Capítulo 19

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Maxwell sempre se orgulhou de não ser sentimental. No entanto, ao entrar em casa e se deparar com Louise encolhida, observando vários pedaços de vidro espalhados pelo chão, algo dentro dele mudou. Ele fugiu. Passara o dia trabalhando e ocupando sua mente com os mais variados problemas e coisas fúteis que pudessem afastar seus pensamentos dela. Louise rondava seus pensamentos desde o dia em que chegara à sua casa. Ele sentia-se completamente tomado por ela. Tinha saído de casa quase correndo antes que pudesse dar a ela uma notícia que iria quebrar seu coração. Uma notícia que Livia ia lhe dar como um aviso por sua intromissão. Max havia se metido em algo perigoso e incontrolável. Ele sabia dos riscos, mas só queria proteger seu pai e sua família.

Ele crescera à sombra de um pai perfeito e brilhante, com uma família invejada e poderosa, cujo dinheiro fora feito através de favores para Livia e Hector. James, seu pai, sempre se gabou de suas conquistas e do seu único filho, um futuro prodígio. Mas tudo aquilo era pura fantasia, uma ilusão que Max viveu durante muitos anos. Ele nunca imaginou que seu bom e velho pai estivesse acobertando crimes. A descoberta o abalou, mas ainda assim, ele tentou fazer o que era certo. Ele não poderia ficar parado esperando que algo acontecesse. Era a vida de seu pai e de sua mãe que estavam em jogo.

Ele se preparou, tentou ser honrado e esperou, mas não obteve sucesso. Ao invés disso, ficou preso a Livia e Hector, que pareciam se divertir com a situação. Ele havia traçado um plano, um plano que deu terrivelmente errado e acabou levando-o até ali.

- Você não deveria ter se metido nisso! – Fora a frase que seu pai lhe disse.

Não havia para onde escapar, a não ser que ele pudesse revidar. Ele deveria poder negociar com Livia e Hector de igual para igual, no entanto, o que isso faria dele? Não havia nada que pudesse provar os crimes ocorridos na EclatCare, tudo fora abafado pela mídia ou resolvido por bons advogados. Seu pai ainda estava prestando serviços para a empresa e ele não podia fazer nada, pois isso colocaria a vida dele e de sua mãe em risco.

O desespero de Max crescia conforme ele mantinha-se guardando os segredos que não eram dele e que eram uma ameaça constante pairando sobre sua família. Ele não poderia viver para sempre fingindo que seu pai era um homem íntegro, mas também não poderia entregá-lo à polícia deixando sua vida à mercê de Livia e Hector. Max não sabia o que fazer, mas mesmo assim decidiu ajudar Louise, talvez por causa do peso na consciência, ou o fato de se sentir culpado por tudo que aconteceu a ela. Ele a tornou sua responsabilidade, mas Louise era mais. Ela era algo brilhante e vivo. Algo que ele nunca mais vira depois de sair da casa dos pais. Algo que ele nunca pensou desejar tanto para si.

Ele não era sentimental e nunca pensou em ser. Mas quando olhou nos olhos de Louise ao chegar em sua casa e se deparou com aquela onda feroz de sentimentos. Ele só queria ampará-la.

- Eu achei que algo tinha acontecido! – Revelou ela, em meio aos soluços. – Por que não me atendeu? Por que não me respondeu? Sabe como eu estava preocupada?

Max tentou se aproximar, mas ela deu a volta desviando dele com nervosismo. Ele a seguiu preocupado, pisoteando caquinhos de vidro com suas botas.

- Eu pensei que algo tivesse acontecido; eu pensei que você estivesse morrendo... Eu não ia poder te salvar; eu não iria conseguir te salvar. Eu...

- Nada aconteceu comigo, Louise! Acalme-se! – Pediu ele, chegando até ela e segurando-a pelos ombros. – Eu estou aqui, estou bem! Apenas se acalme.

- Não deveria ficar perto de mim! – Avisou ela, com um suspiro choroso. – Max, eu não quero que se machuque! Eu não posso ver você se machucar!

O mundo pareceu parar e Max enrijeceu. Algo naquela declaração atingiu sua mente. Louise o abraçou como se precisasse dele e Max cedeu aos seus instintos mais íntimos. Ele a amparou em seus braços enquanto lágrimas tomavam seu rosto e ela deixava toda dor escapar deixando totalmente visível o ferimento que fora causado nela. Quando enfim as lágrimas secaram, Max não queria solta-la.

- Max!? – Chamou ela. – Está me afogando! – Disse com um fio de voz.

Ele sorriu e a ergueu repentinamente fazendo-a soltar um guincho de surpresa. Ele a carregou até o sofá e a colocou ali com carinho ficando a frente dela de joelhos.

- Como se sente agora? – Pediu encarando-a.

Ela piscou confusa com a pergunta.

- Me sinto como uma tonta!

- Uma tonta chorona então! – Brincou. – Desculpe! – Pediu. – Eu não deveria ter saído sem dar notícias, eu sou um idiota as vezes.

- Você é sempre um idiota Max! – Lembrou ela com um sorriso fraco.

Max sorriu com um suspiro; era bom vê-la voltando ao normal.

- Eu sinto muito! Queria ter caramelos para te dar agora - disse ele.

Louise o encarou por um segundo e então sua mão se ergueu e tocou seu rosto. Max não esperava ficar tenso com o toque, mas o gesto inflamou algo em seu corpo.

- Você está com febre novamente? – perguntou ela. – O que você fez com meu antigo vizinho irritante?

- Sua diabinha! – murmurou ele, apertando suas bochechas. – Posso colocar tinta no seu shampoo se quiser!

Ela sorriu com calma.

- Obrigada! – disse, antes de se abaixar e deixar seus lábios tocarem o rosto de Max com um gesto de gratidão.

Ele recebeu o beijo com visível surpresa e uma tensão emocionante em sua pele. Ela se moveu para se recostar no sofá, mas Max a impediu. Ele tomou seu rosto entre as mãos e a observou por um tempo.

- Não preciso que me agradeça! Só quero que fique bem e segura!

- Você não tem que fazer isso por mim, Maxwell. – lembrou ela. – Nossas famílias são amigas há décadas, fomos vizinhos, crescemos juntos, mas você não me deve nada!

- Louise, não vou ter essa conversa novamente, eu prometi a sua...

- Não! – interrompeu ela. – Você não precisava fazer essa promessa e nem precisa cumpri-la. Não quero você correndo perigo por minha causa!

Max apertou os dedos ao redor do rosto dela e a trouxe para perto. A verdade era que ela estava correndo perigo por estar perto dele. Mas ele não conseguia dizer a ela para partir.

- Não vou deixar você! – avisou ele.

Ela ficou séria por um momento e então seus olhos azuis pousaram em seus lábios e se ergueram com um brilho atraente.

- Você quer me beijar, Max? – Perguntou ela.

Max quase tremeu. Ele umedeceu os lábios e inspirou o ar frio. Aquela mulher estava testando seus sentidos.

- Você quer que eu a beije, Louise?

Ela não respondeu, e Max cedeu àquela loucura momentânea. Max olhou nos olhos de Louise, capturado pela intensidade do momento. Ele podia sentir a atração palpável entre eles, uma força irresistível que os unia. Ele não hesitou. Lentamente, ele inclinou a cabeça para frente, seus lábios buscando os dela em um beijo que chocou a ambos. Ele a tomou para si e quando seus lábios tocaram os dela, a sensação gloriosa e o frenesi romperam seu corpo. O desejo antes guardado tão bem escondido aflorou, e Max perdeu qualquer raciocínio que pudesse ter. Ele a abraçou e se ergueu sobre ela, fazendo-a se recostar no sofá. Suas mãos traçaram uma tortuosa linha de seus ombros até sua cintura, onde ele pressionou os dedos levemente. Ela arfou, e Maxwell sorriu sobre a pele de seu pescoço. Por instinto, ele a girou sobre o sofá, seu corpo cobrindo o dela como um alento, enquanto suas mãos traçavam um caminho novo de sua cintura até seu quadril e sua perna. Ele prendeu seu joelho com a mão, enquanto sua boca lidava com a dela com uma nova urgência. Ele sentiu quando seu casaco deslizou sobre seus ombros e quando as mãos dela invadiram sua camisa, puxando-a para cima. O toque dela em sua pele eletrizou seu corpo e qualquer autocontrole foi perdido. Ele não poderia parar, até tê-la, pelo menos uma única vez.

Uma noite de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora