Capítulo 21

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O relógio glamoroso de parede marcava 5h50 da manhã, e o frio da madrugada ainda pairava pelo ar do quarto de Maxwell. Ele estava sentado na beirada da cama, com a cabeça quase entre os joelhos. Não conseguira fechar os olhos nem por um momento. Seus pensamentos se embaralharam, e ele sentia-se extremamente mal. Havia voltado para casa pronto para revelar a Louise o trágico fim de seu amigo e ex-namorado. Mas, ao invés disso, ele fizera amor com ela. Max agarrou seu cabelo com força e gemeu de dor. Não deveria ter tocado nela, mas ainda podia sentir o calor. Louise não era seu tipo, e ele nunca a imaginara daquela forma; no entanto, agora sentia-se entorpecido. Ela o atormentara a vida toda, provocando-o, colocara tinta em seu shampoo, grama em seu lençol, o chantageou e fizera com que levasse vários sermões de seus pais. Não tinha nenhuma lembrança calma ou branda de interações entre eles, mas reencontrá-la despertou algo nele. Algo que o fez hesitar. Ele deveria ter dito a ela no momento em que soubera de Charles, mas pensar em Louise chorando e sofrendo lhe causou angústia, e ele agira como o covarde que era.

- Droga! O que estou fazendo? - Perguntou a si mesmo, erguendo a cabeça.

Max levantou-se, esticou os braços acima da cabeça, pegou uma camisa qualquer e a vestiu. Quando estava pronto para sair, ouviu um som que conhecia bem: a campainha de sua casa. Seu coração bateu fortemente, como badaladas de um sino. Maxwell não pensou; seu corpo saltou até a porta, que foi aberta com brutalidade. Ele atravessou o corredor quase correndo. Ao chegar à escada, ouviu vozes, e uma delas era de Louise. Max desceu as escadas com uma rapidez perigosa. Quando chegou à sala e virou-se para a porta, o sangue se esvaiu de seu rosto, e a sensação que teve foi o completo amargor da culpa.

- Hora, é algo raro te ver de pé a esse horário, filho. - Comentou sua mãe com um leve sorriso de provocação.

- Deixe-o dormir, Abigail. Ele é jovem e precisa de boas horas de sono! - Repreendeu Giana, mãe de Louise.

Max apenas piscou, paralisado, enquanto Louise acompanhava as duas mulheres em direção à sala.

- Max, não vai dar boas-vindas à sua mãe? - Perguntou Louise com uma careta.

- Ah, querida! Já me acostumei com meu filho sem boas maneiras. - Comentou Abigail, observando o lugar. - E eu o perdoo por estar cuidando tão bem de você!

Louise torceu o nariz. Max limpou a garganta. Em outra situação, teria adorado aquela cena, mas ali ele apenas se encolheu. A visita de Abigail e Giana significava que o assassinato de Charles seria discutido, mas ele não se sentia preparado para aquilo. Vergonha, medo e apreensão tomaram conta dele. Quando Louise descobrisse, ela sofreria muito? Quando descobrisse, ela o perdoaria?

Max a encarou sério enquanto ela abraçava sua mãe. Não poderia evitar aquela conversa, e não deveria se sentir tão mal; afinal, ele a estava ajudando por obrigação. Por uma promessa aos pais dela. Então, por que sentia tanta culpa e tanto medo de sua reação?

- Mãe, Senhora Giana! - Chamou. - Sejam bem-vindas, desculpem meus modos! Será que posso levar Louise até meu escritório? Há algo que precisamos conversar com urgência!

Louise o encarou com uma careta. E as duas mulheres, agora sentadas em seu estofado, piscaram confusas.

- Mas é claro! Nós viemos sem avisar, meu menino, não precisa desta cerimônia, está em sua casa. - Esclareceu Giana com um sorriso tão amoroso quanto ele se lembrava.

- Isso mesmo, não se preocupe conosco. - Concordou a mãe. - Só viemos por causa da situação, ficamos preocupadas com Louise após o velório.

Um silêncio mórbido tomou o lugar. Max manteve seus olhos em Louise, que desmanchou o sorriso. Ele observou sua expressão mudar e apenas fechou os punhos e esperou.

Uma noite de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora