Capítulo 22

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Ela sentiu seu coração se partir, como se estivesse se despedaçando.

- Charles está morto! – Informou Max com seriedade.

Louise sentiu um zumbido nas orelhas e quase perdeu os sentidos. Ela quase não teve forças para aguentar sem desabar em frente a Maxwell, que não tirava os olhos dela. Ela encolheu as pernas e colocou a cabeça entre elas, sentindo os soluços dificultarem sua respiração. Charles era seu amigo, apesar de seu relacionamento não ter sido algo duradouro, eles sempre foram parceiros. Louise esfregou o rosto querendo gritar. Ela soluçou, gemeu e chorou com uma dor angustiante em seu peito. Perdera seu amigo e se decepcionou com o homem por quem estava se apaixonando. Uma onda renovada de emoções a atacou e ela sentiu sua consciência se esvaindo. Não sabia quanto tempo havia se passado, mas não conseguiu parar de chorar desde que Max deixara o cômodo. Não era a primeira vez que ela lidava com a morte, mas algumas delas eram dolorosas. Ela soluçou novamente e seus olhos ficaram embaçados de lágrimas. Quando percebeu, seu corpo parecia dormente, as imagens embaçadas ficaram desfocadas e começaram a desaparecer, e devagar ela se afundou no silêncio da escuridão.

Quando seus olhos se abriram novamente, ela estava em seu quarto, deitada sobre lençóis macios. Louise piscou lentamente e inspirou o ar, tentando recuperar sua consciência. Com dificuldade, ela se remexeu e se sentou antes de recuar diante da figura masculina que a encarava aos pés da sua cama.

- O que você está fazendo aqui? – Perguntou ela quase sem forças, sentindo vontade de chorar novamente.

- Por favor! Se acalme! Eu... Fiquei preocupado... – Revelou ele sem jeito. – Você perdeu a consciência, e eu a trouxe para cá, mas já faziam quase duas horas. Nossas mães estavam enlouquecidas.

Louise o encarou.

- A médica aqui sou eu, Maxwell. Agora saia, vou arrumar minhas coisas.

- Louise, eu não deveria ter mentido ou omitido nada, eu te peço desculpas. – Anunciou ele.

- Não acredito em você! – Declarou. - Nem no que me diz, eu só quero ir embora daqui, para longe de você!

Ela percebeu quando o maxilar dele se tensionou.

- Reconsidere isso! – Pediu. - Você pode ter tudo aqui, Louise.

- Acha que quero seu dinheiro? – Perguntou abismada.

- É claro que não! – Esclareceu. – Que coisa absurda é essa que está pensando? – Perguntou com um suspiro exasperado. – Já tem para onde ir? Posso te arrumar um apartamento ou uma casa se preferir.

- Não precisa! Eu tenho para onde ir. – Respondeu seca.

Louise o observou por um tempo. Não poderia enganar a si mesma, estava tendo sentimentos por ele. Seu vizinho irritante que ela nunca suportou. O homem com quem ela se deitou poucas horas antes. Ela não poderia confiar nele. Não depois daquela omissão de algo tão importante.

- Só me deixe ir, Maxwell! Já chega de tudo isso. Nós sabíamos que não éramos bons juntos.

Max a fitou por uns segundos antes de se levantar. Ele parecia querer dizer algo, porém se conteve, quando falou não havia nenhuma emoção em sua voz.

- Sua mãe e a minha já arrumaram e organizaram parte de suas coisas. Não estarei aqui quando sair, então...

Louise assentiu, aquilo a magoara. Mas ela sabia que era melhor, mesmo assim ouvir aquelas palavras era doloroso.

- Não se preocupe, não vou incomodá-lo.

Ela viu quando ele fechou os punhos e assentiu, mas não se virou. Apenas seguiu até a porta e saiu do quarto em silêncio.

Louise passou alguns minutos imersa em tristeza, mas então, com leves tapinhas em suas bochechas, ela se levantou rapidamente e foi até o celular, iniciando uma chamada para a única pessoa que poderia ajudá-la. Após vários e vários toques, uma mulher atendeu a ligação com uma exclamação.

- Eu imaginei que iria me ligar. Eu estou a caminho daí. – Informou a mulher.

Louise engoliu o choro para responder.

- Helene... Está tudo horrível! – Revelou com a voz fraca. – Eu preciso de você e preciso do seu apartamento vazio.

Helene bufou.

- Louise, chore quanto for necessário, mas não deixe a dor tomar você! Vamos dar um jeito nisso!

- Você sabe como aconteceu? – Perguntou.

- Louise, Não!... Você não vai se meter nisso.

- Helene, ele morreu por minha causa, ele estava no meu caso. – Explicou ela.

A linha ficou muda por uns segundos.

- Não foi sua culpa, Louise! Ele chegou perto demais de criminosos perigosos, e isso é nosso trabalho. Sabemos dos riscos! – Lembrou Helene de forma solene. – Pare de se culpar e não me peça para te ajudar, não vou colocar você em perigo novamente. Te verei em breve!

Louise inspirou e secou algumas lágrimas de seu rosto.

- Te verei em breve! – Murmurou ela encerrando a ligação e usando o dorso da mão para limpar seu rosto que estava novamente coberto por lágrimas.

Louise sabia por instinto que algo estava acontecendo. Charles fora silenciado por chegar até provas incriminatórias, e agora ela iria atrás delas. Ela juntou suas coisas com pressa e conferiu em sua bolsa um pen drive pequeno escondido dentro de um chaveiro do ursinho pooh. Havia feito cópias das pastas de Maxwell e iria analisar cada arquivo minuciosamente.

- Chaveiro horroroso! – Comentou ela carrancuda ao devolver o objeto à sua bolsa.

Fora desagradável a saída daquela casa. Ela observou a frente daquela construção enorme com tristeza. Iria para um apartamento de Helene que ficava na cidade. Um lugar confortável e silencioso onde ela focaria seu tempo em achar as provas que Charles encontrou. Com um suspiro cansado depois de se despedir da mãe e de Abigail, ela parou na calçada completamente derrotada. O motorista e segurança de Maxwell, Davi, a ajudou com quase tudo e apenas acenou quando ela entrou em um táxi e partiu. Em menos de um mês, ela já tinha se mudado três vezes e sua vida estava longe de parecer normal. Ela sabia que era arriscado mexer com Livia e Hector, porém, ela não se importava mais com o que pudesse acontecer a ela, desde que ela pudesse fazê-los pagar, desde que ela pudesse proteger as pessoas que amava.

Uma noite de InvernoOnde histórias criam vida. Descubra agora