balística, fez a perícia inicial e prestou depoimentos. Então, sua vida se tornou um seriado policial dramático. Ela foi perseguida, agredida e houve várias tentativas de homicídio. Mas ela conseguiu chegar aos suspeitos, e agora eles também eram um problema.
Os donos da Eclat Care eram um casal de meia-idade com um histórico nada normal. Vários processos de clientes, escândalos de traições e lavagem de dinheiro, mesmo assim a empresa era um sucesso no mercado. Louise possuía muitas pistas que poderiam levá-la à verdade, mas ela foi afastada do caso e, no fim, ali estava ela. Na casa do último homem de quem ela esperaria ajuda.
As malas e todos os objetos pessoais dela foram entregues na casa ao final da tarde, logo após Charles sair. Ela recebeu suas roupas com felicidade. Após um banho demorado e vestir um moletom quentinho, ela se jogou no sofá com a primeira bebida que encontrou na casa. Estava rodopiando o copo nas mãos quando a porta se abriu e Max apareceu molhado devido a uma chuva noturna repentina. Ele parou ao avistá-la e então retirou seu casaco molhado com dificuldade.
- Achei que você não estaria mais aqui! – Zombou ele com uma careta. – Não quis ir embora com seu namorado? Ah! Ele deve ter ficado enciumado.
Louise revirou os olhos.
- Você não deveria brincar dessa maneira! Foi difícil explicar a ele toda essa situação absurda.
- Absurda? Já disse isso para sua mãe? – Perguntou brincalhão. – Ela discordaria, afinal eu sou um ótimo partido! – Afirmou.
- Tenho certeza! No fim, ela preferiria que você fosse filho dela!
- Isso é verdade! Nunca briguei na escola, nunca fugi para festas escondido sendo menor de idade, nunca fui suspenso da escola e, o mais importante, nunca coloquei tinta no shampoo do meu vizinho.
Louise bebericou sua bebida com gosto. Aquela era uma recordação maravilhosa; ver Maxwell sair do banheiro gritando, coberto por tinta amarela, foi uma das melhores cenas de sua vida. Ela deveria ter registrado o momento, porém sua mãe a arrastou à força antes que pudesse tirar uma foto.
- A culpa foi sua, se quer saber. Você tirou sarro de mim na frente dos seus amigos bad boys! Nada mais justo que eu me vingar e...
Louise parou quando percebeu que Max não tinha se mexido. Pingos de água que escorriam de suas roupas já formavam uma grande mancha no tapete da entrada, e ele estava apoiado com as mãos na parede onde tinha pendurado seu casaco molhado. Louise se levantou com um salto e foi até ele, retirando uma de suas mãos grandes da parede, fazendo-o se virar para ela. Ele estava quente. Visivelmente febril.
- Qual é o problema com você? Você está verde!
- Se estou verde, a culpa é sua, Louise! – Disse ele com a voz rouca. – Eu estou bem! – Afirmou, se desvencilhando dela. – Só preciso de um banho quente. Bem quente!
Louise o observou por alguns segundos.
- Você está com febre! Vou te fazer um chá, medir sua temperatura e te dar uma medicação. Você com certeza não está bem.
- Os benefícios de se ter uma médica em casa!
- Só pare de falar e vai logo dar um jeito em si mesmo. Seu quarto é no corredor à esquerda, certo? – Perguntou. - Já vou até lá verificar você! – Esclareceu ela.
- Meu quarto é a segunda porta depois do seu, Lisie! – Contou ele com um meio sorriso antes de se virar e subir as escadas para o segundo andar.
Louise o observou até ele sumir de seu campo de visão. Ela podia jurar que seu quarto era em um corredor próximo à cozinha, pois foi de onde a tal Jessica tinha saído. Lá fora, a chuva parecia incessante e o vento gélido do inverno já circulava pela casa. Louise inspirou e seguiu para cozinha. Jamais poderia ignorar alguém doente; aquilo fazia parte de quem ela era, era sua profissão. Por isso, ela cuidaria de Maxwell, não porque ela se preocupava com seu bem-estar e sua saúde. Ela estava apenas retribuindo o favor que ele estava fazendo, era isso. Apenas isso.
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Uma noite de Inverno
ChickLit(Todos os Direitos Reservados e Resguardados. Plágio é crime punível por lei.) Maxwell sempre teve tudo o que quis. Ele foi uma criança prodígio e um adolescente modelo. Rico, bonito e desinibido, ele se tornou um homem implacável que nunca era desa...