Capítulo 15

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Sete horas haviam se passado. Maxwell estava à beira da loucura. Quando Davi, seu motorista e segurança, entrou em seu escritório avisando que Louise tinha saído da casa em seu carro, o primeiro pensamento foi que ele iria esganá-la. Ela havia roubado as chaves de seu quarto e saído em seu carro preferido sozinha. Max tentou se concentrar em outras coisas, tentou ler, beber, meditou sozinho, sentado em sua cadeira acolchoada e gloriosamente confortável, mas o sentimento não passou. Louise não tinha ideia de como era perigoso para ela sair completamente sozinha, mesmo em outra cidade. E somente a ideia de que algo poderia dar errado o estava deixando inquieto. Era difícil lidar com ela, isso ele sabia. Mas ao pensar nas várias maneiras que Livia e Hector planejaram matá-la, ele se sentia um tolo. Ele havia se afastado da EclatCare depois de anonimamente comprar ações da empresa. Ações que o tornaram sócio. Ele agora podia negociar com os dois sem se preocupar com danos. Eles ameaçaram seu pai, mas também o ameaçaram. Isso significava que, se algo acontecesse a um dos dois, o outro imediatamente entregaria todos os crimes à mídia de uma forma muito chamativa. Como sócio, tudo na empresa também precisaria passar por ele, e assim ele teria tempo para achar uma maneira de fazê-los pagar sem que seu pai ou sua família sofressem.

Mas Louise era um problema. Ela estava presente no assassinato de Samuel, havia visto as imagens nas câmeras de segurança, imagens que comprovavam o envolvimento de um funcionário de confiança de Livia. Ela tinha descoberto as impressões digitais daquele funcionário que desapareceu logo depois do crime e ela sobreviveu a uma tentativa de assassinato. Louise era o maior perigo para a EclatCare e Livia sabia disso, por isso ela colocou um alvo nas costas de Louise, um alvo que Max estava tentando esconder. Mas naquele momento, ele não estava preocupado somente com as ações de Livia. Ele não deveria se importar, afinal Louise era apenas uma responsabilidade sua. Mas quando Cristian o informou por mensagem que estava com ela e que ambos sairiam juntos ele não conseguiu evitar a sensação de desconforto. Era ridículo o estado em que ele se encontrava. Pois Louise não era nada para ele. Nada além de uma vizinha que o importunava. Uma criança que ele não gostava. Uma adolescente que o infernizava. Max sentia uma sensação irritante de descontrole. "Ela está segura com Cristian." Ele dizia a si mesmo, mas isso não estava melhorando seu humor. Ele sabia reconhecer um interesse masculino, e o que ele viu no melhor amigo estava além. Cristian tinha olhado para ela com fulgor, intensidade e desejo e aquilo fora chocante e infinitamente desconfortável.

De dentro de seu pequeno escritório, Max ouviu um som familiar que o despertou de seus pensamentos: o riso claro e suave de Louise. Algo que ele já tinha escutado milhões de vezes em sua casa quando era mais jovem. Ele se levantou da cadeira com um solavanco e, impulsivamente, saiu de seu escritório, atravessou o corredor, passou pela cozinha e chegou à sala com notável rapidez. Ele não pretendia interromper nada, mas o que viu o deixou paralisado e um pouco mais irritado do que já estava. Cristian estava fazendo um afago no rosto de Louise, e o modo como ele olhava para ela fez Max cerrar os punhos e inspirar o ar com força.

- Hora! Achei que ambos iriam fugir para aproveitar uma noitada daquelas. – Insinuou, interrompendo-os.

Cristian se virou na direção de Max com uma rapidez impressionante, e devagar ele se afastou de Louise como se aquela proximidade estivesse queimando-o.

- Boa noite, Max! – Cumprimentou ele desconcertado. – Trouxe-a de volta! Em segurança.

- Não fugimos! – Comentou Louise. – Mas ele é metade escocês, em muitos livros casais fogem para Escócia a fim de se casar sem os proclamas e burocracias.

Max não gostou daquele comentário. Algo no sorriso de Louise estava provocando nele uma sensação de raiva que ele desconhecia.

- Infelizmente vou me despedir agora! Foi maravilhoso. Você é maravilhosa! – Comentou Cristian com certa intimidade. - Fique em segurança, Louise.

Uma noite de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora